segunda-feira, 26 de abril de 2010

Resumo Didática - Aula 14 a 27 - 2° semestre de 2009

RESUMO DIDÁTICA – PEDAGOGIA – 2º PERÍODO

RESUMO A PARTIR DA BIBLIOGRAFIA:
SANTOS, ANA LUCIA CARDOSO DOS. DIDÁTICA V. 2/ ANA LÚCIA CARDOSO DOS SANTOS. - 3. ED. RIO DE JANEIRO: FUNDAÇÃO CECIERJ, 2009.

AULA 14: “Objetivos Educacionais no contexto atual da prática escolar”

OBJETIVOS:

Reconhecer a importância dos objetivos de ensino para a prática educacional;

Identificar as características dos objetivos de ensino no contexto atual;

Elaborar objetivos de ensino em diferentes níveis.

O ensino é uma forma de se educar, uma maneira sistemática de se possibilitar que a aprendizagem ocorra. É uma ação deliberada, planejada, organizada, tendo em vista algumas aprendizagens, alguns objetivos.

Objetivo é a especificação do que estamos querendo conseguir como resultado da atividade que vamos proporcionar ao aluno. Portanto, os objetivos educacionais são os resultados desejados e previstos para a ação educativa. A formulação dos objetivos ajuda o professor a se dar conta do que será importante para o aluno aprender em relação aos conteúdos estudados.

Os objetivos são traçados em diferentes níveis. Os amplos são chamados gerais. São aqueles que vão ser alcançados a longo prazo, como ao final do Ensino Fundamental ou ao final de uma série, ou, ainda ao final de uma disciplina. Os objetivos específicos são para o curto prazo e, também, são chamados imediatos.

A classificação dos objetivos segundo Bloom:

Domínio cognitivo – ligado a conhecimentos, informações, possibilitando desenvolver nos alunos habilidades de pensamento, como a memorização, a compreensão, a aplicação e outras mais complexas;

Domínio afetivo – relacionado a sentimentos, emoções, possibilitando desenvolver nos alunos habilidades de sentir, de amar, de ouvir o outro, de respeitar opiniões;

Domínio psicomotor – enfatiza a coordenação motora, possibilitando desenvolver nos alunos habilidades de correr, saltar, nadar,...

AULA 15: “Os conteúdos necessários ao ato de ensinar”

OBJETIVOS:

Identificar os elementos dos conteúdos de ensino em diferentes situações de aprendizagem;

Sintetizar informações sobre questões relacionadas à seleção e organização de conteúdos;

Posicionar-se sobre a forma de organização de conteúdos, por temas ou projetos, no currículo.



Conteúdo é “tudo aquilo que é passível de integrar um programa educativo com vistas à formação das novas gerações”.

Os conteúdos conceituais são aqueles referentes a conceitos, fatos, fenômenos, princípios, teorias das ciências para explicar o cotidiano.

Os conteúdos procedimentais são os que se relacionam às habilidades que serão desenvolvidas nos alunos e que funcionarão como instrumentos necessários ao processo de construção de conhecimentos.

Os conteúdos atitudinais envolvem as atitudes e convicções. Estão ligados à formação de valores que orientarão a conduta dos alunos.

No eixo vertical, os conteúdos devem seguir uma seqüência e continuidade nos anos subseqüentes.

No eixo horizontal, a relação estabelecida é aquela que é feita em um mesmo ano, mas em áreas ou disciplinas diferentes.

AULA 16: “Organizando o ensino: entre método e técnica ou procedimentos?”

OBJETIVOS:

Reconhecer a importância do conhecimento na sociedade dos nossos dias;

Explicar o significado dos termos: método, técnica e procedimentos.

O avanço científico e tecnológico transformou a sociedade atual na sociedade do conhecimento, cuja produção e transformação desse conhecimento se dá em escala geométrica, exigindo uma constante busca do saber por parte de todos.

A educação deixou de ser preocupação somente da escola para estar inserida entre as atividades de diferentes agências sociais que, somadas às influências das tecnologias, contribuem para um novo redimensionamento do tempo e do espaço, justificado pela forma como se aprende e veicula o conhecimento.

O método não pode ser imposto ao aluno, e sim criado por ele no convívio do trabalho educativo com o educador. São eles: dedutivo (é aquele que vai do geral para o particular); indutivo (vai do particular para o geral) e analógico (faz a integração dos dois).

As técnicas representam maneiras particulares de organizar o ensino a fim de provocar a atividade do aluno, no processo de aprendizagem. São considerados três tipos: expositiva ou de comunicação (visam à transmissão de uma mensagem codificada, seja por palavras ou símbolos visuais ou sonoros); interrogativa (implicam numa comunicação e aprofundamento dialogado de idéias); de pesquisa ou experimentação (compreendem o estudo, análise, síntese e comunicação dos resultados).

Tantos os métodos como as técnicas precisam ser encarados não como fim e sim como meios auxiliares para o desenvolvimento das atividades, não desconsiderando a situação concreta da sala de aula.

AULA 17: “Principais métodos de ensino: revendo conceitos e atualidade”

OBJETIVOS:

Conceituar método de ensino;

Reconhecer os principais métodos de ensino mais utilizados no Ensino Fundamental;

Identificar as possibilidades de aplicação dos métodos estudados na prática cotidiana.



Agir com método significa um desafio para o professor que deverá seguir determinados critérios com organicidade e disciplina, tendo em vista os objetivos pretendidos.

O Método de Projetos consiste numa unidade de atividades de ensino, com vistas à solução de um problema concreto, com atividades individuais ou em grupo.

O Método Centro de Interesse atende aos interesses dos alunos, desenvolvendo o senso de observação, a capacidade de fazer relações, contextualiza melhor o assunto, torna a prática mais dinâmica e criativa, contemplando tudo que o ensino progressista defende atualmente.

O Método das Unidades de Experiência consiste em organizar e desenvolver uma unidade didática do programa de uma disciplina, de forma globalizada, integrando os conteúdos de várias outras em torno dessa unidade.

As novas tecnologias redimensionam o tempo e o espaço educacionais não só quando tiram da escola o privilégio de ser a única responsável pela educação intencional e sistemática, mas, também, quando alteram o próprio espaço e tempo da sala de aula.

AULA 18: “A linguagem oral influenciando os modos de se conduzir o ensino”

OBJETIVOS:

Reconhecer diferentes alternativas metodológicas no ensino em que prevalece a oralidade;

Aplicar diferentes procedimentos de ensino no seu cotidiano escolar.



Na aula expositiva dialógica, o professor começa considerando as experiências que os alunos dispõem sobre o tem a ser estudado. Uma forma de se desencadear um diálogo é problematizando situações, fatos, idéias, fenômenos, a partir de alternativas que levem à compreensão do problema em si, de suas implicações e de caminhos para sua solução.

Algumas formas de desenvolvimento da linguagem oral, nas quais o professor não se torna o centro:

Trabalho de grupo; Discussão circular; Grupo de verbalização e de observação (GV e GO); Tempestade de idéias; Phillips 66; Cochicho; Painel integrado; Aulinha; Dramatização; Excursão; Estudo de caso; Ataque e defesa; Júri simulado; Mesa redonda.

AULA 19: “A escrita influenciando os procedimentos de ensino do professor”

OBJETIVOS:

Reconhecer os procedimentos de ensino em que há o predomínio da escrita;

Comparar os procedimentos estudados nesta aula com os da última aula.



A escola tradicional utilizava muito a exposição oral, de forma dogmática, mas contemplava as exposições com trabalhos de fixação da aprendizagem, escritos e individuais, também em atividades para casa.

O estudo de texto é uma técnica que possibilita ao aluno realizar o seu estudo, operando mentalmente, o que seria uma preparação para o estudo dirigido.

O estudo dirigido consiste em fazer com que o aluno estude um assunto a partir de um roteiro previamente elaborado pelo professor.

O trabalho independente pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do objetivo, de modo que os alunos possam aplicar conhecimento e habilidades sem a orientação direta do professor.

AULA 20: “O avanço do conhecimento e o desenvolvimento tecnológico”

OBJETIVOS:

Explicar as modificações sofridas no processo ensino-aprendizagem nos últimos anos;

Avaliar a relação das novas tecnologias com o trabalho do professor em sala de aula;



O avanço tecnológico e o avanço do conhecimento resgataram o “aprender a aprender”, e diante dessa situação, percebemos algumas aprendizagens como necessárias, sendo fundamental o desenvolvimento de habilidades de pensamento, levando sempre o aluno a buscar novas aprendizagens.

A tecnologia digital nos proporciona uma forma de obtenção dos conhecimentos de forma descontínua, não-linear e em tempo e espaço diverso dos atuais. De qualquer modo, com ou sem as tecnologias, o professor não pode mais se posicionar como o dono do saber.

AULAS 21 E 22: Atividades de Avaliação

AULA 23: “Currículo: algumas considerações”

OBJETIVOS:

Conceituar currículo a partir de suas possibilidades críticas atuais;

Identificar as diferentes tendências da Pedagogia Crítica sobre o currículo no Brasil;

Avaliar as práticas com o currículo, a partir do trabalho com o conhecimento dos conteúdos no cotidiano escolar;

Analisar as diferentes posturas profissionais necessárias a uma prática interdisciplinar na escola.

As questões culturais apresentam importantes contribuições quando analisadas a partir do trabalho com o currículo no cotidiano escolar. Essas interfaces estão ligadas, dentre outros aspectos, a diferentes práticas ligadas aos conteúdos escolares.

Os conteúdos são conhecimentos que estão inseridos em diferentes campos do saber e abrangem conceitos, fatos, leis, princípios, teorias e generalizações que são acumuladas pela experiência humana em um determinado domínio especifico de atividade.

Falamos de currículo quando selecionamos atividades e sistematizamos os conhecimentos em conteúdos disciplinares, em séries ou em ciclos numa grade curricular, ou quando pensamos em conteúdos de programa da matéria. Dessa forma, no currículo em ação, interagem o planejado e o inesperado e, é nesta interação complexa e contraditória que se dá a construção do conhecimento.

A prática docente interdisciplinar sugere cinco princípios básicos: humildade, coerência, espera, respeito e desapego. Esta prática na escola exige um novo olhar sobre a sua integração. Nessa visão, outras relações se estabelecem onde outros poderes surgem a partir da constatação das diferentes forças e intenções do grupo.

Os estudos sobre as questões que envolvem o currículo dividem as opiniões dos intelectuais da chamada Pedagogia Crítica em nosso país em duas tendências distintas, com pontos de vista específicos em relação ao currículo escolar e sua relação com a cultura do aluno e a cultura mais geral acumulada.

A primeira corrente, a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos (SAVIANI, D; LIBÂNEO, J.C.; dentre outros) defende a necessidade de a escola socializar, para todos, os conhecimentos cumulados historicamente pela humanidade, popularizando o acesso ao conhecimento científico, numa forma mais generalista.

A segunda corrente, a Pedagogia Libertadora de Educação Popular (FREIRE, P, dentre outros) defende a necessidade de a escola trabalhar com a cultura das camadas populares, valorizando a experiência do aluno, dando voz às culturas que são silenciadas pela escola e fortalecendo os grupos que são discriminados e oprimidos, numa proposta mais relativista.

Tanto a corrente da Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, como a Pedagogia Libertadora de Educação Popular são dialéticas, pois não desvinculam o conhecimento que pretendem trabalhar, da realidade. Defendem a democratização do conhecimento e a necessidade de dialogar sempre com o aluno, porém divergem na forma introdutória de mediar essa orientação. A primeira parte do conhecimento acumulado pela humanidade, que são aqueles fundamentais, para dar conta da compreensão da realidade e da capacitação dos alunos para a realidade, visando a sua transformação. A segunda parte da realidade para o conhecimento, isto é, da percepção e análise dos problemas e contradições do contexto do aluno, para então eleger temas curriculares capazes de elevar o seu nível de conscientização, possibilitando assim a sua compreensão e transformação.

Santomé (2000), quando questionado sobre o que significa o currículo oculto, comenta que alguns professores preocupam-se exclusivamente em ensinar a sua área de conhecimento e, dentro dela, aquilo que consideram mais importante, esquecendo-se daquilo que ensinam e que, muitas vezes, não sabem que o fazem.

O currículo oculto pretende demonstrar que, além das matérias propriamente ditas, os professores estão a ensinar mais que isso. Mas é oculto porque não temos consciência do que realmente estamos a ensinar, que não estamos a fazê-lo de forma refletida (p. 11).

Outro aspecto desconsiderado pela escola é o “currículo nulo”, isto é, são os saberes que os alunos não têm a oportunidade de aprender sob a responsabilidade da escola (MCCUTCHEON, 1988, citado por MOREIRA, 1994). Sabemos das dificuldades de alguns professores em identificar os conhecimentos conceituais de sua disciplina; reconhecer o mínimo indispensável para a formação do aluno numa determinada série ou ciclo.

Ao contrário de perspectivas tradicionais, onde as questões curriculares são alvos de decisões de especialistas, renomados pesquisadores dentro e fora do país consideram importante avançar, deliberando para os professores a tomada de decisão sobre o planejamento, o acompanhamento e a ação curricular na escola. Estas decisões devem a priori estar pautadas na confiança, seriedade, responsabilidade e comprometimento dos mesmos, caso contrário, serão inviáveis.

AULA 24: “Planejamento e Projeto Político-Pedagógico: desafios para a construção do conhecimento na escola”

OBJETIVOS:

Reconhecer os diferentes planejamentos na escola;

Identificar a importância do planejamento para professores, ensino e escola.

Planejar é uma atividade humana e cotidiana. O planejamento escolar é um processo de reflexão sobre os desafios do cotidiano, inclusive os da sala de aula, tendo em vista o comprometimento com a transformação da prática.

O planejamento escolar é um processo de reflexão sobre os desafios do cotidiano, inclusive os da sala de aula, tendo em vista o comprometimento com a transformação da prática. Porém, nem sempre encontramos, na educação, professores estimulados a fazer planos. Por vezes, encontramos profissionais que desconsideram as possibilidades do planejamento para a prática escolar e que nem sempre sabem distinguir entre o planejamento que se quer daqueles que são feitos por fazer, entre o projeto proposto como superação das circunstâncias da prática e os que somente reproduzem a situação vigente.

O ato de planejar e de fazer planos/projetos ajuda-nos a rever a práxis. Dessa forma, nossas ações cotidianas passam a ter mais significado, imprimindo uma perspectiva de futuro e motivação real a nossos comportamentos.

O Projeto Político-Pedagógico como o plano global da instituição ou o projeto educativo, um instrumento teórico-metodológico, cuja finalidade é contribuir para a organização do conhecimento escolar. Sua construção deve articular todos os partícipes da realidade escolar (corpo docente, discente, comunidade), de forma que estes pensem, com base na própria realidade, sobre a singularidade e autonomia das ações desenvolvidas e a maneira de operacionalizá-las de forma mais política, crítica e criativa.

Demo (1993), ao se referir ao projeto político-pedagógico, afirma que este “não pode gerar um tipo de “saber oficial”, que se enrijece passando a exigir fidelidade, em vez de competência”. O autor acredita que tão essencial quanto construir o projeto próprio, é: “... cultivá-lo como fonte de inspiração criativa e crítica, não como túmulo de idéias, autodefesa corporativista, libelo contra críticas e divergências” (p. 242).

Atualmente, nas escolas de Ensino Fundamental da rede pública, muito se tem falado sobre a importância do projeto pedagógico. Este, a nosso ver, carece de algumas reflexões (...) e denuncia (...) a grande maioria das escolas organiza o denominado projeto pedagógico apenas pela etapa da programação do planejamento pela obrigação de fazê-lo, embora o apresentem como se fosse o próprio Projeto Político Pedagógico ou Plano Global da Escola. Neste caso, mais que enfatizar o operacional, na sua formalidade e produto (na etapa de confecção do plano), precisam reconhecer a importância do planejamento educativo como desmembramento de um projeto político, mais abrangente e mais complexo (SANTOS, 1997, p. 99).

A Lei 9.394/96 normatiza a esse respeito quando destaca a responsabilidade da escola atual na execução de sua proposta pedagógica. Em relação aos docentes, faz outras referências sobre a sua participação na elaboração e no cumprimento dos planos de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento (Projeto Político-Pedagógico – PPP) e sobre a sua participação integral nos períodos dedicados ao planejamento.

O Projeto Político-Pedagógico, quando assumido nas escolas, atende aos proclames da lei em relação à descentralização e à autonomia que esta confere a elas e a seus respectivos sistemas de ensino, o que representa, internamente, assumir a responsabilidade coletiva sobre suas intenções e ações, num grande exercício de participação individual, coletiva e de poder.

AULA 25: “Planejamento entre determinações e participações na educação escolar”

OBJETIVOS:

Analisar criticamente o planejamento a partir das influências deterministas e de participação nas escolas.



Dos ministérios e secretarias de educação às escolas e às salas de aulas é preciso planejar a ação para essa travessia com seriedade. É preciso, ainda, aprender a refletir sobre os fins e os valores que devem orientar nossa educação e, por conseguinte, o planejamento, numa nova “forma de fazer história, não voluntariamente, mas sim, pela práxis revolucionária”, como assevera Gramsci (1981, p. 254).

Em nosso país, a história do planejamento escolar esteve, a princípio, atrelada à idéia de praticidade, onde os professores se organizavam a partir de apontamentos, sem grande preocupação formal, feito em fichas, folhas, cadernos e nos diários de classe, num enfoque tradicional. Depois, lá pelos finais de 1960, o planejamento ganha força, visto a importância que se atribuía ao controle do comportamento dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, como era proposto pelas teorias comportamentalistas e que se perpetuaram na corrente tecnicista, anos mais tarde. Esta última corrente atribuía aos meios tecnológicos (inclusive ao planejamento) e aos especialistas, entre outros, a responsabilidade sobre a eficácia e a eficiência do processo de ensino-aprendizagem escolar.

Para Demo (2001), são três os componentes básicos do planejamento participativo que tentamos aqui resumir:

a) Formação da consciência crítica e autocrítica na comunidade (fase de auto-diagnóstico), onde a comunidade forma um posicionamento crítico diante da realidade;

b) Formulação de estratégia concreta de enfrentamento dos problemas (partem para ação) destacando prioridades, caminhos alternativos;

c) Necessidade de organização (estratégia fundamental dos compromissos democráticos do grupo) para emergir, revestir-se da capacidade de mudar a seu favor.

Buscando ampliar as reflexões sobre as etapas do planejamento, comumente tratadas na literatura da área, como a de elaboração, execução e avaliação, denominamos algumas outras que consideramos importantes para a organização de qualquer planejamento, a saber:

– Diagnóstico (sondagem da realidade como um todo e sua interpretação) – conhecimento do mundo, da escola, do professor, da turma, dos alunos, da disciplina, dos recursos, entre outros. Nesta fase é fundamental fazer um exercício de olhar, tanto macro quanto micro, sobre a realidade em seus aspectos negativos e positivos.

– Intencionalidade e representação da e para a ação (idealização, a busca de uma finalidade e a sistematização teórica, previsão do que se pretende fazer e alcançar num nível mais geral e amplo de elaboração). Esta etapa exige tanto o envolvimento, sensibilização das pessoas, compromisso, estabelecimento de bom clima de trabalho, quanto a construção de relações entre objetivos-conteúdos-metodologia, seleção e previsão de recursos, bem como os mecanismos para avaliar. Nesta fase, é preciso fomentar o desejo daqueles que planejam numa quase ação. Dependendo da amplitude do trabalho, num plano ou num projeto, a construção de suas partes vai variar segundo o que se considera importante em virtude da realidade percebida e da vontade de superação.

– Realização prática (refere-se à ação concreta, muito embora passível de adaptações e alterações mediante as circunstâncias apontadas pelo diagnóstico, pela intencionalidade da ação, tendo em vista o acompanhamento, seja em planos ou projetos). Esta fase envolve colocar o plano ou projeto em prática, levando em consideração o empenho ativo e criativo dos profissionais na realização e implementação das idéias previstas na intencionalidade e que foram orientadas pelo diagnóstico.

– Acompanhamento (refere-se à avaliação de todas as etapas do planejamento, isto é, no sentido de controlar desvios, verificar a coerência das ações, intensificar medidas, verificar os erros, reformular propostas). Esta etapa é imprescindível a todas as fases do processo, visto que regula e dinamiza o trabalho, objetivando a garantia dos resultados. Para isso é preciso estabelecer critérios claros e válidos que devem decorrer da própria situação concreta e dos valores envolvidos. É importante lembrar que todas essas etapas se complementam, daí a importância de o planejamento, além de ter clareza e objetividade fortalecer a unidade e a coerência entre suas etapas, de forma que os discursos proferidos na fase de diagnóstico e intencionalidade da ação estejam coerentes com a realização prática que será feita, visto o acompanhamento avaliativo proposto.

Planejamento Educacional: Encontramos este tipo de planejamento em nível federal, podendo em menor escala atender a outros níveis de governo, como o estadual e municipal. Considera-se o planejamento em nível federal o tipo de maior abrangência, visto que reflete as políticas educacionais para todo o país, no que se refere a normatizações legais (Leis, Pareceres, Resoluções), aponta diretrizes curriculares em nível nacional, como os Parâmetros Curriculares Nacionais para todos os níveis de ensino alocação, gerenciamento de recursos e atendimento à demanda.

Planejamento Curricular: Na atualidade, o programa curricular da maioria das escolas brasileiras se origina, basicamente, das propostas do governo federal, através das diretrizes dos PCNs. Alguns estados e prefeituras, porém, dispõem de seu Guia Curricular, elaborado pelas próprias Secretarias de Ensino e, em alguns casos, com participação de seus professores. O que nos chama atenção é que, muitas vezes, esses guias, que deveriam servir apenas como orientação para as escolas e professores, acabam funcionando como documento oficial, obrigatório, sem qualquer análise e criticidade por parte dos docentes. No nível micro, a escola também precisa se organizar em termos desse planejamento curricular, tendo em vista as experiências de aprendizagem que se propõe a oferecer para seus alunos e que deverão estar integradas nas diversas atividades e disciplinas curriculares. A escola deve buscar refletir sobre as diretrizes curriculares sugeridas em nível de governo e sobre a sua realidade, visto a sua proposta curricular e o que almeja no seu projeto educativo ou político-pedagógico. Este planejamento curricular não poderá desconsiderar o segmento de ensino que atende, bem como os diversos componentes curriculares.

Planejamento da Escola: Os projetos interdisciplinares visam a atender a troca e o enriquecimento nas áreas do conhecimento das disciplinas que compõem o programa escolar, tendo em vista a integração de fatos e conhecimentos de determinados temas e assuntos e a sua superação, importantes para a formação dos alunos e da escola. Os projetos pedagógicos, ou de aprendizagem, também são bastante encontrados. Estes são conduzidos por uma determinada disciplina e por um professor que parte de temáticas de interesse dos alunos ou da própria escola. Visa ao aprofundamento de um assunto e, conseqüentemente, à aprendizagem dos alunos. Além destes planejamentos, estas escolas também organizam diferentes planos para os seus diferentes setores, como os planos ligados ao setor da direção, da coordenação pedagógica, da sala de leitura e dos professores – nos planos de ensino.

Planejamento de Ensino: Este tipo de planejamento feito pelos professores nas escolas está relacionado ao setor específico do ensino. São os mais próximos da prática dos docentes e podemos encontrá-los subdivididos em Planos de Curso e de Aula. Outras adaptações feitas no Plano de Curso, como os Planos de Unidades, os Semanais e outros, fazem parte do ideário dos professores e podem ser encontrados nas escolas. O que varia é o âmbito e a duração da atividade planejada. É preciso lembrar que, para a maior coerência e organicidade dos Planos de Curso e de Aula, estes devem estar articulados entre si e com o Projeto Político-Pedagógico da escola. Esses planos devem ser assumidos como esquemas flexíveis para, verdadeiramente, servir ao professor, dando-lhe mais segurança na prática pedagógica.

AULA 26: “Plano de Curso: revendo conceitos e práticas no planejamento de ensino”

OBJETIVOS:

Analisar a validade dos planos de ensino tendo em vista a sua realidade profissional;

Identificar as principais etapas do plano de curso.

É um instrumento genérico e amplo de previsão das atividades de ensino de uma disciplina ou área de estudo, durante um período de um curso do professor, ano ou semestre. Para Vasconcellos (1996, p. 119), o plano de curso é “a sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade”.

O plano de curso, quando organizado com seriedade, facilita o enriquecimento profissional, pois firma um compromisso do professor com o aluno, com o currículo e com a escola. Além disso, dá maior segurança, principalmente aos professores novatos, além de auxiliar os docentes na melhor distribuição do conteúdo pelo tempo disponível e de prever situações e recursos. Muitas escolas do Ensino Fundamental utilizam esse tipo de plano, organizando-o por disciplinas e/ou séries e da forma coletiva ou individual. Algumas escolas optam por dividi-lo em unidades temáticas/didáticas e em bimestres ou trimestres do ano.

Elementos indispensáveis para a sua elaboração: Inicialmente, não podemos desconsiderar o conhecimento do mundo, do alunado. Esses conhecimentos são indispensáveis, pois darão suporte à organização do plano, a partir de seus elementos constitutivos que são: os Objetivos Gerais e Específicos, os Conteúdos, os Procedimentos (as estratégias Metodológicas, as Técnicas), como também os Recursos Didáticos e a Avaliação. Além destes, é preciso também levar em conta a apresentação deste tipo de plano. Para isso, deve-se considerar uma Justificativa e um Cabeçalho. Alguns planos também podem destacar o Número de Aulas ou o número de horas/aulas. Ao final do plano é sempre relevante sinalizar a Bibliografia utilizada (PCNS, livros didáticos, páginas eletrônicas, impressos e outros).

Quanto ao Cabeçalho, este poderá apresentar os dados básicos de identificação, como o nome da escola e do(s) professor (es), da turma(s), série(s), período, tempo das aulas, características das turmas, entre outras informações necessárias.

Em relação à Justificativa, Libâneo (1993) recomenda que esta deve considerar as funções sociais e pedagógicas da educação escolar na nossa sociedade, apresentando a importância e o papel da matéria de ensino para o desenvolvimento do aluno.

Sobre os Recursos Didáticos, embora haja na literatura diferentes enfoques, os entendemos como todos os meios: materiais – físicos, do ambiente (água, folha, pedras e outros); da comunidade (bibliotecas, lojas, indústrias); visuais (projeções, cartazes, gravuras); auditivos (rádio, gravações); audiovisuais (cinema, televisão); digitais (computador) e humanos – professor, alunos, comunidade, profissionais da escola que venham auxiliar no ensino. Estes recursos ajudam o professor na dinamização da aula e, por conseguinte, na aprendizagem da matéria pelos alunos.

Os recursos podem ser muito úteis, quando utilizados de forma adequada, isto é: devem motivar o interesse do aluno; estimular a sua concentração; possibilitar uma ponte com a realidade; facilitar a compreensão de noções abstratas; experimentar concretamente; ampliar informações; fixar a aprendizagem e favorecer a construção do conhecimento.

Os critérios para seleção dos recursos variam porque cada aluno recebe essa mediação de uma determinada forma, por isso não é muito fácil afirmar que esta seleção seja fácil. Lembramos que alguns aspectos facilitam, tais como: os objetivos pretendidos do professor; adequação ao tipo de informação que se quer passar para o aluno; a natureza do conteúdo; o domínio que o professor tem do recurso; a disponibilidade de tempo disponível para organização prévia e para utilização em determinado tempo de aula.

Para cada um desses critérios, devem se somar alguns cuidados:

• examinar previamente o funcionamento do aparelho;

• apresentar no momento adequado;

• verificar as suas possibilidades diante do conteúdo a ser tratado;

• controlar o tempo para sua utilização;

• preparar a turma para a sua utilização;

• treinar em relação como o utilizará.

AULA 27: “Plano de aula: revendo conceitos e práticas no planejamento de ensino”

OBJETIVOS:

Analisar a validade dos planos de ensino tendo em vista a sua realidade profissional;

Identificar as principais fases do plano de aula.

Como um dos planos de ensino que faz parte do planejamento da escola, o plano de aula é um detalhamento do plano de curso. É um meio operacional de trabalho do professor que sistematiza, numa previsão de período/tempo de aula, os elementos contidos no plano de curso, com base no Projeto político-pedagógico da escola.

Para Libâneo (1993) é preciso considerar que, para cada aula, o tempo varia, isto quer dizer que nem sempre completamos numa só aula o desenvolvimento de uma unidade ou tópico de unidade e, também, que “o processo de ensino-aprendizagem se compõe de uma seqüência articulada de fases”.

Mesmo em tempos de novas tendências na prática pedagógica, como o construtivismo, essas fases precisam ser reconhecidas pelos professores, de forma que eles não percam nenhuma oportunidade de acompanhar e mediar a construção do conhecimento dos alunos. Como todo planejamento, o plano de aula carece de reflexões iniciais sobre o mundo que vivemos, o aluno que possuímos. Em seguida, Libâneo (1993, p. 241), indica as seguintes fases: Preparação e apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas; Desenvolvimento da matéria nova; Consolidação (fixação de exercícios, recapitulação, sistematização); Aplicação; Avaliação.

Além destas fases contidas dentro do plano de aula, é preciso apresentar no documento escrito um Cabeçalho onde os professores poderão indicar, objetivamente, dados importantes de identificação, como o nome da instituição, do professor/a(es/as) e da disciplina; a série(s); turma; data; período/tempo/hora. Na confecção do plano será preciso especificar também se ele tratará de uma Noção nova? Ou não? Em seguida, é aconselhável formular os Objetivos Específicos. Esta etapa é importantíssima, visto que os objetivos guiarão todos os outros componentes – os conteúdos, os procedimentos de ensino ou didáticos, os recursos e a avaliação. Quanto mais claros forem enunciados os objetivos, melhor. Recomendamos a proposta de Gandin, que inclui, além do comportamento, o QUÊ e o PARA QUÊ (Rever Módulo 4, Aula 14).

Lembramos a importância da estimativa do Tempo, porque este orienta o professor sobre quais etapas ele poderá se deter mais. Outra sugestão é a inclusão da Bibliografia que deverá apresentar as referências das consultas feitas, como: guia curricular, livros didáticos, artigos de jornal, página na Internet e outros. Gandin e Cruz propõem, de forma geral, três etapas ao se pensar em organizar o plano de Aula:

1. filosofia da disciplina (vale também para áreas de estudo, séries, conjunto de séries, habilitações ou cursos) que pode ser pensada por vários ou muitos professores da mesma escola ou da mesma rede de ensino, por exemplo, de um município, ou de várias escolas que tenham uma filosofia em comum e que queiram trabalhar juntas;

2. diagnóstico da turma de alunos para a qual se está elaborando o plano;

3. definição de ações, de atitudes, de normas para um período de tempo, naquela turma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário