quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

RESUMO DE CIÊNCIAS NATURAIS 1

RESUMO DE CIÊNCIAS NATURAIS 1

Ciências naturais na educação . v. 2/ Dayse Martins Hora. - Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2005.

AULA 15 - PANORAMA DO ENSINO DE CIÊNCIAS

O ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL

A educação em Ciências está sempre vinculada ao desenvolvimento científico e tecnológico de uma sociedade. Países com longa tradição científica como Inglaterra, França, Alemanha e Itália definiram há muitos anos “que” e “como” ensinar Ciências, do nível elementar até o superior. Desde o século XVIII, esses países estabeleceram  políticas nacionais para a educação em geral e também para o ensino de Ciências. No Brasil, não possuímos a mesma tradição científica, então só podemos falar de um ensino de Ciências a partir do século XX. As mudanças ao longo dessa trajetória são explicadas por circunstâncias históricas, como você verá adiante. O ensino de Ciências só chega às escolas primárias (hoje, escolas do 1º segmento do Ensino Fundamental) por exigências do processo de industrialização; ou seja, o aumento da utilização de tecnologias nos meios de produção impõe uma formação básica em Ciências.

No período compreendido entre os anos 50 e 60 do século XX, teve início uma política de estímulo ao ensino de Ciências. Observou-se, por exemplo, a presença dos grandes projetos estrangeiros para o ensino de Física e Biologia.

O objetivo, na verdade, era ensinar o processo básico das Ciências, o controle das variáveis, a observação, o procedimento das experimentações, a construção de hipóteses e a elaboração de conclusões. Enfi m, partia-se do princípio de que se o aluno dominasse o processo de “fazer Ciências”, desenvolveria capacidades e atitudes científicas.

O QUADRO DAS PRÁTICAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

O quadro histórico que apresentamos deve ser relativizado. O que significa isto? É que as mudanças não ocorrem de um dia para outro; elas são lentas, e as pessoas precisam de algum tempo para assimilar as novas propostas.
Em cada situação histórica, práticas mais conservadoras podem estar presentes ao lado de atividades mais alternativas, um ensino tradicional convive com formas mais progressistas. Não deve haver rótulos. Portanto, nosso exercício de construção do  quadro de práticas deve ser considerado nesse contexto. É uma forma didática de situar na história o trabalho dos professores no ensino de Ciências no espaço escolar. Por fim, é preciso deixar claro que não há limites definidos para que uma prática deixe de existir, dando lugar a outra; elas convivem, confrontam-se, disputam espaços, estão presentes e se misturam no cotidiano pedagógico.

Válido é construir um ensino de Ciências que se articule a esse mundo e prepare o aluno para analisá-lo.

CÉSIO-137

É um elemento químico radioativo. A desintegração do  seu núcleo origina partículas de alta energia, que provocam reações químicas nas células, destruindo seu material genético.

No Brasil há necessidade de formar um cidadão autônomo capacitado para tomar decisões e participar ativamente de uma sociedade democrática. Porém, o país também precisa preparar profissionais que tenham base sólida de conhecimentos científicos junto à criatividade a fi m de encontrar soluções para os problemas nacionais. A preocupação com essa responsabilidade do ensino de Ciências está presente nos documentos oficiais do Ministério da Educação e das Secretarias de Educação, mas ainda se mantém longe dos cursos de formação de professores e da sala de aula.

RESUMO

O que você precisa saber? No Brasil, o ensino de Ciências foi introduzido no currículo do ensino básico como condição da formação geral do cidadão e para atender às necessidades do desenvolvimento tecnológico do país. A sociedade urbana industrial foi exigindo um maior grau de conhecimento científico e tecnológico, principalmente para a inserção desse profissional no mercado de trabalho.

Na formação do aluno, é importante reconhecer o conhecimento científico e tecnológico como um instrumento para ampliar a sua compreensão e atuação no mundo em que vive.




AULA 16 - O ENFOQUE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO DE CIÊNCIAS

AS RELAÇÕES CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE

Um dos principais objetivos do ensino de Ciências é a compreensão do papel das interações Ciência, Tecnologia e Sociedade, incluindo-se aí as questões econômicas, políticas, éticas, históricas, filosóficas e sociológicas da Ciência e da Tecnologia. O entendimento dessas interações deve ser um dos componentes essenciais da alfabetização científica e tecnológica para todos.

Evidentemente, não se discute a importância da Ciência e da Tecnologia para a sociedade. Elas são determinantes do desenvolvimento econômico dos países e da qualidade de vida dos indivíduos, como também são responsáveis pelas transformações do meio ambiente e pelas mudanças no cotidiano de nossas vidas.  Constituem ponto de pauta obrigatório nos planos governamentais e não-governamentais.

A Ciência não é uma atividade isolada, autônoma e imune a fatores econômicos, políticos, históricos, sociais, culturais e ideológicos da sociedade. Ela é resultado dos conflitos de interesses, ao mesmo tempo que é produtora de novos embates entre esses diversos fatores.

A Ciência e a Tecnologia dependem diretamente do jogo de interesses que caracterizam a vida em sociedade. Como toda e qualquer prática social, as decisões, as controvérsias, os interesses e os valores dos diferentes grupos de poder afetam a atividade tecnocientífica.

As discussões sobre Ciência, Tecnologia, Sociedade, democratização dos resultados de pesquisas e construção de uma sociedade mais ética e cidadã congregam um conjunto de temas que são objetos dos estudos compreendidos no campo denominado Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) ou estudos sociais da Ciência e Tecnologia. Trata-se de uma grande área de investigação interdisciplinar, que procura compreender o fenômeno centífi co-tecnológico na sua relação com o contexto social.

De modo geral, as pesquisas baseadas na relação CTS têm elegido como foco, por exemplo, a relação Ciência e valores; Ciência, Tecnologia e questões ecológicas; avaliação de tecnologias; participação na Ciência; questões ligadas à ética na Ciência e ao gênero (a existência de mulheres cientistas), entre outras. As práticas educacionais em CTS devem acompanhar a mesma direção dos trabalhos, já que em todas as temáticas estabelecidas se colocam ações educativas correlatas.

As relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade têm um caráter mais complexo e mais dinâmico quando consideramos que são práticas sociais subordinadas aos conflitos e confrontos de interesses econômicos e  políticos.

Sociedade, as recomendações de uma alfabetização tecnocientífica para todos incluem propostas do movimento CTS, que aqui resumimos do trabalho de Acevedo Díaz; Vázquez Alonso e Manassero (2004):

• a inclusão da dimensão social na Educação Científica;
• a presença da tecnologia como elemento que facilita a conexão com o mundo real e uma melhor compreensão da natureza da Ciência e da tecnociência contemporâneas;
• a relevância para a vida pessoal e social das pessoas com objetivo de resolver problemas e tomar decisões responsáveis na sociedade civil;
• os enfoques democratizadores da Ciência e da Tecnologia;
• a familiarização com os procedimentos de acesso à informação, sua utilização e comunicação;
• o papel humanístico e cultural da Ciência e da Tecnologia;
• seu uso para propósitos específicos sociais e a ação cívica;
• a consideração da ética e dos valores da Ciência e da Tecnologia;
• o papel do pensamento crítico etc.

O ENFOQUE CTS E A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS PARA A PARTICIPAÇÃO

O enfoque CTS é, na verdade, um desdobramento das discussões que se construíram em torno da idéia da alfabetização científica e tecnológica. A respeito da abordagem CTS, Shamos destaca que:

Uma premissa básica do movimento CTS é que, ao fazer mais pertinente a Ciência para a vida cotidiana dos estudantes, eles podem se motivar, interessarem-se mais pelo tema ou trabalhar com mais afinco para dominá-lo. Outro argumento a seu favor é que, ao dar relevância social ao ensino das Ciências, contribui-se para formar bons cidadãos; isto é, ao conscientizar os estudantes dos problemas sociais na Ciência, eles se interessam mais pela própria Ciência (SHAMOS, 1993 apud ACEVEDO DÍAZ; VÁZQUEZ ALONSO; MANASSERO, 2004, p. 10).


DIFICULDADES E DESAFIOS DA PRÁTICA

A idéia de educação tecnocientífica não deve ficar reduzida a discursos teóricos. Não se trata de pensar um novo campo de investigação teórica para a didática das Ciências. Trata-se, sim, de reelaborar os espaços e os tempos curriculares para que sejam possíveis formas participativas, flexíveis, abertas e multidirecionais dentro das próprias práticas reais de ensino de Ciências.  Modelos rígidos, verticais e unidirecionais, do professor para o aluno, não são adequados para a concretização de uma proposta de participação e vida democrática. Para atingir o objetivo do enfoque CST, a sala de aula precisa ser um verdadeiro laboratório, não no sentido que foi defendido pela concepção tradicional do ensino, mas um espaço pedagógico simulador de participação democrática.

Para atender a esse intuito, os projetos curriculares foram adaptados para envolver pessoalmente os alunos a partir de problemas da realidade, questionando os interesses sociais da Ciência e da Tecnologia, seus benefícios e riscos. As estratégias de ensino já estudadas por alguns autores podem ser resumidas no quadro de Acevedo Díaz (2004), revisto e adaptado.


RESUMO

O que você precisa saber

O campo dos estudos sociais da Ciência e da Tecnologia é uma grande área de investigação interdisciplinar que conjuga aspectos sociais, econômicos, políticos, históricos, culturais, e ideológicos da sociedade, entendendo que a Ciência não é uma prática autônoma. A CTS possui uma dimensão bastante ampla, atingindo os campos da pesquisa, das políticas públicas e da educação. A construção das bases para a participação social em Ciência precisa de investimentos em estratégias educacionais que assegurem a Educação em Ciências. A partir das pesquisas em CTS, desenvolvem-se propostas metodológicas para concretização desses objetivos.




AULA 17 - ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

O ENFOQUE CTS E A PESQUISA SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS

A alfabetização científica e tecnológica é importante, seguramente por dois motivos. Primeiro, pela satisfação pessoal de deter um conhecimento; segundo, pelo fato de possibilitar a cada indivíduo a capacidade de apresentar suas críticas às realizações sociais e melhor desempenhar suas atividades profissionais. Qual a importância da alfabetização científica e tecnológica? Você pode valorizá-la, porque através dela é possível implementar uma educação que constitua indivíduos capazes de:

• entender a realidade em que vivem;
• situar-se no mundo de forma ativa;
• ler um texto de divulgação científica de forma crítica;
• avaliar as questões de ordem social e política, implícitas nas inovações e avanços da sociedade.

Como você já viu na Aula 1, o homem é um ser que integra o universo natural. Ao longo de sua história, interagiu com ele para satisfazer a suas necessidades e curiosidades, para alimentar-se, vestir-se, abrigar-se, buscar explicações sobre os diversos fenômenos ao seu redor e dar respostas às suas inquietações sobre a vida. Essa necessidade impulsiona o homem ao desenvolvimento da capacidade de reflexão, organização e elaboração do conhecimento. Dessa forma, o conhecimento surge das relações produzidas no ambiente natural, social, cultural e histórico. E, nesse contexto, o que hoje se preconiza é que o ensino de Ciências deve permitir ao aluno a compreensão dos resultados da produção científica; isso sem perder de vista que o conhecimento científico não é uma verdade única e inquestionável, mas um saber que pode permitir ao aluno ampliar as concepções prévias que ele próprio traz para a escola.

CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS, PRÉVIAS OU ESPONTÂNEAS

Quando falamos de concepções alternativas, prévias ou espontâneas, estamos nos referindo a uma linha de pesquisa cuja produção indica que os alunos e os professores vêm para a escola com concepções prévias, que podem ser diferentes substancialmente dos conceitos a serem ensinados nas aulas de Ciências. O importante é destacar que essas idéias e conceitos não apenas influenciam a aprendizagem futura, como também, em algumas situações, podem oferecer resistência a mudanças.

MUDANÇA CONCEITUAL

Nesse campo de investigação, o foco central está na questão de como decifrar o processo pelo qual o aluno troca da sua concepção alternativa pelo conceito científico que, na maioria das vezes, é totalmente incompatível com aquela concepção prévia que ele possuía.

Diniz (1998, p. 30-31) sintetiza as quatro condições do modelo para a mudança conceitual de Posner, afirmando que as novas concepções devem:

1. Questionar com os conceitos existentes: o aluno precisa viver situações em que mudanças pequenas não resolvam o seu problema, passando a necessitar de mudanças radicais.
2. Manifestar-se inteligível: o aluno deve ser capaz de construir uma representação coerente e com o significado da nova concepção.
3. Mostra-se plausível: o novo conceito deve ser capaz de resolver problemas.
4. Apresentar caráter frutífero: o conceito deve ser aplicável em outras situações.

CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS, MUDANÇA CONCEITUAL E PRÁTICA PEDAGÓGICA

As contribuições fundamentais das concepções alternativas e da mudança conceitual, sem dúvida alguma, não estão em um receituário como prescrições previamente estabelecidas. Entretanto, elas abrem um leque de possibilidades para o trabalho docente ao priorizarem uma compreensão dos conceitos, das idéias de alunos e professores e sua articulação com os procedimentos didáticos mais adequados para envolver os alunos no processo de aprendizagem que favoreça a mudança.

Para trabalhar com as concepções alternativas dos alunos e pensar nas mudanças conceituais, antes de qualquer coisa é necessário desenvolver a atitude de pesquisa da própria prática no cotidiano escolar. Isso significa que você deve investigar essas concepções alternativas, pois elas não se encontram em manuais didáticos prontas para serem aplicadas.

RESUMO

O que você precisa saber?

Partindo dos pressupostos apresentados pelo CTS, podemos orientar práticas para a Educação em Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Com esse objetivo, duas abordagens de investigação auxiliam o professor: as concepções alternativas e a mudança conceitual. As concepções alternativas indicam que alunos principalmente, mas professores também, vêm para a escola com idéias e conceitos prévios, que podem ser diferentes daqueles ensinados nas aulas de Ciências. A mudança conceitual tem como objetivo principal decifrar o processo pelo qual o aluno passa da concepção alternativa para o conceito científico.




AULA 18 - ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A RELAÇÃO ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO INFANTIL

Você já viu nas aulas anteriores que nossa sociedade convive diariamente com os artefatos produzidos pelo avanço científico e tecnológico. Diante desse fato, consideramos que todos os indivíduos necessitam compreender, discutir e refletir sobre as diversas inovações para se posicionar principalmente no que se refere às conseqüências para a vida das pessoas e do planeta.

Os trabalhos denunciam o mesmo fato em contraposição às investigações no ensino de Ciências, que recomendam que as crianças desde cedo tenham contato com a alfabetização científica e tecnológica. As orientações para se consolidar esse tipo de ensino na Educação Infantil repousam no fato de que as crianças dessa faixa etária são naturalmente curiosas, investigativas e observadoras. Entretanto, não é isso o que se efetiva na prática escolar. As temáticas do ensino de Ciências, freqüentemente, mantêm um caráter disciplinar, fragmentado, vazio de significados,
repetindo o que já se observa ao longo de todo o Ensino Fundamental.

AS CRIANÇAS, SEUS “PORQUÊS” E “COMO”

Na literatura pertinente ao ensino de Ciências, constitui uma referência unânime que o ponto de partida deve ser um tipo de Educação em Ciências fundamentado no caráter questionador, na argumentação, na observação e no espírito investigativo. Tais pressupostos são válidos para o Ensino Fundamental e se justificam ainda mais na Educação Infantil, pela fase de desenvolvimento da faixa etária dessas crianças. A metodologia mais adequada deve cultivar e estimular ainda mais a curiosidade da criança, tão conhecida e bem caracterizada pelos constantes “porquês” e “como” que elas empregam na tentativa de compreender o mundo e as coisas que estão começando a descobrir.

Você pode convidar a algumas crianças a observar os fenômenos naturais, como a chuva, os rios, as marés, os vulcões, os terremotos ou a neve (mesmo sem terem visto); como elas conhecem as tecnologias modernas – os computadores, a televisão e o vídeo, os satélites, o raio laser, as radiografias etc. – com certeza você obterá respostas muito interessantes.

APRENDIZAGEM E CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS

O Ministério da Educação divulgou em 1998 um documento sob o título Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, referente às creches, entidades equivalentes e escolas. Ele faz parte do conjunto de orientações que compõem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Todos esses documentos integram a iniciativa do Ministério de apresentar diretrizes que sirvam de orientação para a formulação dos currículos escolares.

No que se refere ao conhecimento do mundo, o Referencial para a Educação Infantil propõe eixos de trabalho orientados para a construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com os objetos de conhecimento. Esses eixos são:

Movimento, Música, Artes visuais, Linguagem oral e escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. Ainda que seja apenas um guia de orientação para subsidiar as discussões entre professores na elaboração de projetos educativos diversos, os Referenciais trazem sugestões importantes que você pode utilizar na prática docente.

A valorização da curiosidade da criança associada ao trabalho pedagógico adequado desde a Educação Infantil contribuirá tanto para a construção dos conhecimentos científicos e tecnológicos quanto para a formação da criança como cidadã capaz de atuar nas decisões futuras na sociedade.

RESUMO

O que você precisa saber?

Desde os anos de 1980, vem consolidando-se o enfoque CTS nas propostas de Educação em Ciências visando a capacitar os alunos para a cidadania. A realização dessa proposta requer metodologias mais adequadas aos diversos  níveis de ensino, principalmente a Educação Infantil. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil propõe um único eixo congregando Natureza e Sociedade, relacionando o mundo natural ao social, na intenção de que as atividades ocorram de forma integrada. O trabalho pedagógico integrando o natural ao social pressupõe partir das concepções prévias da criança.


AULA 19 - ATUALIDADES NO ENSINODE CIÊNCIAS

A CIÊNCIA ESTÁ NA MODA?

A divulgação científica nos meios de comunicação Você se lembra da ovelha Dolly? E do mal da vaca louca? Lembra-se do efeito estufa que você estudou na Aula 10? É provável que tenha acompanhado com muita curiosidade uma dessas notícias. Todas guardam em comum o fato de terem sido amplamente divulgadas pelos meios de comunicação – rádio, jornais, revistas, TV, internet. Hoje, as pesquisas científicas são apresentadas de forma corriqueira; quase todos os jornais têm uma seção específica dedicada a esse tema, e algumas revistas também.

Meios de comunicação dedicados à divulgação científica Existem meios de comunicação dedicados especialmente à divulgação científica. São jornais, boletins, revistas, programas de TV e sites que se ocupam em informar ao público leigo as novidades da Ciência. Esses meios têm, em geral, uma preocupação maior com a informação que estão veiculando, utilizando-se de uma linguagem específica, que se caracteriza por garantir facilidade na compreensão aliada ao compromisso com os conceitos científicos. As publicações científicas, por apresentarem as pesquisas de forma didática e acessível ao público, são a melhor forma de divulgação dos resultados das pesquisas tecnocientíficas para a população leiga. Os exemplos mais conhecidos são as revistas Ciência Hoje, Ciência Hoje das Crianças, Super Interessante e Galileu. Quanto aos programas de televisão, podemos citar: Globo Ecologia, National Geografphic, Canal Saúde etc. Para aqueles que navegam na web, há uma grande quantidade de sites especializados em divulgação científica.


Alguns sites importantes: Ciência Hoje on – line, Museu da Vida, Scientific American Brasil, ComCiência, Canal Ciência

Por que as descobertas científicas estão nos meios de comunicação?O apoio à pesquisa científica vem de financiamentos privados e públicos. O patrocínio privado é oriundo de laboratórios, fundações e empresas; a verba pública é viabilizada por órgãos governamentais. A divulgação de uma pesquisa é boa tanto para o pesquisador que a realizou, – pois dessa forma ele terá mais chances de conseguir um novo patrocínio – quanto para os órgãos financiadores.


A leitura de Costa (2004) explica um pouco mais sobre a relação entre a pesquisa brasileira e a divulgação científica. Como no Brasil a maior parte das pesquisas é financiada pelos órgãos públicos (por exemplo, no âmbito nacional, CNPQ, CAPES, FINEP; no estadual, FAPERJ, FAPESP, FAPEMIG), divulgar o resultado de um trabalho científico é um modo de prestar contas à sociedade da aplicação dos recursos. Isso cria uma certa cumplicidade de que tudo o que é investido acaba retornando em benefício da população.


AS NOVAS DESCOBERTAS CIENTÍFICAS NA VIDA COTIDIANA

Com certeza você deve se espantar a cada dia com uma nova divulgação científica veiculada nas manchetes de jornais ou nas chamadas dos noticiários da TV ou do rádio. A seguir, vamos comentar algumas das mais recentes. A gripe do frango assusta a Ásia. De vez em quando, a gripe do frango volta às manchetes dos jornais. O vírus, que matou 24 pessoas em janeiro de 2004, ressurgiu em aviários na Tailândia, China e Vietnã em julho do mesmo ano. Ele é o H5N1, que pode ser transmitido das aves para os seres humanos, algumas vezes, com conseqüências fatais.


Desodorante pode causar câncer Muito recentemente, foi divulgado em jornais, revistas e na internet que o desodorante pode causar câncer de mama. A origem da novidade alarmante, principalmente para o Brasil, um país de clima predominantemente quente, foi uma pesquisa britânica que encontrou em tecidos de tumor mamário uma substância normalmente utilizada em desodorantes como conservante, o parabeno (alquil-4-hidroxibenzoato). Os pesquisadores alertaram que, embora não houvesse provas que a relacionassem ao câncer, a utilização de desodorantes com essa substância deveria ser reavaliada (BBC Brasil, 2004). Entretanto, vários ONCOLOGISTAS, como o Dr. Carlos Gil Ferreira, vice-presidente da seção de Pesquisas Clínicas da Sociedade Brasileira de ONCOLOGIA Clínica, acharam que a pesquisa não é conclusiva.




Células-tronco

Várias reportagens foram feitas sobre as células-tronco. Essas células, teoricamente, possuem a capacidade de se diferenciar de uma célula de qualquer tecido especializado. É essa capacidade que tem chamado a atenção dos cientistas. Muitas pesquisas mostram que as células-tronco podem recompor tecidos danificados e assim, teoricamente, tratar um infindável número de problemas, como alguns tipos de câncer, o mal de Parkinson, o mal de Alzheimer, doenças degenerativas e cardíacas ou, até mesmo, fazer com que pessoas que sofreram lesão na coluna voltem a andar.


Filme plástico

Em maio de 2004, vários jornais (O Dia, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo) divulgaram uma pesquisa do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz, concluindo que o filme plástico usado para embalar alimentos (filme de PVC) pode ser prejudicial à saúde. Estudos realizados com ratos de laboratório provaram que os dois aditivos químicos mais usados para dar flexibilidade ao PVC (DEHP e DEHA) contêm substâncias que podem causar câncer de fígado e problemas de fertilidade. Esses aditivos foram encontrados em quantidades até dez vezes superiores ao estipulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os alimentos mais afetados são os mais gordurosos, como o queijo, a carne bovina e o frango, por serem os que mais absorvem as substâncias prejudiciais.


DE OLHO NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Conflitos entre as pesquisas científicasDiante do volume de pesquisas divulgadas diariamente e considerando as informações conflitantes, nós, leigos, ficamos sem saber que atitude tomar. Uma hora uma coisa faz mal, mas em outro momento as pesquisas já dizem que não é bem assim. O colesterol é um bom exemplo. As pesquisas sobre o que altera os níveis de colesterol no sangue nos deixam confusos, você não acha? Você lembra quando começou a discussão sobre o colesterol? De repente a gordura era uma grande vilã. Todo mundo deveria contar as calorias dos alimentos.


É importante observar que o levantamento e a discussão de algumas descobertas recentes da Ciência e da Tecnologia, feitos nesta aula, devem orientar a seleção de conteúdos de Ciências, exigindo de você uma atitude de pesquisa permanente. É importante, também, que você explore os diversos meios de divulgação científica.


RESUMO


A divulgação científica é um fato recorrente na mídia em geral. Jornais, revistas e sites dedicam muito espaço à Ciência. Mas, buscando de passar uma informação interessante, os veículos de comunicação de massa podem acabar modificando o sentido de uma notícia. Procurar meios dedicados exclusivamente à divulgação científica pode fazer com que seus conhecimentos aumentem, evitando possíveis equívocos. Acompanhar essa divulgação com senso crítico e atenção é primordial para não sermos arrastados por uma enxurrada de informações contraditórias.
















AULA 20 - CIÊNCIA E VIDA COTIDIANA


UM MUNDO CERCADO DE CIÊNCIA POR TODO OS LADOS

Quando você coloca detergente na esponja e começa a lavar um prato engordurado, já teve curiosidade de saber como o detergente funciona? Você sabe que sem detergente (ou sabão) a gordura não sai, certo? Se não sabe, faça o teste. Tente lavar a louça somente com água e esponja. A gordura não se dissolve na água, por isso ela não sai apenas com água. A fórmula química do detergente (e a do sabão também) tem uma parte que se dissolve na gordura (LIPOSSOLÚVEL) e uma que se dissolve na água (HIDROSSOLÚVEL). Assim, o detergente e o sabão se ligam, ao mesmo tempo, à água e à gordura, permitindo que a gordura seja retirada do prato.



A CIÊNCIA POR TRÁS DO COTIDIANO

Por trás de nosso cotidiano, existem muitas coisas interessantes que podem ser desvendadas. Vejamos algumas delas, que citamos no início da aula:

• os relâmpagos e trovões;
• o bicho da goiaba;
• o copo gelado “suando”;
• o abastecimento de água na nossa casa;
• o sal da água do mar.

Relâmpagos e trovões

A chuva ainda não chegou, mas você sabe que ela está vindo porque ouve a trovoada. Um pouco antes de ela cair, já é possível ver os relâmpagos riscando o céu. Relâmpagos são descargas elétricas intensas que ocorrem na atmosfera, podendo provocar vários acidentes graves, inclusive mortes. Entretanto, na maioria das vezes, esse fenômeno da Natureza apenas assusta.


RESUMO

O que você precisa saber?

Por trás do nosso cotidiano existem muitos “porquês” e “como”, que devem ser objetos do trabalho escolar. Descobrir os mecanismos científicos por trás do nosso dia-a-dia faz com que o conhecimento das Ciências Naturais saia da escola e tenha um significado real para os alunos, explicando o cotidiano e as transformações que a Ciência e a Tecnologia nos trazem



















AULA 21 - BIOTECNOLOGIA E O ADMIRÁVEL NOVO MUNDO DA ENGENHARIA E DA BIOLOGIA

BIOTECNOLOGIA

Refere-se às técnicas que utilizam organismos vivos ou partes deles para a criação ou modificação de produtos, melhoria genética de vegetais e animais e, ainda, para o desenvolvimento de microorganismos específicos visando à produção de determinados produtos como medicamentos, por exemplo. A Biotecnologia utiliza conhecimentos de áreas diversas como Biologia Molecular, Biologia Celular, Engenharia Genética etc




TIPOS DE PESQUISAS QUE DIZEM RESPEITO À BIOTECNOLOGIA

Os estudos científicos compreendidos no campo da Biotecnologia são:

• células-tronco;
• clonagem;
• genoma humano, de plantas e de animais;
• alimentos transgênicos;
• Engenharia Genética etc.


Utilização da Biotecnologia

As terapias e os produtos desenvolvidos pela Biotecnologia são aplicados em áreas diversas como a Agropecuária, a Medicina, a Farmacologia, o meio ambiente, a energia e o próprio campo da pesquisa científica. Atualmente, negócios milionários envolvem aplicações práticas de conhecimentos biotecnológicos, como a produção de alimentos transgênicos, a produção de novos medicamentos, o uso de sêmen e óvulos de animais da mesma raça, o uso de combustíveis de fontes renováveis nas frotas de veículos etc


Engenharia Genética

Engenharia Genética pode ser definida como o conjunto de técnicas capazes de permitir a identificação, manipulação e multiplicação de GENES dos organismos vivos. É um termo empregado para descrever certas técnicas modernas na área de Biologia Molecular, com finalidades médicas e/ou industriais.


GENESÉ

Uma seqüência ordenada de bases nitrogenadas que determina a produção de uma proteína. É a unidade básica da hereditariedade.


Caracterização da Engenharia Genética

A Engenharia Genética possibilita a manipulação do DNA que existe nas células dos seres vivos e a recombinação dos genes, alterando-os ou adicionando outros de diferentes origens, o que gera novas formas de vida.
Essa área da Ciência torna possível também a concretização de uma série de sonhos antigos como: a criação de seres clonados (copiados); o mapeamento de seqüências do genoma das espécies animais, incluindo o ser humano (genoma humano), e das espécies vegetais. Favorece ainda o desenvolvimento da terapia genética, ou seja, o tratamento de doenças hereditárias como o mal de Parkinson e mal de Alzheimer.

Projeto Genoma Humano

O Projeto Genoma Humano consiste no estudo detalhado de toda a estrutura genética do ser humano. Significou uma revolução na Medicina moderna, graças às possibilidades que ele traz consigo no que diz respeito ao diagnóstico antecipado, à prevenção e ao tratamento de doenças incuráveis. Esse monumental projeto de mapeamento do DNA humano custou, aproximadamente, 3 bilhões de dólares e reuniu um consórcio de instituições de pesquisa espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.


O GENOMA

O genoma é composto de três bilhões de bases de DNA agrupadas em 23 pares de cromossomos. Os genes que têm o controle do desenvolvimento e do envelhecimento do corpo são compostos por seqüências específicas de bases químicas. Uma simples alteração nessas seqüências pode causar uma doença. Mas, sendo possível identificar essa alteração, poderemos descobrir a origem de várias enfermidades e desenvolver novos tratamentos.

Utilização da Engenharia Genética

Atualmente, é crescente o uso da Engenharia Genética no desenvolvimento de produtos indispensáveis ao homem, e talvez você não tenha percebido isso ainda. Listaremos, a seguir, as principais aplicações:

• melhoria da qualidade de vacinas conhecidas;
• produção artificial de substâncias originalmente fabricadas pelo corpo humano, como a insulina e o hormônio de crescimento;
• produção de antibióticos de forma mais econômica ou que antes não existiam;• cultivo de plantas mais resistentes aos pesticidas, às doenças e aos predadores e com melhor qualidade nutricional.


ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM)

Organismos transgênicos são seres vivos, obtidos através de uma nova tecnologia biológica (Biotecnologia) denominada transgênese ou transgenia, a qual consiste numa manipulação genética que adiciona um gene estranho (animal ou vegetal) ao genoma (conjunto dos genes de uma espécie) de um determinado ser vivo.


A legislação sobre transgênicos

O efeito de produtos transgênicos sobre a saúde humana e o ambiente ainda é objeto de debate acalorado entre pesquisadores, governos e sociedade.O Brasil, desde 1995, vem implantando leis que monitoram as pesquisas, o manuseio, o plantio e a comercialização dos transgênicos. Uma lei definitiva a respeito da liberação da produção e comercialização de OGM ainda não foi aprovada pelo Congresso brasileiro até o momento.


Riscos

Os organismos geneticamente modificados (OGM) trazem alguns riscos para o meio ambiente e a saúde da população, conforme veremos a seguir.Riscos para o meio ambienteA introdução de OGM na Natureza, especialmente os alimentos, pode gerar impacto no meio ambiente: com a presença de genes resistentes aos agrotóxicos, as pragas e as ervas daninhas poderão desenvolver maior resistência, potencializando sua agressividade. Isso pode causar um desequilíbrio nos ecossistemas, implicando aumento de agrotóxicos nos alimentos cultivados, o que acarreta prejuízos ainda maiores ao meio ambiente.


RISCOS PARA A SAÚDE HUMANA

• Aumento dos casos de alergia.

Ao ser inserido um gene de um ser em outro, são formadas novas substâncias no organismo transgênico, como proteínas e aminoácidos. Sendo o organismo (modificado geneticamente) um alimento, seu consumo pode vir a desencadear uma série de processos alérgicos em parcelas da população susceptíveis às novas substâncias que o organismo traz consigo.

• Aumento de resistência aos antibióticos

Os cientistas, para terem certeza de que a modificação genética foi acertada, costumam inserir nos alimentos transgênicos genes marcadores, como os de bactérias. O consumo crescente desses alimentos pode conferir aos micróbios, que provocam doenças nos seres humanos, resistência a certos medicamentos, reduzindo ou anulando a eficácia dos remédios à base de antibióticos.

• Aumento das substâncias tóxicas

As plantas possuem substâncias tóxicas que são utilizadas para defesa de seus inimigos naturais, como os insetos. Micróbios também têm essas substâncias que matam os insetos. Entretanto, se o gene de uma das plantas ou de micróbios for utilizado em um alimento, é provável que o nível dessas toxinas aumente consideravelmente, causando algum mal ao homem, aos insetos benéficos e a outros animais.



BIOMATERIAIS E NOVAS TECNOLOGIAS

Os biomateriais são tecidos orgânicos que poderiam reconstruir órgãos do corpo humano. Desenvolvidos especificamente para implantes, eles podem ajudar os tecidos do corpo do homem a se regenerarem, e sua maior vantagem é serem totalmente inertes, não provocando reações do organismo.

As próteses biônicas desenvolvidas hoje são capazes de detectar e decifrar os sinais transmitidos pelos neurônios envolvidos na movimentação de um membro do corpo humano.

A Interface Cérebro-Computador (ICC) é uma tecnologia que utiliza como base a leitura dos comandos motores do cérebro e seu direcionamento para a estimulação de músculos de membros paralisados e movimentação de uma prótese como, por exemplo, uma mão mecânica

Biomateriais– Vidro bioativo: utilizado para preencher lacunas de um osso com defeito, estimulando o tecido a se regenerar com rapidez.– Células humanas cultivadas em espuma porosa: utilizadas em próteses orgânicas.


CONCLUSÃO

Como você viu nesta aula, a Biotecnologia é um vasto universo de conhecimentos científicos de ponta que, de alguma forma, influencia as nossas vidas. Discutir qualquer dos temas aqui expostos suscita questões de ordem política, econômica, social, cultural, religiosa, ética etc. Não convém, pois, lançar polêmicas a respeito de qualquer dos temas apresentados. Procure, você mesmo, obter mais informações a respeito, discutir com seus colegas de turma e tirar suas próprias conclusões.


RESUMO


A Biotecnologia é o estudo das técnicas e dos processos que envolvem organismos no que se refere à melhoria genética de vegetais e animais e à criação de novos produtos. A Engenharia Genética é o conjunto de técnicas que permitem a identificação e manipulação de genes de organismos vivos. As células-tronco são células capazes de diferenciar-se, transformando-se em outros diferentes tipos. Pesquisas indicam que essas células podem ajudar na cura de várias doenças. A clonagem de espécies animais e vegetais, bem como a criação de organismos geneticamente modificados, demonstram os crescentes avanços da pesquisa científica hoje, favorecendo a criação de novos medicamentos e alimentos. Os biomateriais, por sua vez, representam uma esperança para pessoas portadoras de necessidades especiais, graças à incorporação de elementos artificiais ao corpo humano, favorecendo a recuperação de sua saúde e a capacidade de trabalho.














AULA 22 - BIOPIRATARIA NOS TRÓPICOS

DEFINIÇÃO

Biopirataria é o contrabando de diversas formas de vida, seja da flora ou da fauna, de um determinado país. Diz respeito também à apropriação e à monopolização de conhecimentos da população de uma certa região, onde predominam atividades econômicas relacionadas à exploração de recursos naturais.De acordo com o Dicionário Houaiss, biopirataria é a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam a legislação internacional.

LEGISLAÇÃO

No Brasil, a legislação sobre biopirataria foi criada ao final da década de 1980.O artigo 225 da Constituição Federal/1988 trata do acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional das populações.Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.§1° – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:II – Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético (BRASIL, 1998).

AS LEIS QUE REPRIMEM A BIOPIRATARIA

A legislação transcrita anteriormente demonstra a preocupação em preservar o patrimônio genético do país; na prática, contudo, ela pouco interfere nos mecanismos de retirada de organismos vivos, extratos químicos ou substâncias, através do tráfico internacional e da biopirataria.O combate à biopirataria depende também da existência de leis internacionais que tratem do tema. Especialistas concordam que sem a implementação de acordos e tratados que proíbam o registro e o patenteamento de recursos naturais que não tenham procedência esclarecida, a biopirataria prosseguirá e continuará sendo um grande negócio.

BIOPIRATAS EM AÇÃO             

Os cientistas estrangeiros que participam do processo de transferência ilegal de nossas plantas para centros de pesquisa no exterior não encontram grandes dificuldades para entrar na Floresta Amazônica e manter contato com nossos índios. Graças a pequenas quantidades de dinheiro ou utilizando a pesquisa acadêmica como argumento, os cientistas têm acesso às fontes de matérias-primas que a floresta oferece, tratando de exportá-las ilegalmente para seus países de origem. Nos centros de pesquisa dos países desenvolvidos, plantas e animais são estudados minuciosamente; além disso, medicamentos, cosméticos e alimentos são desenvolvidos e, posteriormente, lançados no mercado, resultando em lucros milionários para essas corporações, sem o devido pagamento de royalties às populações detentoras originalmente desse saber (conhecimento).


CONCLUSÃO

A biopirataria representa hoje uma nova forma de pirataria e envolve táticas de espionagem e contrabando que lembram filmes de ficção. São enormes as perdas econômicas, sociais e culturais para o Brasil e cabe ao Governo efetuar maior fiscalização sobre a integridade do patrimônio genético existente no país. Cabe à sociedade em geral exigir leis mais rigorosas que venham a coibir o usufruto de nossas riquezas naturais por corporações empresariais multinacionais, sem o devido reconhecimento da origem dos produtos desenvolvidos a partir do saber tradicional, assim como deve ser exigido o pagamento de royalties pela comercialização desses produtos.

RESUMO

A biopirataria é uma modalidade de pirataria voltada para a exploração ilegal dos recursos naturais de um país. A legislação brasileira a respeito ainda tem lacunas que facilitam o contrabando de espécies animais e vegetais. Isso acarreta prejuízos econômicos, sociais e culturais para os países em desenvolvimento, como a exploração ilegal das mais diversas espécies da flora e fauna e a perda de domínio sobre a comercialização dos produtos provenientes dessas espécies. Os lucros obtidos por empresas detentoras de patentes de produtos desenvolvidos através da biopirataria acabam por trazer prejuízos para todo o país.


AULA 23 - BIOÉTICA


DEFINIÇÃO

O termo bioética é definido pelo dicionário Larousse como o conjunto dos problemas colocados pela responsabilidade moral dos médicos e biólogos em suas pesquisas teóricas ou nas aplicações práticas dessas pesquisas. A Bioética, uma disciplina nova no campo da Filosofia, surgiu em função da necessidade de se discutir moralmente os efeitos do avanço tecnológico das Ciências da área de saúde, bem como aspectos tradicionais da relação existente entre os profissionais de saúde e seus pacientes.


HISTÓRICO

O termo bioética surgiu na década de 1970, devido à crescente repercussão dos avanços na área de saúde, mas hoje é utilizado em um sentido mais estrito. Os fundamentos da Bioética foram criados por Warren Reich e Leroy Walters (Instituto Kennedy de Ética, Universidade Georgetown, EUA). Esses autores restringiram seus estudos apenas às questões de assistência médica e pesquisa em saúde.


LEGISLAÇÃO

A legislação brasileira relacionada aos problemas tratados pela Bioética é insuficiente para solucionar as questões pertinentes à área.

O Brasil, atualmente, conta com as seguintes leis:

• Lei n° 8.501, de 1992 – Utilização de cadáver não reclamado.

Dispõe sobre a utilização de cadáver não reclamado pelos parentes, o qual pode ser destinado a faculdades e instituições científicas para a realização de estudos e pesquisas.

• Lei n° 8.974, de 1995 – Norma para o uso das técnicas de Engenharia Genética.

Dispõe sobre as normas para o uso das técnicas de Engenharia Genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados.

• Lei n° 10.211, de 2001 – Remoção de órgãos e tecidos.

Dispõe sobre a remoção de órgãos e tecidos de partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento.


CARACTERIZAÇÃO DA BIOÉTICA

A Bioética é um termo criado pelo oncologista e biólogo americano Van Rensselaer Potter II e publicado em seu livro Bioethics: bridge to the future, em 1971. Pode ser compreendida como o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da saúde, conduta esta examinada à luz dos valores e princípios morais da sociedade.

Inicialmente, a Bioética foi compreendida de forma restrita como preservação do meio ambiente e da biodiversidade. Com o avanço da Biotecnologia, a Bioética transformou-se numa especificação da ética tradicional e tem como objetivo a reflexão sobre o avanço da Biotecnologia em relação às mudanças ocorridas na Ciência e no meio ambiente, bem como o estudo das conseqüências dessas mudanças sobre os seres humanos e o planeta Terra.O objetivo de atuação da Bioética surgiu com a tomada de consciência do homem de que ele é parte integrante e atuante do meio em que vive (ambiente de vida), e que portanto, suas intervenções no meio devem ser bem pensadas para que o homem não seja vítima de suas próprias ações.




O CAMPO DE AÇÃO DA BIOÉTICA

O campo de ação da Bioética é muito extenso, e abrange questões relacionadas à manipulação genética (animais, vegetais e seres humanos), ao aborto, à eutanásia, ao genoma humano, aos transplantes de órgãos entre vivos e post mortem, à recombinação de genes, à criação e ao patenteamento de seres vivos, à natureza jurídica do embrião, à contracepção, às cirurgias intra-uterinas, aos diagnósticos de doenças incuráveis etc.

A Bioética, por sua vez, é um conceito de grande amplitude, que envolve, quatro aspectos importantes:• Compreende os problemas relativos a valores existentes entre os profissionais de saúde e nas profissões “afins”.• Diz respeito às investigações biomédicas e às do comportamento, independentemente de influírem ou não nos procedimentos terapêuticos.

• Engloba uma ampla gama de questões sociais, como as relativas à saúde ocupacional, à ética do controle da natalidade etc.
• Refere-se às questões relativas à vida dos animais e das plantas, no que concerne às experimentações, assim como às demandas ambientais.

Através do corpo se mostra a fragilidade humana. A vida corporal é morta. Ela vai perdendo o seu capital energético, seus equilíbrios, adoece e finalmente morre. A morte não vem no final da vida. Ela começa já no seu primeiro momento. Vamos morrendo lentamente, até acabar de morrer. A aceitação da mortalidade da vida nos faz entender de forma diferente a saúde e a doença.

CONCLUSÃO

A Bioética pode ser considerada como um tratado sobre a tolerância por abordar uma pluralidade de conhecimentos que dizem respeito a decisões e condutas éticas, morais e políticas e suas reações relacionadas às questões como clínicas de reprodução humana, utilização de fetos, prática do aborto, clonagem, eutanásia etc. É justamente desses conflitos, cada vez mais freqüentes, que trata a Bioética. Há um número pequeno de textos e livros que tratam da Bioética em português, o que significa que ainda há muito a ser discutido.


RESUMO

Bioética é o estudo dos problemas éticos resultantes das pesquisas biológicas e das situações vivenciadas pelo homem no que se refere à evolução das Ciências Biomédicas e discute a conduta do homem à luz dos valores e princípios morais da sociedade. A temática analisa, de forma ampla, a vida, a saúde e o ambiente no que se refere às inter-relações existentes entre os mesmos. No Brasil, existe uma série de leis que regulam a remoção de órgãos e tecidos do homem e o uso de técnicas de engenharia genética. Questões controversas a respeito da vida humana são também abordadas pela Bioética, especialmente no que se refere a escolhas pessoais a respeito da vida e da morte.



AULA 24 - BIOSSEGURANÇA


DEFINIÇÃO

BIOSSEGURANÇA significa segurança biológica relacionada à prevenção, minimização ou eliminação dos riscos inerentes à exposição, manipulação e utilização de organismos vivos, os quais podem comprometer a saúde do homem, das plantas, dos animais e do meio ambiente. Diz respeito, também, à segurança da vida e constitui uma denominação genérica das atividades relativas à manipulação de organismos vivos.

O objetivo principal dos procedimentos adotados no campo da Biossegurança é minimizar e evitar riscos das atividades humanas realizadas em laboratório ou centros de pesquisa e controle de substâncias e organismos vivos, cuja manipulação é potencialmente prejudicial à vida.


A análise de riscos na área de projetos de pesquisa envolvendo Biossegurança deve prever, necessariamente, de acordo com Boschilia (2003), a adoção de medidas de contenção de riscos no desenvolvimento, por exemplo, de pesquisas, as quais devem apresentar as seguintes etapas:• fase laboratorial, que consiste em organizar os experimentos;• implementação dos experimentos no interior de laboratórios;• realização dos experimentos de campo em condições controladas;• liberação de organismos ou substâncias no meio ambiente, em larga escala.


LEGISLAÇÃO

No Brasil, a necessidade de elaboração de uma legislação específica sobre questões de Biossegurança está prevista na Constituição.A Constituição assegura que o desenvolvimento científico-tecnológico deve ocorrer segundo critérios que assegurem a proteção à saúde humana e ao meio ambiente.A Lei 8.974/95 criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), com o objetivo de assessorar e prestar apoio técnico-consultivo ao Governo Federal na formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança.


A Lei, em seu Artigo 3º, define que:
• organismo – “toda entidade biológica capaz de reproduzir e/ou transferir material genético, incluindo vírus, príons e outras classes que venham a ser conhecidas”;
• moléculas de ADN/ARN recombinante – “aquelas moléculas manipuladas fora das células vivas, mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético que possam multiplicar-se em uma célula viva”;
• organismo geneticamente modificado – “organismo cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética”;
• Engenharia Genética – “atividade de manipulação de moléculas ADN/ARN recombinante”.


EMPREGO DA BIOSSEGURANÇA

A biossegurança é exigida em locais específicos, onde são realizadas atividades humanas que possam trazer conseqüências graves à vida em todas as suas formas.

Os locais mais conhecidos são:

• laboratórios de centros de pesquisa que produzem elementos patógenos (maléficos),  que causam danos à saúde do homem e dos  demais seres vivos;
• hospitais, especializados em doenças infecto-contagiosas;
• laboratórios de análises clínicas e de saúde pública;
• hemocentros;
• laboratórios de universidades;
• indústrias que manipulam substâncias tóxicas;
• locais de armazenamento de produtos originários da indústria química, assim como os diversos meios de transporte de tais produtos.


AS CONSEQÜÊNCIAS DA NEGLIGÊNCIA HUMANA

O homem, no intuito de utilizar tecnologias ambientalmente perigosas em larga escala, provocou graves danos à saúde humana e dos demais seres vivos, assim como acarretou sérios danos ao meio ambiente.


CONCLUSÃO

No Brasil, o termo Biossegurança tornou-se mais conhecido a partir da discussão sobre os organismos geneticamente modificados. Atualmente, tais discussões estendem-se aos mais diversos campos do conhecimento científico, especialmente à Engenharia Genética. Conforme você verificou nesta aula, as questões relativas à Biossegurança são muito complexas e envolvem as mais diversas esferas do cotidiano e do ordenamento legislativo do país. O desrespeito às normas de Biossegurança pode implicar danos irreparáveis à vida em suas diversas formas. Todo cuidado nesta área é pouco diante dos problemas que podem surgir, mas as mudanças na legislação, que estão em curso, podem trazer maior segurança para os profissionais que trabalham na área e para a população em geral.


RESUMO

Biossegurança significa obedecer a normas de segurança relativas à prevenção, à minimização ou à eliminação de riscos relacionados à exposição, à manipulação e à utilização de organismos geneticamente modificados. Compete à Biossegurança minimizar e evitar riscos para a saúde do homem e a integridade do meio ambiente. No Brasil existe uma Comissão de Biossegurança (CTNBio), que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização das técnicas de Engenharia Genética. O Congresso Nacional, discute atualmente o projeto de lei de Biossegurança, que regulamentará a manipulação de células-tronco, OGM, clonagem de seres vivos etc. A Biossegurança é exigida em locais como laboratórios, hospitais, hemocentros, indústrias etc. No passado, eventos como a Revolução Verde e acidentes industriais causaram sérios danos à vida do homem e demais espécies em função da não observação de normas de Biossegurança. O futuro aponta para a comercialização de produtos derivados da Engenharia Genética, e, nesse sentido, há a necessidade de se estabelecer normas adequadas de Biossegurança.




AULA 25 - ENSINO DE CIÊNCIAS – METODOLOGIAS E PRÁTICAS – PARTE I


A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Se fosse possível colocar todo o conhecimento humano na cabeça de uma pessoa, ainda assim, no dia seguinte, ela precisaria voltar à escola. Você já pensou sobre isso? Essa pergunta serve para lembrar, como vimos nas Aulas 14 e 16, o quanto o mundo contemporâneo vem sofrendo transformações com os impactos da Ciência e da Tecnologia. Nesse contexto, é preciso formar um cidadão que esteja preparado para lidar com tais mudanças.

Não adianta receber o conhecimento pronto, é preciso ter capacidade de se adaptar às alterações sociais, culturais e tecnológicas que estão acontecendo, bem como manter o senso crítico e ético nesse cenário de transformação.


O trabalho de Bodanese e Bernatt (2004) nos traz um resumo sobre essas quatro aprendizagens fundamentais, que podemos resumir como você verá a seguir.

1. Aprender a aprender – significa dominar os instrumentos para a produção do conhecimento a partir das necessidades que surgem na vida. Com isso, espera-se o aumento das capacidades profissionais e de comunicação no mundo.

2. Aprender a fazer – refere-se à necessidade de unir trabalho prático e intelectual, ou seja, unir, saber e fazer. Aprender a fazer está intimamente relacionado ao aprender a aprender, ressaltando que a aprendizagem ocorre ao longo da vida toda. Com as mudanças tecnocientíficas é preciso manter-se atualizado, aprendendo sempre algo novo.

3. Aprender a viver junto – é o grande desafio da Educação hoje em dia, pois é necessário trabalhar em conjunto. Para isso é preciso entender as diferenças e saber administrar conflitos. No mundo atual, a interdependência de todas as nações vem aumentando e cada vez mais as diferenças aparecem. É preciso aprender a viver junto, descobrindo e valorizando o conhecimento do outro, de sua história, de suas tradições.

4. Aprender a ser – implica o desenvolvimento da capacidade de discernimento e autonomia que torne o indivíduo capaz de passar da responsabilidade pessoal à realização do destino coletivo. Esse pilar é a síntese dos três primeiros, ou seja, aprender a ser significa aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a viver junto.


OS BLOCOS TEMÁTICOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

Os Parâmetros Curriculares Nacionais organizam o ensino de Ciências no Ensino Fundamental em blocos temáticos, para que os
conteúdos relacionados não sejam tratados como assuntos isolados. Dessa forma, o educador pode criar e organizar o currículo segundo sua realidade escolar. Os PCN estruturam o ensino de Ciências nos seguintes blocos temáticos: Ambiente; Ser Humano e Saúde; Recursos Tecnológicos; Terra e Universo (BRASIL, MEC, 2000).



RESUMO

O que você precisa saber?

O Ensino de Ciências é cada vez mais importante para a formação do cidadão, objetivando a Alfabetização Científica e Tecnológica tão necessária diante das mudanças no mundo moderno. Segundo o Relatório da Comissão Internacional sobre Educação da Unesco, o ensino deve se basear em quatro pilares: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos e aprender a ser. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugerem a organização dos conteúdos de ensino de Ciências em quatro blocos temáticos: Ambiente, Ser Humano e Saúde, Recursos Tecnológicos e Terra e Universo. Entretanto, para as Séries Iniciais, os PCN recomendam o trabalho com os três primeiros blocos. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil propõe o eixo de trabalho Natureza e Sociedade que integra a compreensão do mundo social e do mundo natural.


AULA 26 - ENSINO DE CIÊNCIAS – METODOLOGIAS E PRÁTICAS – PARTE II


OS BLOCOS TEMÁTICOS E OS TEMAS TRANSVERSAIS

Você deve lembrar que na Aula 25 iniciamos o trabalho com metodologias e práticas baseadas nas orientações do Relatório Delors (DELORS, 1996) e nas sugestões dos PCN, utilizando os blocos temáticos. Agora, vamos incorporar também o trabalho com os Temas Transversais, que foram propostos pelos PCN, para tratar as seguintes questões sociais relevantes: Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e Orientação Sexual.

Os Temas Transversais, como o próprio nome indica, são conteúdos que atravessam o currículo sem se caracterizarem como uma disciplina isolada. Os educadores devem encontrar modos de trabalhar os temas transversais em cada disciplina junto aos conteúdos programáticos específicos de cada conhecimento escolar.

METODOLOGIAS E PRÁTICAS PARA O BLOCO TEMÁTICO RECURSOS TECNOLÓGICOS

Neste bloco temático, você vai encontrar temas e conteúdos relacionados às transformações dos recursos naturais tais como energia, máquinas, instrumentos, alimentos, bem como às conseqüências do desenvolvimento tecnológico na sociedade em geral. É um espaço adequado para discutir a relação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), levando em conta as diversas culturas, as questões éticas, os valores e as atitudes dos seres humanos, além de desenvolver habilidades para utilizar a tecnologia e compreender seus impactos na sociedade.


Uma aula-passeio possui quatro etapas:

• Motivação – com atividades que levem o aluno a se interessar pelo passeio que vai fazer. Por exemplo: assistir a um vídeo sobre o assunto que é motivo do passeio.
• Preparação – conteúdos prévios para que o passeio seja produtivo. Por exemplo: uma aula que o professor ministra depois do vídeo de motivação.
• Ação – é a aula-passeio propriamente dita.
• Comunicação – momento em que os alunos elaboram o que viram ou fizeram durante o trabalho. Por exemplo: a produção de relatórios, de jornais de divulgação do que foi realizado, oficinas de arte etc.

A aula-passeio é uma proposta metodológica muito rica para o ensino de Ciências e pode ser utilizada em todos os níveis de ensino.





RESUMO

O que você precisa saber?Para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais recomendam o trabalho com os blocos temáticos Ambiente; Ser Humano e Saúde; Recursos Tecnológicos. Esta aula tratou apenas do bloco Recursos Tecnológicos e do eixo de trabalho Natureza e Sociedade, sugerido no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.




AULA 27 - O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS


QUE É LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS?

O laboratório de Ciências na escola pode ser definido como o espaço para a realização e o desenvolvimento de experiências controladas, que explicam fenômenos e fatos do cotidiano, possibilitando, no indivíduo, o surgimento de questionamento, investigação e análise crítica dos fatos.


FINALIDADE DO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS

O laboratório de Ciências é um espaço importante para a escola e deve ter como objetivos:• incentivar a curiosidade da criança sobre novas descobertas;• despertar o gosto pela Ciência na criança, pois fazem parte de sua natureza a curiosidade, a investigação e a observação;• facilitar a pesquisa científica;• possibilitar a formação crítica da criança diante das descobertas científicas presentes no seu cotidiano.É importante ressaltar que parte considerável das escolas brasileiras não dispõe de um laboratório de Ciências devido a inúmeros fatores que serão comentados mais adiante.


CIÊNCIAS

A montagem de um laboratório, segundo Weissmann (1998), requer o cumprimento de uma série de requisitos fundamentais ao seu perfeito funcionamento, que serão enumerados em seguida:
Espaço físico
É recomendado prever um mínimo de 3m² por aluno para a área de experimentação. Acrescentar 1m² por aluno para guardar material portátil, além de 1,5m² para estantes, mesas e área de circulação. No total, teremos 4,5m² por aluno.
Materiais empregados na construção
É imprescindível utilizar como critério para a escolha de materiais de construção a resistência destes aos ácidos, alcalinos e solventes, bem como a capacidade de isolamento acústico. As paredes devem ser construídas com materiais que sejam resistentes a substâncias corrosivas, que exijam manutenção simples e sejam de fácil limpeza.
Posto de serviço
O posto de serviço deve conter as seguintes instalações:
• água
• drenagem
• energia elétrica
• gás
Equipamentos de segurança
São necessários dois exaustores para cada 100m². A sala deve dispor de duas saídas de emergência. É fundamental providenciar, também, extintores de incêndio em plenas condições de uso e um estojo de primeiros socorros completo. Procurar, também, instruir os demais profissionais que trabalham na escola sobre como agir em caso de acidentes.


Mobiliário

É recomendado seguir a tendência atual de selecionar mesas móveis de múltipla posição, fáceis de serem acoplados aos postos de serviço. As estantes devem ser de material resistente à corrosão e de alturas diferentes, sendo que algumas devem facilitar o acesso dos alunos e outras devem dificultar o acesso a materiais frágeis ou perigosos. É importante escolher estantes fechadas para o material de drogaria. Os bancos devem ser individuais e com a altura compatível com a das mesas.Equipamentos e materiaisOs equipamentos e materiais devem ser classificados e armazenados segundo critérios funcionais, como por exemplo: • temática: flutuação, circuito elétrico, som etc.• função: microscópio, lupa, instrumentos de medida etc.• material: plástico, vidro, metal, madeira, tecido etc.


OBSTÁCULOS A SEREM ULTRAPASSADOS NA MONTAGEM DE UM LABORATÓRIO


O professor de Ciências também pode transformar uma sala de aula em laboratório, caso verifique que o da escola não pode ser utilizado por todos os alunos ou a grande quantidade de grupos impeça o uso deste com a freqüência desejada. Entretanto, podem surgir problemas como:

• inadequação da escolha do local das classes, mesas ou bancadas para o trabalho em pequenos grupos. A área das classes é pequena para a realização de atividades e, se a superfície é inclinada, impede o uso de queimadores e recipientes, ou a montagem de dispositivos frágeis;
• inexistência de um ponto de água no local;
• falta de espaço para instalar um simples viveiro ou aquário;
• escassez de móveis adequados ou em número suficiente para armazenar os materiais e ferramentas ou para guardar os trabalhos dos alunos.
Uma série de providências pode ser tomada caso você deseje transformar a sala de aula em laboratório, como por exemplo:
• armário com cadeado para guardar os materiais frágeis ou perigosos;
• estantes para o equipamento e os trabalhos dos alunos;
• recipiente com torneira sobre um balde como fonte de água.


CONCLUSÃO

É possível verificar que o laboratório de Ciências não costuma ser um espaço desejado na escola, não é prioridade. Até mesmo os educadores advogam a formulação de experiências em espaços fora da sala de aula e da escola, os quais podem favorecer maior riqueza de experiências, desde que os alunos sejam guiados por bons professores. Eis a questão: como e quem define os “bons” professores? Isto é relativo. Por mais criativos que sejam os professores e mesmo havendo “n” possibilidades de se fazerem experiências ao ar livre, nada substitui um laboratório de Ciências bem equipado, o qual, além dos equipamentos e materiais necessários, conta também com uma atmosfera especial, por ser um laboratório de pesquisa que faz jus ao nome.

Não pretendemos formar cientistas ao defendermos a necessidade de as escolas terem laboratórios de Ciências, mas indivíduos que reconheçam os fenômenos da Natureza, saibam explicá-los e consigam transformar o cotidiano com seus experimentos.


RESUMO

científicas que expliquem fenômenos e fatos do cotidiano. Seu objetivo é incentivar a curiosidade do aluno, despertar o prazer do estudo da Ciência e possibilitar a formação de um cidadão crítico. O funcionamento de um laboratório depende da existência de uma infra-estrutura mínima em termos de espaço físico, posto de serviço, mobiliário, equipamentos e materiais. O professor também pode improvisar numa sala de aula, desde que a mesma preencha requisitos básicos. Experiências diversas podem ser realizadas num laboratório nos mais diversos campos do conhecimento científico. No Brasil, ainda é insuficiente o número de laboratórios nas escolas.





AULA 28 - AS INSTITUIÇÕES CULTURAIS E A ESCOLA: PARCERIA


DIVULGANDO A CIÊNCIA

Na década de 1980, um grande número de países assumiu um compromisso com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no sentido de implementar uma nova meta para a educação em Ciências, sob o slogan “Ciência para todos”. Essa diretriz dizia respeito à popularização da Ciência, como forma de favorecer a compreensão da importância do conhecimento científico para o progresso da humanidade.


Hoje, o professor de Ciências não deve utilizar apenas o livro didático como instrumento de trabalho, mesmo que seja de qualidade e elaborado por estudiosos da área de ensino de Ciências, pois os inúmeros questionamentos sobre o significado da Ciência e os limites do avanço científico não são respondidos somente pelo livro didático.É cada vez maior a utilização de materiais paradidáticos como jornais, revistas, vídeos, CD-ROM, televisão educativa e rede de computadores (Web). Entretanto, faz-se necessário o estabelecimento de critérios para o uso de tais instrumentos, no sentido de otimizá-los.


O que é um Centro Cultural?

Os centros culturais são espaços abertos à cultura em geral, que não dispõem de acervo próprio, diferentemente de um museu. As exposições realizadas são montadas a partir do empréstimo de objetos pertencentes a indivíduos e instituições como museus e centros culturais, mantidas por empresas e governos. Essas exposições têm um caráter temporário, limitando-se a algumas semanas ou meses.

O que é um Museu?

Segundo Almeida (1997), o museu é uma instituição permanente que adquire e preserva objetos e documentos, bem como efetua pesquisas a esse respeito. Os museus podem ser classificados de diversas maneiras mas, geralmente, podemos agrupá-los da seguinte forma:

• Tipo de acervo – belas artes, arte contemporânea, biológico, histórico etc.
• Área de pesquisa – antropologia, arte, saúde pública etc.

Geralmente, os museus são agrupados em dois grandes conjuntos: museus de Arte e museus de Ciências.


ATIVIDADES OFERECIDAS PELAS INSTITUIÇÕES

Os centros culturais e museus costumam oferecer uma série de atividades culturais por meio do setor educativo; tais atividades complementam e enriquecem as exposições ou eventos que estão sendo realizados.As atividades desenvolvidas podem ter formatos diversos, tais como palestras, oficinas, exibição de vídeos, apresentação de peças de teatro, brincadeiras com jogos educativos, acesso a sites da internet etc. Essas ações são realizadas por uma equipe de profissionais das áreas de arte e educação, obedecendo a uma programação previamente elaborada pelas citadas instituições.


MUSEUS

Os papéis do professor de uma escola e o do educador de um centro cultural ou museu complementam-se, pois as contribuições de cada um são extremamente importantes para o aprendizado resultante da visita dos estudantes à instituição, conforme veremos em seguida.O papel do professorO professor, em geral, não domina todos os temas de uma exposição. É importante considerar sua experiência pessoal, no que diz respeito às visitas aos centros culturais e museus. Na maioria das vezes, essa visita é realizada no tempo livre do docente; o modo de organizar uma visita com os alunos tem relação direta com o grau de intimidade que o professor tem com essa prática cultural.


Papel Do Educador No Centro Cultural E No Museu

É recente a atuação de um educador em centros culturais e em museus brasileiros; trata-se de um especialista que deve envolver-se em todas as fases de planejamento de uma exposição, desde a montagem da mostra, a escolha das cores, o desenvolvimento de materiais instrucionais etc. O educador em museus e centros culturais também promove cursos de capacitação para professores da rede de ensino, visando a possibilitar a exploração da riqueza dos conteúdos de uma exposição; ele também deve oferecer minicursos e oficinas a professores e alunos, bem como implementar pesquisas.


IMPORTÂNCIA DA VISITA

Os museus têm um grande potencial a ser explorado, em relação a seu acervo, e podem complementar o aprendizado da escola das mais diversas formas.


SELEÇÃO DE TEMAS DE EXPOSIÇÕES
É importante ressaltar a importância do momento da escolha da exposição a ser visitada pelo professor e seus alunos. O docente deve tomar uma série de cuidados no processo de escolha dos temas, pois inúmeras questões estão envolvidas, de forma subjacente, nesse processo, as quais poderão indicar se a escolha da temática foi adequada ou não. A seguir, apontaremos os principais critérios a serem levados em conta.

1. Parâmetros de escolha da exposição:
– abordagem de questões relativas à Ciência, Biologia, Meio Ambiente, Saúde e Educação;
– relevância mundial, nacional ou local;
– desenvolvimento de valores imprescindíveis ao exercício da  cidadania;
– respeito à diversidade de valores, de crenças e de  comportamentos;
– sensibilização e motivação do indivíduo.
2. Dificuldades de escolha temáticas:
– amplitude da área de Ciências, a qual engloba, hoje em dia,  áreas distintas como Biologia, Química, Física, Meio Ambiente, Saúde e Educação;
– diversidade cultural da realidade dos estados e regiões brasileiras;
– crise no ensino de Ciências.

Ao selecionar temáticas de Ciências que possam ser discutidas no formato de exposições, você, professor, tem um leque muito amplo de assuntos a serem abordados fora da sala de aula.

Recomendamos exposições que tenham como temática:
• Universo e Planeta Terra.
• Pré-história e História.
• Ciência e Tecnologia.
• Meio Ambiente e reciclagem de materiais.
• Saúde Humana.
• Nutrição.





PREPARATIVOS PARA A VISITA ÀS INSTITUIÇÕES CULTURAIS

A visita a uma instituição cultural, no caso de um museu ou centro cultural, exige bastante esforço do professor, pois uma série de providências são necessárias, caso desejemos que a visita seja bem-sucedida.Os procedimentos devem ser observados criterio-samente, no sentido de evitarmos transtornos e mal-entendidos no decorrer da visita. A seguir, listamos os preparativos indispensáveis:• escolha da temática a ser abordada;• seleção da instituição cultural;• contato com a instituição para a marcação de visita (data, horário) e envio de documento oficializando o pedido, além da verificação da disponibilidade de guias;• providências de logística, ou seja, transporte da turma à instituição, distribuição de lanches etc.;• preparação da turma para a visita, por meio de discussão em sala de aula sobre a importância da temática escolhida e a aplicação de um instrumento de aprendizagem (questionário, entrevista etc.);• implementação da visita à instituição;• avaliação da visita com os alunos, individualmente e em grupo.


LIMITES DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Hoje em dia, inúmeros pesquisadores discutem o papel e o limite da divulgação científica, como, por exemplo, Sepúlveda (2003), conforme já foi abordado na Aula 14.Dentre os questionamentos, os mais freqüentes são: • Qual deve ser o meio mais eficiente de aprendizado sobre Ciências: aula, artigo de livro ou periódico ou uma visita a museu?• A função da divulgação científica é despertar a motivação dos alunos?• É função do museu (ensino não-formal) sanar as deficiências da escola no ensino de Ciência?

CONCLUSÃO

O professor de Ciências não deve utilizar apenas o livro didático como instrumento do ensino desta disciplina, pois as constantes indagações sobre o que vem a ser Ciência e quais os desdobramentos e limites do avanço científico não conseguem ser revelados pelos livros. É importante acrescentar outros recursos didáticos ao ensino de Ciências, tais como visitas às exposições e participação em atividades de centros culturais e/ou de museus, no sentido de possibilitar novas formas de aprendizagem, conforme discutimos nesta aula. Caso a sua cidade não disponha de uma instituição cultural, procure levar os seus alunos para a cidade mais próxima que disponha de tal espaço. A sua escola também pode criar espaços alternativos para exposições, de acordo com a aprovação e compreensão de diretores, professores, alunos e funcionários, a respeito da importância da criação de um local específico para tais atividades.

RESUMO

O ensino de Ciências, hoje, requer a utilização de diversos recursos didáticos. O centro cultural e o museu são espaços de divulgação científica que devem ser visitados pelos professores e alunos. As instituições oferecem inúmeras atividades culturais que complementam os eventos em cartaz. O professor deve seguir uma série de procedimentos antes de visitar uma instituição com seus alunos, pois isso define o sucesso da visita. A instituição cultural não deve ser vista como substituta da escola. O aprendizado de Ciências acontece principalmente na sala de aula. O educador torna-se cada vez mais presente no quadro de pessoal das instituições culturais e seu trabalho tem adquirido grande relevância.




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