quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

RESUMO MOVIMENTOS SOCIAIS AP2

RESUMO MOVIMENTOS SOCIAIS AP2

MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO: REDE DE AÇÕES E LETRAMENTO PARA O MUNDO. V. 2 / CLÁUDIO RIBEIRO; VIRGÍNIA DE OLIVEIRA SILVA. - RIO DE JANEIRO: FUNDAÇÃO CECIERJ, 2010.

AULA 14 - A REDE DE REPRESENTAÇÕES DE IMAGENS NA CONSTITUIÇÃO DO MUNDO QUE DEPENDE DO EU E DO OUTRO
“A representação é a operação pela qual a mente tem presente em si mesmo uma imagem mental, uma idéia ou um conceito correspondendo a um objeto externo” (JAPIASSU; MARCONDES, 1996). Evocam-se, assim, os infinitos significados construídos individualmente a partir da idéia de relação entre algo externo ao homem (portanto, do mundo objetivo) e outro algo que ele constrói internamente, em sua mente (mundo subjetivo). A representação, nesse ponto de vista, pode ser a relação entre o significado de imagens “fora dele” (do homem) que se reproduzem “dentro dele”. As representações. Elas são objetivas e subjetivas. Representamos algo para lhe dar um significado e, deste, um sentido. Representamos coisas para que possamos viver em coletivo. O homem só é capaz de viver em grupo, na associação com pares que atendam a interesses, e os interesses são muitos, pois não somente dependem dos significados e do sentido que a eles damos, mas dos significados e sentidos dados à vida em coletivo. De forma tal que os sujeitos só são capazes de projetar imagens a partir desse primeiro contato com os significados sociais, dando assim um sentido às suas vidas mediante as representações sociais. Dessa forma, o homem participa com o seu sangue e vida para manter o que já aí está e que o sustenta. Uma integração entre homem e mundo. Um sem o outro nada é; ambos, vistos de forma integrada, são um só (apesar de não serem a mesma coisa), pois o produtor é aquilo que produz apesar de o produto não se resumir ao produtor. Conseqüentemente, se se fala em representação social, evocam-se significados de construção coletiva; uma convenção de significados compartilhados (a língua, por exemplo), a fim de que um fio estreito de relações (sígnicas) oriente a semântica expressiva do que denominamos realidade e, portanto, nossa leitura de mundo. Os meios de comunicação, nesse sentido da leitura de Mundo, veiculam imagens que nos são apresentadas como “imagens modelos”. Mediando idéias, dando-nos sentidos a determinados registros cujos signos, na dinâmica social, passam a representar coisas antes inimagináveis. O mercado, por meio da propaganda, ergue o sentido de tais representações a partir do desejo humano, a partir daquilo que poderia gerar prazer ao corpo humano. Na produção de significados, verificável na experiência da vivência com um outro, um mostra ao outro o que é e sente, isto é, um se esforça para representar o mundo num determinado sentido, e nos revela como este o afeta, propiciando a uma pessoa ter uma tendência de se comportar diante de determinadas situações, pelo que nos apresenta sua integração com o Outro. O Outro, em Psicologia, é tudo aquilo que não é o Eu. Dizemos, assim, que todos os significados advindos das imagens que uma pessoa adquire no seu convívio com a Cultura são um Outro que ela tem em si. A única coisa que podemos dizer que pertence a um Eu reduz-se ao ato da escolha que as pessoas fazem diante do conjunto de informações que se lhes erguem à mente como uma sucessão de imagens sobrepostas dotadas de significados. A compreensão de como se ergue o desenvolvimento psicológico e de como o comportamento está sujeito às moções e às volições é fundamental para compreendermos a fundo o fenômeno dos Movimentos Sociais e sua relação com a Educação, pois o professor capaz de compreender a subjetividade do outro que há diante de si torna-se capaz de compreender o mundo para além de si mesmo, de ver o Outro que há em si, sem nunca ter se dado conta disso. Este mesmo professor poderá ajudar seus alunos a se verem e se pensarem, na necessidade da descoberta de limites e na reta reflexão das opções de que dispõem para efetuar suas escolhas. Vamos continuar vivendo do jeito que vivemos ou não? O quê, como e por que podemos e devemos mudar em nós mesmos e, por extensão, em nosso entorno? Quais são as reais vantagens e desvantagens para agirmos no afã de transformar o tipo de vida que temos no mundo? Estas questões são fundamentais para o seu ensino, visto que ver o outro demanda uma auto compreensão sofisticada do Eu e uma sensibilidade para ver o Outro. Tanto esta auto compreensão quanto esta sensibilidade serão essenciais para o sucesso da união de indivíduos que se organizam na aprendizagem de agir em coletivo, tendo em vista que as relações humanas não prescindem de significados que afetam permanentemente o corpo, construindo significados positivos e negativos, ou gratificantes e desagradáveis para a vida de cada um, cujo Eu permanentemente busca realizar-se no Mundo mediante todas as representações que são ou que se tornam possíveis de expressar. Dessa forma, ter consciência é comungar com uma leitura amalgamada pela e na cultura. É ter ciência da semântica que determinadas ações ou atitudes obtêm nas tramas de um mundo em que os valores são permanentemente cambiáveis pelas representações que se dinamizam com a produção humana para erguer e manter o mundo. E, enfim, ao pensar sobre o Eu e o Outro, pensa-se numa consciência, pois, se o mundo é constituído na integração de subjetividades que se unem na produção de seus interesses para a manutenção da vida, interesses acordados pelos significados sociais, dos quais se depreende um modo de se produzir o mundo em sua inevitabilidade, há uma ideologia para o viver. A realidade, portanto, se nos faz perceptível através do aparelho humano que apreende imagens sobrepostas no registro da memória e as reorganiza individualmente. A projeção coletiva das imagens representadas subjetivamente é a convenção de idéias intermediada pelo significado das imagens apreendidas no mundo, dando-nos um sentido para a vida, ao dividirmos valores com o outro. Por fim, das imagens do pensamento sobre a realidade, seguindo lógicas morais e éticas, tem-se a orientação para um desenvolvimento de comportamento social esperado, garantido pelas instituições. Compreende-se, assim, que as instituições projetam. idéias e formam imagens que devem ser reproduzidas para que seja possível a uma pessoa ter um determinado tipo de consciência de mundo, cuja realidade existe pela representação simbólica, e que, portanto, foi inventado e fomentado para atender a necessidades individuais e sociais que, por sua vez, exigem um padrão de comportamento, caso uma pessoa queira pertencer a um grupo. Por todas essas razões, só poderíamos admitir que a consciência se desenvolve pela e na interação de um conjunto de imagens que são apreendidas pelo corpo e nele significadas pelo parâmetro social. As individualidades, assim, digerem valores exemplares da materialidade dos signos formados pelo sistema de comunicação social. A realidade ideológica compõe uma teia de relações em que o econômico se apresenta destacadamente (MARX, 1977), e as individualidades constituem o eixo motor de produção dessa realidade situada numa ordem determinada pelo tempo-espaço. conhecimento da realidade exterior – isto é, a aprendizagem dos limites socioculturais e as conseqüências desagradáveis advindas do custo de ser obrigado a enfrentá-las, bem como as experiências agradáveis com que um grupo social pode recompensar um indivíduo – corresponde, para Laborit (1976), ao princípio de realidade. Laborit (1976) defende existirem três níveis de organização de ação: 1) um nível bem primário, em que o organismo responde a estímulos internos e externos, de modo mecânico e incapaz de adaptação; 2) um nível elaborado para a ação, derivada da soma de experiências anteriores, conservadas na memória como agradáveis ou desagradáveis, úteis ou inúteis, em nível de sensação aprendida – pelo que se subsume a forma primitiva assim estruturada pela aquisição de uma aprendizagem; 3) o terceiro nível adviria do desejo, em que se situa o desenvolvimento do pensamento frente à articulação da antecipação da ação com a realidade, por meio de estratégias que asseguram ações gratificantes e/ou aquelas que poderão evitar o estímulo nociceptivo. Há, nesse nível, a capacidade de abstração. Pensar poder abstrair da realidade antecipações para o bem coletivo é pensar extrair o que coletividades desejam como ações que projetem sensações agradáveis à existência.
CONCLUSÃO
Uma vez que grupos entendem estarem à parte de usufruir bens de consumo e vantagens que toda essa dinâmica mercadológica promove como idéias de desejo e lutam contra a representação hegemônica para produzir sua própria realidade de produção de vida, acabando por formalizar um movimento social. Os organismos orgânicos, na integração com pares, formam organismos sociais e travam uma ação para fazer frente aos seus interesses de manutenção. Fundam novos significados diante da falta de sentido que esse mercado promove a partir da visão concreta de poucos usufruírem luxo enquanto outros vivem na miséria ou perto disso. Ou, ainda, entendem que sua miséria sustenta o luxo de ricos empresários, governantes, banqueiros e “parasitas” sociais, que produzem e mantêm uma invenção econômica cuja dinâmica cria ações, bolsas de valores e investimentos associados ao mercado de produtos que, muitas vezes, em nada interessam diretamente às suas vidas, mas das quais pessoas passam a depender indiretamente, queiram ou não. Os movimentos fazem frente à barbárie humana. Ao ver como as imagens da mente são criadas pelo processo de integração mundo interior x mundo exterior, por meio da relação entre o objeto percebido e o seu registro sígnico, engendrado na memória, entendemos que as representações são dotadas de um sentido tanto pessoal como social. Social, na medida em que os signos estão registrados em todos os fenômenos do mundo, e pessoal, visto que as projeções mentais só podem ser feitas no corpo humano, logo, a partir de sensações percebidas e significadas subjetivamente. O conjunto de significados sociais, na relação entre o fato concreto de vantagens e o de desvantagens, se contrapõe a  significados produzidos pelo mercado de consumo, mediados pela comunicação social, cuja idéia defende a razão de que produtos são vantajosos à vida e podem e devem ser distribuídos a todos, pelo que se induzem grupos a ler o mundo por um mesmo prisma, incitando-os a ter um mesmo tipo de consciência diante dos fatos a que são submetidos. A má divisão do que se produz e o difícil acesso a mercadorias que, muitas vezes, são desnecessárias à vida, entretanto, levam sujeitos a entenderem não desfrutar de um mercado de vantagens e a lutarem pelos seus direitos de consumo, ou, ainda, a lutarem para poderem sobreviver dentro do seu melhor possível, apesar de todo o interesse do mercado de ver o ser humano não pela sua capacidade de se relacionar com os demais, mas como um mero consumidor de produtos oferecidos. Ao lermos o mundo que nos cerca, vemos poucos usufruírem luxo. São muitos vivendo na necessidade. Tal leitura da organização do mundo que nos cerca pode levar grupos a se unirem para se organizarem de um modo ativo ou passivo, visando atender a suas necessidades de vida. Esse esforço coletivo de organizar a vida para atender a suas necessidades acaba por se encontrar, de uma forma ou de outra, com a inevitabilidade de tudo aquilo que aí já está, pois não são agentes apartados da teia social, não são sujeitos isolados de sistemas socioeconômicos e de sua administração voltada para o que governantes pensam ser fundamental para a manutenção da vida. Os grupos, assim, podem ir contra os interesses hegemônicos ou não, isso dependerá de sua ação e reivindicações. Enfim, os movimentos sociais podem ser vistos sob a ótica em que pessoas agem dentro de uma mesma consciência para alcançar sua felicidade e bem-estar, já que se encontram em dificuldades para usufruir a rede de vantagens socioeconômicas, associadas às idéias de conforto e facilidades em um mundo que parece ter sido erguido para o prazer. As pessoas querem ser felizes, mesmo que tenham de lutar para viver esse tipo de sentimento.
RESUMO
As imagens sobrepostas de que dispomos na mente humana dinamizam as relações entre as representações pessoais e as representações sociais. Na projeção de imagens de consumo, o mercado apresenta imagens de desejo, remetendo-nos diretamente ao prazer das sensações do corpo e reunindo um conjunto de produtos cuja aquisição trará conforto, facilidades e prazer. A incoerência entre essas imagens de vantagens e a falta de oportunidade a esses acessos mobiliza muitos a conquistar seu espaço
social e atender a suas necessidades para a sobrevivência. Categorizados como movimentos ativos ou passivos, grupos tentam agir para sanar problemas sociais, numa organização possível pela qual pensam serem capazes de trazer situações gratificantes às suas vidas, opondo-se à má divisão das vantagens sociais, mediante o que significam como desagradáveis ao organismo. Agem mediados pelos valores do mercado de vantagens à sobrevivência, pois tais grupos vivem sob o mesmo teto das representações do mercado globalizado de consumo de bens, cujas idéias são mediatizadas pela comunicação social para o desenvolvimento da consciência comum, desenvolvendo a imagem de que o consumo trará “felicidade à vida”.

AULA 15- Bem-estar e felicidade: direção comum da ação humana - BEM-ESTAR SUBJETIVO E O TRABALHO EM COMUNIDADES- Bem estar é  estar satisfeito com o que se tem, ou com o que se é, ou com o que se faz. A satisfação, assim, nessa concepção, está ligada à capacidade e ao desempenho de uma pessoa agir. O sujeito que age é uma pessoa capaz de pensar para superar obstáculos, pois até mesmo encontrar as palavras certas no momento certo exige uma ação do próprio pensamento. A troca de leitura entre pessoas é a leitura intersubjetiva. Esta leitura tem sua representação na troca de ações. Poderíamos dizer ações de troca, pois um age para trocar interesses com o outro. Nesse sentido, o outro também pode ser visto como um obstáculo a ser superado. Os significados que uma comunidade dá a determinados valores, articulando-os de forma a dar continuidade ao processo de suas representações, só pode ser entendido quando suas imagens são vivenciadas. E vivenciar é isso: compreender pelos sentidos aquilo que a razão desconhece conhecer. A satisfação se situa nesse âmbito cognitivo afetivo, em que seleciono, pela e na memória, regras e representações para conquistar o meu ter, ser e fazer social. Organizar imagens na mente é articular o pensamento. E organizamos as imagens de que dispomos de acordo com a nossa personalidade. Cada pessoa constrói sua leitura tendo como referência sua própria vivência. Suas características genéticas também são determinantes, pois o modo como cada pessoa recebe suas impressões de registro depende concretamente de como ela é bioquimicamente constituída, de maneira tal que a realidade é impressa em cada um diferentemente. Uma comunidade, assim, vivenciando suas dificuldades concretas, desenvolve, na sua vivência, seus significados próprios como sendo um registro de sua memória social. Mas, apesar disso, as regras de ordem estrutural assemelham-se a modelos hegemônicos, isto é, há sempre um “chefe” que decide e manda. Um líder que centraliza interesses. Uma hierarquia de pessoas cujos pensamentos parecem projetar imagens organizadas de modo que devem ser seguidas. Realizar é, portanto, representar o que se conhece. Ver o outro demanda enxergar suas características de personalidade, caráter e temperamento. É claro que nos sentimos mais seguros diante da previsibilidade de pessoas de caráter confiável e temperamento sereno. Mas a personalidade de cada um revela-nos como uma pessoa consegue lidar com os sentimentos a que estamos sujeitos: raiva, inveja, ciúme, rejeição, desejo de poder, sujeição, ansiedade e carências... É através da personalidade que percebemos como uma pessoa gere seus sentimentos e... vemos suas atitudes, através da compreensão do fenômeno de seu movimento no mundo.O agir do psicólogo ou do educador tem como objetivo o desenvolvimento de pessoas capazes de superar obstáculos. Pelo que penso, isso demanda um conhecimento vinculado ao perceber-se no outro, percebendo-se a si mesmo. As pessoas simplesmente se desenvolvem, desenvolvendo conhecimento, e o conhecimento ocorre a todo instante, na permanente troca intersubjetiva de leituras e ações. A prática do trabalho comunitário, portanto, visa a demandas sociais, objetivando o bem-estar pela ação solidária. Nessa perspectiva, cremos ser perfeitamente possível afetar pessoas pela compreensão de leituras que passam muito longe de serem feitas pelo nosso próprio umbigo... A potência humana se manifesta, pois, de acordo com nossas crenças e desenvoltura para agir na realização do que desejamos fazer de nossas vidas e do nosso entorno. A leitura é iniciada desde antes da alfabetização, quando aprendemos os signos que nos são apresentados como uma grande, gelada e gostosa Coca-Cola, num dia de verão, tomada ainda nos braços de nossas mães – que querem o melhor do mundo para nos dar... Mas é na escola que se formaliza a leitura de signos que chamamos alfabetos, bem como outros signos pelos quais estão implícitas diferentes ideologias, formas de pensar e orientar a conduta coletiva.

AULA 16 - Conceituando Escrita, Alfabetização e Letramento - ESCRITA, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO -escrita, alfabetização e letramento compõem um conjunto indissociável, em que os sistemas de escrita seriam um produto cultural por excelência , enquanto que a alfabetização e o letramento seriam processos de aquisição de um sistema escrito, logo, culturais. A alfabetização, para TFOUNI (2002), estaria relacionada mais propriamente à aquisição da escrita como aprendizagem de habilidades para a leitura, a escrita e as práticas de linguagem. A alfabetização seria adquirida formalmente, ainda segundo a autora, pelo processo de escolarização, pertencendo, assim, ao plano individual. Já o letramento focalizaria os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita, procurando, entre outras tarefas, “estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada”. O letramento tem por objetivo pesquisar quem é alfabetizado e também quem não o é, desligando-se, desta forma, de enfocar o individual e centralizando-se mais no social. Grosso modo, letramento, para essa autora, seria o processo de exposição aos usos sociais da escrita que os  indivíduos sofrem mesmo que, no entanto, não saibam ler nem escrever. A escrita- A invenção da escrita data aproximadamente de 5000 a.C., mas a sua difusão e adoção deram-se – e dão-se até hoje, inclusive - de modo lento e sempre sujeito a fatores políticos e socioeconômicos.Neste sentido, podemos afi rmar que não há neutralidade no processo de disseminação dos sistemas escritos, visto que sempre se encontram condicionados a um determinado contexto histórico-temporal. Tanto é que vários códigos foram criados pelos homens, como por exemplo: a) pictográficos – simbolizando diretamente os referentes concretos; b) ideográficos – procurando representar o pensamento ou as idéias; e c) fonéticos – “representação” aproximada dos sons da fala. Porém, nenhum deles pode ser considerado como sendo um produto neutro, e sim como resultado das relações de poder e de dominação existentes em toda e qualquer sociedade humana. Esta relação de poder é melhor compreendida quando pensamos que a escrita serviria para difundir e socializar as idéias e os conhecimentos. A escrita pode ser considerada, assim, tanto como uma das causas para o surgimento das civilizações modernas, quanto para o desenvolvimento científi co, tecnológico e psicossocial das sociedades que a tenham adotado de modo amplo. A alfabetização - há duas formas usuais de se compreender alfabetização: a) como um processo de aquisição individual de habilidades necessárias à leitura e à escrita ou b) como um processo de representação de objetos diversos, de naturezas diferentes. a alfabetização se
caracterizaria pelo seu aspecto de incompletude e que o ato de descrever os objetivos a serem atingidos durante tal experiência atenderia mais às necessidades de formalização das práticas escolares do que à alfabetização em si. A escrita não deve ser considerada como a codificação da transcrição gráfica da fala, mas sim como um sistema de representação que tem se modificado historicamente. A alfabetização, assim, deixa de ser considerada como ensino de sinais gráficos correspondentes aos sons da fala e a relação que se verifica entre a escrita e a oralidade não é mais a de dependência desta com aquela, mas sim de interdependência, ou seja, esses dois sistemas se influenciam mutuamente. O processo de aquisição da leitura e de escrita é agora percebido não mais como linear (som-grafema), mas é visto como complexo, passando, inclusive, por diversos estágios durante o seu desenvolvimento.O letramento - o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.” A autora destaca que os pesquisadores da questão do letramento se debruçam, entre outras, sobre as seguintes questões, tentando resolvê-las: a) Quais mudanças sociais e discursivas ocorrem em uma sociedade quando ela se torna letrada? b) Grupos sociais não-alfabetizados que vivem em uma sociedade letrada podem ser caracterizados do mesmo modo que aqueles que vivem em sociedades “iletradas”? c) Como estudar e caracterizar grupos não-alfabetizados cujo conhecimento, modos de produção e cultura estão perpassados pelos valores de uma sociedade letrada? tanto a ausência quanto a presença da escrita em uma sociedade devem ser consideradas como questões importantes, pois atuam simultaneamente como causa e conseqüência de transformações sociais, culturais e psicológicas, muitas vezes, radicais. O letramento seria a causa da produção de formas mais sofisticadas do comportamento humano – os chamados “processos mentais superiores” – como, por exemplo: o raciocínio abstrato, a memória ativa, a resolução de problemas etc. Ampliando os horizontes sociais, a autora aponta que o letramento é considerado como produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade da agricultura e, ao mesmo tempo, numa perspectiva dialética, revela-se como sendo uma das causas das transformações históricas profundas como a invenção da máquina a vapor, do telescópio, da imprensa, e mesmo da sociedade industrial. A autora propõe duas formas para se acabar com tal etnocentrismo. A primeira seria considerar o processo de alfabetização e o de letramento como processos interligados, porém separados em sua natureza e abrangência. A segunda seria considerar o letramento como um “continuum”. Seriam evitadas, assim, segundo a autora, classificações
preconceituosas como as ocasionadas pelas categorias “letrado” e “iletrado” e a confusão que se dá entre essas e as categorias “alfabetizado” e “não-alfabetizado”, separando-se o fenômeno do letramento do processo de escolarização, que, como já foi visto, costuma acompanhar o processo de alfabetização. Segundo a autora, a explicação para tal fenômeno não se localizaria no fato de o indivíduo ser ou não alfabetizado, mas, sim, se ele está inserido numa sociedade letrada ou não, ou seja, está na sofisticação dos processos de comunicação, dos modos de produção, das demandas cognitivas pelas quais passa toda uma sociedade quando se torna letrada e que inegavelmente irão influenciar aqueles que nela vivem, sejam eles alfabetizados ou não.
CONCLUSÃO
Nas sociedades industriais modernas, paralelamente ao desenvolvimento científico e tecnológico ocasionado pelo letramento, existe um desenvolvimento correspondente, em nível individual ou de pequenos grupos sociais, que independe do processo de alfabetização e de escolarização. No entanto, esse desenvolvimento tem um preço, pois aliena os indivíduos de seu próprio desejo, de sua individualidade e, muitas vezes, de sua cultura e de sua historicidade. TFOUNI (2002) afirma que a ALIENAÇÃO também é um produto do letramento. Afirma,  ainda, que a ciência é produto da escrita e a tecnologia, produto da ciência, e que funcionam como elementos REIFICADORES, principalmente para aquelas pessoas que, mesmo não sendo alfabetizadas, são “letradas”, mas não têm acesso ao conhecimento sistematizado nos livros, compêndios e manuais. A autora destaca também o fato de, muitas vezes, testemunharmos, como conseqüência do letramento, o fato de muitos grupos sociais não alfabetizados abrirem mão do próprio conhecimento, da própria cultura. Isso também caracterizaria essa relação como de tensão constante entre poder, dominação, participação e resistência, o que não pode ser ignorado quando se busca compreender o produto humano por excelência: a escrita e seus decorrentes necessários, a alfabetização e o letramento.
R E SUMO
Escrita, alfabetização e letramento compõem um conjunto indissociável. A escrita seria um produto cultural, enquanto a alfabetização e o letramento seriamprocessos de aquisição de um sistema escrito.A concepção equivocada que usualmente se faz sobre o processo de alfabetização associa-o a um modelo linear e “positivo” de desenvolvimento, pelo qual a criança aprenderia a utilizar e a decodificar símbolos gráficos que representariam os sons da fala, partindo de um ponto determinado e chegando a um outro patamar. Nesta aula ressaltamos que, na realidade, tal processo não se dá de maneira simplória, pois é preciso considerar diversas outras variáveis, desde a questão da alfabetização que ocorre quase sempre junto com a escolarização até a concepção de que este não é um processo linear, que, ao contrário, envolve níveis de complexidade crescentes, em cada um dos quais a criança conhece e constrói diferentes objetos. Por fi m, o conceito de letramento, compreende o processo de exposição às práticas sociais da escrita que os sujeitos sofrem, sejam esses indivíduos alfabetizados ou não.

Lembre-se de que a escrita depende essencialmente da alfabetização, mas o letramento não, no sentido de que somos capazes de ler tudo que há no mundo, mesmo sem sermos alfabetizados. Por outro lado, só aprendemos o alfabeto pela leitura dos signos.Diversas são as práticas sociais que exigem dos sujeitos (sejam crianças, jovens ou adultos) o domínio da escrita, desde a urgência de se produzir um bilhete para um parente próximo ou para um empregado até a necessidade de se enviar uma carta cobrando e oferecendo notícias a um amigo ou sócio distante, passando inclusive pelas práticas do preenchimento de um formulário, da produção de um currículo, de um cartão de Natal etc.

Para realizar novas experiências no campo da alfabetização, torna-se necessário que o professor/alfabetizador se liberte do uso de cartilhas e revisite sua própria experiência de alfabetização, procurando criticar a idéia de que a alfabetização se restringe a cópias mecânicas, já que a relação com as palavras transcende a mera correspondência gráfi cofonética, exigindo a vivência do contexto imaginativo e significativo de que se alimenta a escrita e a leitura nas diversas práticas sociais.


AULA 17 – LEITURA  E LETRAMENTOo ato da leitura pode ser considerado metaforicamente uma festa por ser desvelador, no mínimo, em três aspectos: desvelador dos mistérios das letras, das palavras e dos conteúdos. Queremos lembrar que só tecnologia não basta para transformar a escola (vista aqui como espaço sociocultural por excelência de aquisição e incentivo à leitura): é preciso tecer conheci mento com maior autonomia, incentivar as atividades interdisciplinares, decidir as teorias a ser corroboradas nas / pelas práticas e, sobretudo, fortalecer os vínculos societários e interpessoais. Atitudes como estas poderiam minimizar os efeitos negativos percebidos ao longo da história nacional. Embora, como já tenhamos dito antes, não possamos confundir como iguais a relação que costuma se estabelecer entre o processo de alfabetização e a condição de
CIDADANIA – ou seja, o fato de o indivíduo ou de uma parcela da sociedade conseguir se alfabetizar não lhe garantiria o status de cidadania automaticamente –, podemos ainda assim reconhecer a alfabetização como um entre os vários instrumentos na luta para a conquista e ampliação da cidadania em suas múltiplas dimensões.

A UNESCO E A LUTA PELO ANALFABETISMO - A luta contra o analfabetismo tornou-se prioritária em escala mundial, uma vez que ele se tornou o indicador mais evidente da exclusão social. Com isto pretende subsidiar os poderes públicos na formulação das políticas educacionais, considerando-se as diferenças regionais e intra-regionais; para atingir seus objetivos, sobretudo na área do combate ao analfabetismo, marcada por propostas salvacionistas há longa data e que geralmente fracassaram. O objetivo do PISA é “verificar como as escolas estão preparando os jovens para os desafios futuros e detectar até que ponto os estudantes adquiriram conhecimentos e desenvolveram habilidades essenciais para a participação efetiva na sociedade”. Para Maria José Féres, então Secretária de Educação Fundamental do MEC, o grande desafio do atual governo seria trabalhar para reverter  esta “tragédia brasileira”. Segundo ela, as primeiras providências já foram tomadas com o lançamento do Programa Toda Criança Aprendendo que apresentou alternativas para o resgate da qualidade do ensino por meio da implantação de uma política nacional de valorização e formação de professores, a ampliação do atendimento escolar, o apoio à construção de Sistemas Estaduais de Avaliação da Educação Básica e Programas de Apoio ao Letramento. O atraso escolar – provocado pelos altos índices de reprovação e abandono –, a desigualdade social, a baixa renda da população e a qualidade das escolas são apontados como as principais causas do baixo desempenho dos estudantes brasileiros no PISA.  Vemos assim o quanto é essencial estudar e pesquisar a importância e a relevância atribuídas à participação individual e coletiva nos Movimentos Sociais diante de diversos elementos que trazem outro
apelo e outra forma de leitura diferente da trazida pelo texto impresso.
CONCLUSÃO
A questão da leitura não se esgota no comportamento de avaliação subjetiva, ao contrário, é de ordem política, uma vez que o que está em jogo é o direito de o cidadão ter acesso tanto material quanto intelectual à informação sistematizada pela escrita e à cultura letrada. Portanto, deve haver clareza sobre o que se deve postular numa campanha social pela leitura: um direito. Sendo este mais uma face da disputa sociopolítica e cultural pelo poder, exatamente como se dá na luta pela terra, por trabalho, por habitação, por saúde e por educação, posto que é preciso reconhecer o direito à diferença de populações pobres do campo e da cidade, das formas como os jovens se expressam; de negros, indígenas, mulheres; de portadores de necessidades educativas especiais no tocante à educação. Assim, nota-se claramente a importância também sociopolítica e cultural de se fazer o inventário de experiências de incentivo à alfabetização e à leitura como as que faremos na Aula 18, buscando, quem sabe, encontrar – como disse o poeta bissexto da epígrafe, Jorge Duarte, “o(s) caminho(s) no meio da(s) pedra(s)”.

RESUMO
Você conheceu o conceito de leitura, associando-o ao universo da escrita simbólica do mundo, possibilitando a sua compreensão como um processo de inserção dos sujeitos em seu contexto histórico-temporal. Ampliou a compreensão deste conceito, abrangendo não só a leitura das palavras, mas também dos diversos e múltiplos signos do mundo. Viu como o desenvolvimento da tecnologia na sociedade pós-industrial, além de abrir novas fronteiras, proporcionou novos potenciais de relação humana, gerando a esperança da possibilidade de se pensar soluções locais para problemas globais. Aprendeu, enfim, que não podemos considerar o mero acesso ao processo de alfabetização como garantia de cidadania, ou seja, o fato de o indivíduo ou de uma parcela da sociedade conseguir se alfabetizar não lhe garantiria o status de cidadania automaticamente, mas que podemos reconhecer a alfabetização como um entre os vários instrumentos na luta para a conquista da cidadania.

 AULA 18 -Alfabetização de jovens e adultos e participação cidadã - ALGUMAS AÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA- 1950 e 1960 – Paralelamente às ações governamentais, surgem
as ações dos movimentos de educação e cultura popular, objetivando alterar a situação socioeconômica da população. Conscientização, participação e transformação são os conceitos elaborados a partir da prática e das ações (inclusive a de alfabetizar unindo cultura, educação e transformação social) de movimentos como, por exemplo: • MEB – Movimento de Educação de Base. • CEPLAR – Campanha de Educação Popular • CPC – Centro Popular de Cultura, • MCP – Movimento de Cultura Popular, • De pé no chão também se aprende a ler.
EXEMPLOS DE ALGUMAS AÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO-GOVERNAMENTAIS PROMOTORAS DO ACESSO À LEITURA- Dentro da Política Nacional da Leitura e de Bibliotecas Públicas, o  Programa Fome de Livro tem por objetivo instalar bibliotecas em 1,3 mil municípios brasileiros que não dispõem de acervo público de livros. Criado, originalmente, no início de 2004 para zerar o número de municípios brasileiros sem bibliotecas, o Fome de Livro foi crescendo, ganhando novas atribuições e metas, passando, inclusive, à condição de Plano Nacional do Livro e da Leitura. Composto por um conjunto de projetos e ações de vários ministérios, governos estaduais, prefeituras, empresas privadas e estatais e organizações da sociedade civil que atuam nos mais diferentes setores, o Programa Fome de Livro é, na prática, a implementação da política nacional de leitura e bibliotecas públicas. Tendo como cenário um país que apresenta índices baixos de leitura, a inexistência de projetos e ações de caráter permanente para reverter esse quadro e uma desarticulação histórica do Poder Público com a sociedade civil, o Programa Fome de Livro faz parte dos esforços do governo federal na tarefa de se construir uma política pública nacional para o livro, a leitura e a biblioteca pública no Brasil. um dos objetivos centrais do programa, o Fome de Livro pretende coordenar os esforços governamentais e da sociedade civil no sentido de integrar, otimizar e complementar ações públicas e privadas na área de bibliotecas públicas e leitura. o letramento – por meio de ações para zerar o analfabetismo, combater o analfabetismo funcional ou estimular a leitura democratizando o acesso ao livro e a todas as formas de informação – é condição fundamental para se promover inclusão cultural e cidadania, pontos inegociáveis para se construir um novo projeto de organização social mais justa. Para tanto, é imprescindível dar à leitura e às bibliotecas públicas a dimensão de uma política de Estado, na qual o Programa Fome de Livro será uma iniciativa fundamental.A tarefa inicial é, portanto, debater, integrar e dar sinergia aos bons projetos, planos e idéias no âmbito dos ministérios, estatais e programas federais. E promover, a partir de objetivos comuns, interconexões destes com as ações dos governos estaduais e municipais e de todos eles com as instituições do Terceiro Setor, as empresas  privadas e todos aqueles cidadãos interessados na questão e com muito a contribuir na tarefa de
formar cidadãos leitores.
PROLER/FBN - O Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER) está vinculado à Fundação Biblioteca Nacional (FBN), órgão do Ministério da Cultura e encontra-se sediado na Casa da Leitura, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. desde então, vem atuando com uma política de leitura que tem em vista colaborar para qualificar as relações sociais, através da formação de leitores conscientes e valorizadores do exercício da cidadania para a interação critica com o seu contexto. A composição plural da Comissão está baseada no fato de a preocupação com a leitura se expressar em diferentes instituições/ entidades, tanto de base acadêmico-universitária, quanto de organizações não governamentais, cuja experiência recomenda que sejam incorporadas a programas desta natureza. O Proler/FBN busca contemplar a variedade e a diversidade das práticas brasileiras de promoção da leitura.A leitura (ou o seu equivocado conceito e prática) não tem significado uma possibilidade real de inserção dos sujeitos no mundo da informação e, conseqüentemente, o exercício da cidadania passa a ser comprometido. A educação de qualidade implica prioridade política, como instrumento básico para sua consecução. As diretrizes norteadoras do Proler/FBN expressam o caráter de processo que deve orientar a formação de leitores. São elas:· • Diversidades de ações e de modos de leitura manifestadas: nas práticas de leituras promovidas; nos locais e instituições abrangidos; nas atividades organizadas. • Especificidade do ato de ler, entendendo-se que atos de leitura exigem modos próprios e competências específicas. • Articulação leitura e cultura, não se compreendendo a leitura fora dos contextos nos quais se expressam a riqueza da vida humana e suas produções. • Prioridade da esfera pública, concretizando-se ações voltadas aos interesses da maioria da população leitora e não leitora. Como é ela que, de modo geral, concentra a maioria das ações e dos agentes de leitura – professores das redes públicas – deve-se pensá-la como irradiadora das práticas leitoras. • Publicidade da leitura, enfatizando-se que ela precisa ser tema na cena social. • Democratização do acesso à leitura, pela disponibilização do material de leitura em bibliotecas escolares e públicas, em salas de aula e em salas de leitura em locais públicos. Para cumprir essas diretrizes, o Proler/FBN estabeleceu vertentes organizadoras de suas ações. Formação de promotores de leitura, tendo, como público principal, professores das redes públicas.·Promoção de ações de leitura, englobando diversas práticas leitoras. Promoção de ações estratégicas de articulação e de valorização do lugar político da leitura. Estímulo à criação de bibliotecas públicas. Divulgação de informações sobre o tema leitura, disseminando-as em rede.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTO-JUVENIL – FNLIJ - A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) foi criada em 1968 e tem como objetivo institucional a promoção da leitura e a divulgação de livros de qualidade para crianças e jovens. A FNLIJ investe prioritariamente em seu Centro de Documentação e Pesquisa (CEDOP), dando tratamento técnico especializado e informatizado com o objetivo de garantir a manutenção, implementação e disseminação do acervo de Literatura Infantil e Juvenil.  O CEDOP recebe mensalmente livros doados pelas editoras de todo o país. Esse acervo de literatura infantil e juvenil recebe tratamento técnico especializado.  Os livros concorrem anualmente ao Prêmio FNLIJ, nas categorias: Criança, Jovem, Livro de Imagem, Tradução Criança, Tradução Jovem, Tradução Informativo, Livro Informativo, Livro de Poesia, Livro Brinquedo, Livro Teatro, Livro Teórico, Livro Reconto, Revelação Ilustrador, Projeto Editorial e Ilustração.
 • Fundação Palavra Mágica - http://www.palavramagica.org.br É uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por finalidade principal o fomento e o desenvolvimento da leitura  e da cidadania e, de forma geral, da cultura e do ambiente. Acredita que a leitura é um caminho seguro que conduz para uma postura mais participativa, criativa e consciente. A Fundação Palavra Mágica cria, desenvolve e executa projetos de incentivo à leitura visando à formação para a cidadania. Todos os projetos têm a leitura como eixo central e a partir dela são trabalhados os mais diversos temas como Preservação
do Meio Ambiente, Educação para o Trânsito, Direitos do Consumidor, Conservação do Patrimônio Histórico, entre outros.
Leia Brasil www.leiabrasil.org.br/ong.htm O Leia Brasil promove o letramento através das seguintes atividades: visitas de caminhões-biblioteca às escolas públicas conveniadas, emprestando, além de livros, vídeos, gibis e exposições. É uma ONG especializada no incentivo e promoção da leitura como ferramenta de combate ao analfabetismo funcional. Promovendo as seguintes ações: a) democratização de livros e outros bens culturais por empréstimo; b) oferta de cursos, oficinas e treinamento continuado para educadores, bibliotecários e outros agentes de leitura; c) planejamento e realização de eventos, espetáculos, encontros culturais e projetos promocionais em torno do livro e da leitura. d)incentivo à produção de textos, edita os Cadernos de Leituras Compartilhadas; e e) armazenamento e divulgação de informações sobre a promoção da leitura. A Mundoquelê tem por missão fomentar a leitura e a informação em todas as concepções e conceitos, disseminando-a como elemento de participação cultural, social, além de preservação da memória coletiva e individual, propiciando aos indivíduos a sua participação na sociedade.
São objetivos específicos da Mundoquelê para atingir sua missão: a) instituir campanhas de sensibilização visando convencer diferentes atores, pessoas físicas, jurídicas e líderes de opinião, da necessidade de patrocinar a alfabetização bem como atingir as pessoas que queiram aprender a vencer suas necessidades de leitura e de escrita; b) colaborar para que cada pessoa possa adquirir a capacidade de compreender e de utilizar a informação escrita para o desenvolvimento de suas potencialidades e participação na sociedade; c) elaborar e executar programas em matéria de pedagogia da leitura e de luta contra o analfabetismo; d) promover trocas entre seus associados de informação e idéias relacionadas a livros; e) elaborar avaliações e aperfeiçoamento do “saber ler” em todos os níveis de ensino; f) trabalhar para o acesso de todos na formação de base em leitura e escrita; g) estudar formas diversas que contribuam para o ensino da leitura; h) formar leitores a domicílio e contadores de histórias; i) apresentar estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades relacionadas a promoção da leitura; j) promover a ética, a paz, a cidadania, os direitos humanos, a democracia e outros valores universais através da leitura; l) infl uenciar políticas públicas de educação; e m) buscar cooperação nacional e internacional para difusão da leitura e execução de programas com ela relacionados.

CONCLUSÃO
Em pleno século XXI, deparamo-nos, ainda, com os altos índices de analfabetismo absoluto e de analfabetismo funcional, que assolam a população brasileira, ocasionados, entre outros fatores, pela herança de uma política educacional, como vimos, quase sempre equivocada e só um pouco amenizada por parcas ações da sociedade civil organizada. Tal realidade nos impõe um verdadeiro desafio reflexivo: como garantir a todos efetivamente o desenvolvimento econômico e social, partindo de tamanha desigualdade na aquisição de direitos constitucionais?

 AULA 19-Movimentos sociais,cidadania e educação- MOVIMENTOS SOCIAIS, CIDADANIA E EDUCAÇÃO-a cidadania – o direito de ter direitos – é uma invenção do mundo moderno. O advento do Capitalismo, com o predomínio da transformação de bens e serviço sem mercadorias, veio acompanhado de lentas mudanças nos próprios processos das interações e formas de sociabilidade. A sociedade da Idade Média era organizada hierarquicamente, em que cada sujeito ocupava um determinado lugar do qual não podia se mudar, constituída por sociabilidades baseadas em relações pessoais de fi delidade. Tratava-se de uma sociedade sem mobilidade social. Só com a expansão das relações capitalistas os sujeitos ganharam mobilidade: enriquecendo, sobem na escala social; empobrecendo, descem. Com o advento do mercado e a liberação dos camponeses dos laços pessoais de dependência, os sujeitos ganham autonomia, com formas de sociabilidade marcadas pela impessoalidade. É esta passagem do mundo pré-capitalista sem mobilidade social para um mundo capitalista com mobilidade social que marcou o século XVIII na Europa. A Declaração dos Direitos Humanos, o Iluminismo, as Teorias Jusnaturalistas, os Contratualistas, a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Industrial Inglesa foram elementos decisivos neste processo. O Contratualismo é decorrente da idéia de Contrato Socialque surge com a passagem da vida dos homens em estado natural para a vida em sociedade organizada, ou seja, com o surgimento do Estado. Os homens fariam um contrato entre si, abrindo mão de seus direitos naturais, transferindo para o governante o poder de resolver os problemas coletivos. O direito natural é transferido ao soberano pelos contratantes, transformando-o em Direito Civil. No âmbito dos direitos sociais, o direito à educação também foi fruto de longas lutas de muitos setores da sociedade civil.

GOVERNANÇA: PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA NA GESTÃO DO PÚBLICO- No longo período da ditadura militar (1964-1985), as possibilidades de alargamento da participação popular nas decisões governamentais, principalmente no nível municipal, estavam sufocadas pelo quadro político, que restringia a ação de organizações da sociedade que pudessem contestar a autoridade constituída. A nova Constituição coloca-se tanto como marco final de um processo político como o de início de uma nova era da governança  no Brasil. Um dos resultados desse processo foi o estabelecimento dos Conselhos. Dado o acesso e a visibilidade da governança no nível municipal, devemos destacar os Conselhos Municipais, criados tanto em metrópoles como em pequenas cidades brasileiras. A participação social é parte do processo de letramento dos sujeitos e não só a sua escolarização formal, o que contribui inclusive para a ampliação da leitura de mundo, alargando sua cidadania, ou seja, compreendendo-se, enfim, que as lutas dos grupos pelos mais diferentes tipos de direitos (civis, políticos ou sociais) são, em si mesmas, também, processos educativos.
MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO: PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E NA SOCIEDADE- o fato de a Educação abranger áreas diversas como a formal (escolas), não-formal e informal: “As lutas e os movimentos pela educação têm caráter histórico, são processuais e ocorrem, portanto, dentro e fora de escolas e outros espaços institucionais Ao descrever esses movimentos, Gohn (2004) nos afirma que: Os movimentos sociais pela educação abrangem questões tanto em escolas como em questões de gênero, etnia, nacionalidade, religiões, portadores de necessidades especiais, meio ambiente, qualidade de vida, pela paz, pelos direitos humanos, direitos culturais etc. Os movimentos sociais são fontes e agências de produção de saberes. A luta social é pedagógica. A constituição dos Conselhos de Escola – com representantes de profissionais da educação e de usuários eleitos pelas suas respectivas bases – contribui para isto. Conforme nos indicou Bobbio (1987), o processo de democratização não consiste apenas na passagem da democracia representativa para a democracia direta, mas na passagem da democracia política para a democracia social; da democratização do Estado para a democratização da sociedade. Aponta a importância da “ocupação, pelas forças tradicionais da democracia, como é a democracia representativa, de novos espaços, isto é, de espaços até então dominados por organizações de tipo hierárquico ou burocrático”. Apesar desta observação, Bobbio chama também atenção para a extensão do voto em instâncias onde anteriormente ele não existia – citando como exemplo os Conselhos de Escola, com a participação de representantes de pais e da comunidade.


Disserte sobre a importância do processo de horizontalização do poder, ou seja, o contrário do verticalizado (de cima para baixo) para que se efetive realmente a Gestão Democrática no espaço escolar. Deve-se destacar a real importância e a extrema necessidade de se garantir a existência do fórum coletivo para se promover a reflexão dos problemas do espaço escolar, bem como da multiplicidade de vozes e opiniões dos diferentes segmentos (professores, alunos, funcionários de apoio, funcionários administrativos, responsáveis dos alunos, representantes da associação de moradores etc.) que ao vislumbrarem e analisarem conjuntamente um mesmo aspecto do cotidiano escolar, com certeza comporão um rico mosaico de idéias e percepções somente possível de ser realizado dada a diversidade de ângulos pelos quais a mesma questão estará sendo analisada.

CONCLUSÃO
O cidadão em seus múltiplos papéis sociais (fi lho, pai, membro de associação de moradores, condômino, munícipe, empregado, patrão, sindicalizado, estudante, cônjuge etc.) educa e também é educável. Educa se, mas não só no âmbito escolar formal ou informal; educa-se com os variados processos de participação coletiva: com os vizinhos, com as reivindicações da associação de moradores, com a luta por mais vagas e professores nas escolas etc.
AULA 20- Os movimentos sociais e seu caráter educativo -MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO- No século XIX, diferentemente dos séculos anteriores, a cidadania passa a ser destinada a todos, inclusive as massas, porém com o intuito de domesticá-las, discipliná-las, ou seja, ajustá-las aos padrões da sociedade estabelecida. Nesse contexto, graças à Educação, o indivíduo poderia participar da vida em sociedade de modo harmônico. Desta forma, os direitos civis não são conquistados, e sim outorgados pelo Estado. A Educação, como importante aliada neste processo, promove práticas pedagógicas relacionadas à persuasão, ao esclarecimento e à moralização do futuro cidadão. Já no século XX novos significados são produzidos para o conceito de cidadania. A burguesia passaria a enfatizar a questão dos direitos dos indivíduos muito mais como relativa a deveres para com o Estado do que efetivamente a direitos. O Estado, como interlocutor da sociedade, passaria a regulamentar os direitos dos cidadãos, podendo restringilos e até mesmo cassá-los conforme a conjuntura histórica. Assim, a cidadania deixa de ser uma conquista da sociedade civil, passando a ser responsabilidade do Estado. cidadania é elaborada por grupos organizados por meio de movimentos da sociedade civil: a cidadania coletiva. Alguns fatores contribuíram para esta nova perspectiva no cenário ocidental, dentre os quais Gohn exemplifica: • o caráter do desenvolvimento explorador e espoliativo docapitalismo; • a massificação das relações sociais; • o descompasso entre o alto desenvolvimento tecnológico e a miséria social de milhões de pessoas; • as frustrações com os resultados do consumo insaciável de bens e produtos; • o desrespeito à dignidade humana de categorias sociais tratadas como peças ou engrenagens de uma máquina; • o desencanto com a destruição gerada pela febre de lucro capitalista. Este contexto conflitante propiciaria a criação de um novo ator histórico como agente de mobilização e de pressão por mudanças sociais: os movimentos sociais (GOHN, 1988). O novo cidadão coletivo, participante dos movimentos sociais, age motivado por interesses de coletividade, de diferentes matizes, que revelam diversas demandas populares, algumas de forte conteúdo social, por expressarem o lugar que esse cidadão ocupa no processo de divisão do trabalho, a exploração e a espoliação a que é exposto, bem como a ausência de direitos sociais básicos (vida, educação, saúde e moradia), como, por exemplo:
• grupos de mulheres que lutam por creches ou por vagas para seus filhos em uma escola mais próxima de suas residências; • grupos de favelados que lutam pela posse da terra; • grupos de pessoas pobres que lutam por acesso a algum tipo de moradia. Outras demandas advêm de grupos não tão explorados como os dos exemplos anteriores, mas da mesma forma expropriados de seus direitos civis de liberdade, igualdade, justiça e legislação, como, por exemplo: • grupos que lutam pelo exercício da cidadania de negros, mulheres e homossexuais; • grupos que lutam pela paz; • grupos que lutam em defesa da ecologia. Gohn nos ensina que a educação tem papel relevante para este conceito de cidadania coletiva, exatamente porque ela se constrói no processo de luta que é, em si próprio, um movimento educativo, ou seja, a cidadania não se constrói por decretos, por intervenções iluminadas externas, por agentes ou por programas pré-elaborados. A cidadania, assim concebida, se constrói como um processo interno, no interior mesmo das práticas sociais em curso, como produto das experiências engendradas no cotidiano. A cidadania coletiva, segundo Gohn, além de construir-se no cotidiano, pelo processo de identidade político-cultural que as diferentes lutas diárias geram, também constituiria novos sujeitos históricos: • as massas urbanas espoliadas; • e as camadas médias expropriadas. OS MOVIMENTOS SOCIAIS E O SEU CARÁTER EDUCATIVO - Concebendo-se a Educação não como restrita ao processo de ensino-aprendizagem de conteúdos específicos das áreas de conhecimento conquistado e socializado permanentemente para além dos muros institucionais escolares, veremos que existe realmente uma natureza educativa nos processos externos aos canais formais de educação. Este caráter educativo constrói-se, segundo Gohn, de diversas formas, em vários planos e dimensões que se articulam, mas não estabelecem nenhum grau de prioridade entre elas. A dimensão da organização política-O processo de conscientização constróise ao organizarem-se as informações que estão dispersas sobre o funcionamento de diferentes órgãos públicos: como se deve proceder para se conseguir uma obra em determinado bairro, uma verba para tal evento?, quem administra tal fundo?, quais são os agentes responsáveis pela gestão de determinado bem ou equipamento público? etc. Tal processo é bastante conflituoso e apresenta constantemente avanços e recuos, mas é exatamente esse movimento que possibilita aos participantes dos diversos movimentos sociais apropriarem-se de importantes informações, conhecendo as engrenagens reconhecidas como técnicas e identificando os interesses envolvidos. Tal identificação de interesses dá-se segundo as óticas de classes. A outra dimensão do processo é a identificação dos interesses opostos ao movimento.
A DIMENSÃO DA CULTURA POLÍTICA - A prática cotidiana nos movimentos sociais proporciona o acúmulo de experiências, nas quais há a importância da vivência do passado e do presente para a construção do futuro. As vivências do passado (como a opressão, negação de direitos etc.) são resgatadas no imaginário coletivo do grupo para fornecer elementos concretos para a leitura do presente. Para Gohn, os aprendizados proporcionados aqui são vários: a) aprende-se a não ter medo de tudo que foi inculcado como proibido e inacessível; b) aprende-se a descobrir os porquês das restrições, proibições e exclusões; c) aprende-se a acreditar no poder do discurso e das idéias, quando expressas em lugares e ocasiões adequados; d) aprende-se a calar-se e a resignar-se quando a situação é completamente adversa; e) aprende-se a criar códigos específicos para solidificar as mensagens e bandeiras de luta (músicas e folhetins); f) aprende-se a elaborar discursos e práticas de acordo com os cenários vivenciados; g) e, sobretudo, aprende-se a não abrir mão de princípios que balizam determinados interesses como seus. Em resumo, estratégias de conformismo e de resistência, de passividade e de rebelião são elaboradas, segundo os agentes com os quais se defronta. Esta dimensão educativa dos movimentos sociais revela que certas atitudes que podem ser tidas como conservadoras nada mais são, na verdade, do que revelações de parte do processo pedagógico vivenciado pelos movimentos. Cabe aqui ressaltar duas questões: a educativa e a pedagógica. A primeira é um processo cujos produtos são realimentadores de novos processos.
A dimensão espacial-temporal - A participação nos movimentos sociais e a consciência que ela gera levam ao conhecimento e ao reconhecimento das históricas condições de vida de parcelas da população, ou seja, no passado e no presente.  A participação em encontros, seminários, congressos etc. contribui para a formação desta visão historicizada dos problemas, o que leva à identifi cação de uma dimensão importante no cotidiano das pessoas: a do ambiente construído, do espaço gerado e apropriado pelas classes sociais na luta cotidiana. Tal dimensão possibilita uma aproximação entre o dito saber popular e o saber científi co, técnico, codifi cado. Os conceitos “tempo” e “espaço” são de grande importância no imaginário popular, sobretudo no
meio rural, visto que fazem parte do universo de referência do cotidiano vivido. Já no meio urbano, “tempo” e “espaço” são categorias desapropriadas do controle dos indivíduos. O tempo não pertence mais aos sujeitos, mas, sim, ao cronômetro da fábrica ou do relógio de ponto da instituição em que se trabalha. Os espaços são restritos: o privado quase não existe, e o raro que há deve ser defendido a todo custo contra as agressões e a violência da metrópole.



CONCLUSÃO -
Os resultados de estudos de Gohn,  podemos reconhecer a partir de uma concepção atual mais ampliada de educação, ou seja, para além dos muros da formalidade das instituições escolares, que os movimentos sociais possuem caráter educativo de diferentes dimensões para a formação do sujeito consciente, com potencial para se organizar em grupos para exigir e manter direitos e deveres, tornando-se, assim, cidadão participante na sociedade.

RESUMO
O conceito de cidadania se transformou ao longo da história até se chegar ao conceito de cidadania elaborado por grupos organizados em movimentos da sociedade civil: a cidadania coletiva. Pôde aprender também que existe um caráter educativo nos processos externos aos canais formais de educação, se a concebermos, não como restrita ao processo de ensino-aprendizagem de conteúdos específicos por meio de metodologias pedagógicas institucionais, mas, sim, como algo que é conquistado e socializado permanentemente para além dos muros escolares.


AULA 21 – Redes virtuais e reais de movimentos sociais e cidadania – proposta para se constituir uma rede mundial de movimentos sociais –  em 2003 propôs  discutir a criação da rede mundial de movimentos sociais , é a indicação clara da intenção de construir um marco comum como referência e como ferramenta para as mobilizações internacionais , apesar de tal proposta só pode ser  bem sucedida com o engajamento de movimentos de todo o mundo em discussões e debates. A rede mundial de movimentos sociais ajudaria a desenvolver as condições para que os diversos movimentos sociais do mundo possam trocar análises, opiniões e informações  sobre a conjuntura atual e estabelecer algumas prioridades comuns e tarefas necessárias antes e depois de reuniões do FSM (Fórum Social Mundial).

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