quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

RESUMO DE GEOGRAFIA 1

RESUMO DE GEOGRAFIA 1

GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 1. V. 1 / CONSTANÇA MOREIRA. - RIO DE JANEIRO: FUNDAÇÃO CECIERJ, 2010.

AULA 13 - A GEOGRAFI A NO 2º CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

OBJETIVOS DA GEOGRAFIA PARA O 2º CICLO

Como na aula anterior, vamos fazer uma análise dos objetivos, considerando também os conteúdos que podem ser  utilizados para alcançá-los. Em alguns objetivos observa-se que existe um elemento comum que serve de linha mestra para orientar e desenvolver todo o trabalho.

Vejamos abaixo alguns objetivos listados pelos PCN:

• Reconhecer e comparar o papel da sociedade e da natureza na construção de diferentes paisagens urbanas e rurais brasileiras.
• Reconhecer semelhanças e diferenças entre os modos de vida das cidades e do campo, relativas ao trabalho, às construções e moradias, aos hábitos cotidianos, às expressões de lazer e de cultura.
• Reconhecer, no lugar em que se encontram inseridos, as relações existentes entre o mundo, urbano e rural, bem como as relações que sua coletividade estabelece com coletividades de outros lugares e regiões, focando tanto o presente como o passado.
• Conhecer e compreender algumas das conseqüências das transformações da natureza causadas pelas ações humanas, presentes na paisagem local e em paisagens urbanas e rurais.
• Valorizar o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da manutenção da qualidade de vida (BRASIL, MEC, 1997, pp. 143-144).

Lendo estes objetivos, percebe-se que existe um ponto comum entre eles. Todos tratam do espaço urbano e rural. Procuramos agrupar os que continham conteúdos ou habilidades semelhantes, somente para facilitar nosso trabalho. Em todos eles, a tecnologia aparece como elemento de ligação do trabalho. Tecnologia ligada ao homem, à sociedade que constrói aquela paisagem urbana e/ou rural. Tecnologia que pode aparecer explícita nas formas de trabalho utilizadas nas maneiras de construir as moradias, nos hábitos e costumes dos grupos sociais e/ou nas formas de lazer. Outro assunto que pode ser tratado a partir dos objetivos é o modo de vida das populações, sejam elas urbanas ou rurais.

Assim se expressam os PCN:

• adotar uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o direito de todos a uma vida plena num ambiente preservado e saudável;
• conhecer e valorizar os modos de vida de diferentes grupos sociais, como se relacionam e constituem o espaço e a paisagem no qual se encontram inseridos (BRASIL, MEC, 1997, pp. 144-145).

O modo de vida é o tema desses objetivos, o que pode ser abordado  a partir de observações seguidas de debates e discussões, estabelecendo comparações entre os diversos modos de vida e considerando as particularidades de cada grupo. Por exemplo, o modo de viver do homem nas áreas rurais da Amazônia, com seus hábitos e costumes, é diferente do homem rural dos campos do Sul do Brasil. Se o aluno é levado a compreender esses diversos modos de vida, também será capaz de respeitá-los.

Finalizando, este que segue é o último dos objetivos propostos pelos PCN: "Saber utilizar os procedimentos básicos de observação, descrição, registro, comparação, análise e síntese na coleta e tratamento da informação, seja mediante fontes escritas ou imagéticas" (BRASIL, MEC, 1997, p. 144).

Essas habilidades acompanham todo o ensino atual da Geografia que não se propõe a descrever e memorizar, repetindo o conhecimento já consolidado. A preocupação é desenvolver no aluno a capacidade de “aprender a aprender”, estimulando-o a descobrir o conhecimento. Esse trabalho é feito por todo o Ensino Básico e em todos os temas abordados. Vamos organizar o que foi lido, apresentando para você um quadro síntese dos três temas básicos do 2º ciclo.

















RESUMO

A Geografia no 2º ciclo tem como tema central os espaços urbano e rural,b preocupando-se em mostrar as relações que existem entre eles. Os PCN direcionam o trabalho de forma a permitir que o professor possa, a partir do espaço mais próximo, ampliar o conhecimento para espaços distantes, buscando entre eles as diferenças e semelhanças. Nos PCN, a tecnologia, os meios de comunicação e os diferentes modos de vida são considerados os elementos diferenciadores e integradores dos espaços urbano e rural. Os modos de vida dos povos são resultados das relações que se estabelecem
entre eles. A Geografia no 2º ciclo dá continuidade ao trabalho proposto no 1º ciclo, desenvolvendo as habilidades e os procedimentos.


AULA 14 - OS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA – UMA REFLEXÃO

a burguesia, para se impor como classe dominante no Estado-nação recém-criado, vai se utilizar da escola, da língua nacional e do serviço militar. Fora de dúvida, em relação a esses três elementos, foi a escola que mais se prestou aos interesses dessa classe para a difusão das suas idéias.

À medida que o Estado-nação se consolidava, a ideologia do nacionalismo e o poder da burguesia industrial cresciam. Isso ocorria apesar da contradição, porque a idéia de nacionalismo subentendia uma igualdade de classes, e coube à escola o papel de difundir essa ideologia sob a forma de uma rede oficial de ensino (escola para todos). Você sabe que o melhor instrumento para se alcançar um povo é através da escola. O livro didático e o professor são os instrumentos
ideais para isso.

O LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA

O ensino da Geografia deve priorizar a reflexão sobre o espaço em que se vive. Isto já foi dito em aulas anteriores. Mas na escola ainda se faz uma Geografia que enfatiza os fenômenos geográficos no espaço estudado, memorizando-os, descrevendo e eliminando qualquer tentativa de reflexão. Por que isso? Além do que foi explicado na Aula 11, pode-se
lembrar da IDEOLOGIA seguida pelo Estado em determinado momento.

No caso da Geografia, ao se enfatizar a descrição do espaço impedindo a reflexão, criou-se a idéia de uma Ciência neutra, apolítica e que, portanto, cumpriria o papel de propagadora do nacionalismo.

V. Vlach afirma que a ideologia não é apenas a inversão do real. Ao mesmo tempo, é um instrumento de dominação das classes privilegiadas que, desde o século XIX, tem-se mostrado extremamente eficaz no tocante aos seus interesses porque apropriou-se de uma instituição social – a escola – e dela fez o seu veículo mais importante. De comunicação, de persuasão, de controle social... (VLACH, 1990, p. 62).

Essa forma de pensar fez da escola um instrumento do Estado para propagar suas idéias. Daí o Estado proclamar que a educação é um dever do Estado e um direito de todos. Você compreende por que a atual Constituição Brasileira de 1988 e as anteriores proclamam que a educação é obrigatória e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96, confirma que a educação é obrigatória e gratuita, dos 7 aos 14 anos?


Reclama-se muito do livro didático, mas, todos os anos, milhares de livros são produzidos sem passar por nenhuma avaliação por parte dos autores, dos professores consumidores ou das editoras. Os autores não fazem revisões freqüentes porque acreditam que seus livros são aceitos pelos professores que não questionam e também não deixam de utilizá-los. As editoras não exigem revisão porque dizem que a qualidade do material, tanto do conteúdo como do método, é de responsabilidade do autor. Isso leva os professores, reais consumidores desses livros, a acomodar-se e acreditar no que está escrito. Esses professores ainda preferem os livros que não exijam muito pensar, que apresentem respostas prontas para os questionamentos e, de preferência, que venham junto com o “Livro do Professor”, onde todas as respostas já estão dadas.

Observa-se a dificuldade dos livros didáticos em lidar com a questão do SABER. Eles trabalham com CONHECIMENTO. Dessa forma, o aluno não desenvolve as habilidades e capacidades para criar seu próprio conhecimento. Essa é uma questão discutida pelas diferentes teorias da aprendizagem. Ainda precisamos encontrar a fórmula ideal para ajudar o aluno a ser verdadeiramente o construtor de seu conhecimento. Você sabe que esta fórmula é o aprender a aprender.

Vejamos alguns exercícios apresentados em livros didáticos. Constatamos que eles não exigem raciocínio, basta somente saber buscar a resposta nos textos. Algumas questões reforçam a necessidade de memorizar os conteúdos. Veja os exemplos abaixo: Que oceano banha a região Nordeste? Quem cuida do gado no sertão? Descreva uma festa popular do Nordeste.

Para responder a estas perguntas, basta procurar a resposta nos textos. Não é preciso nenhuma habilidade especial.
O processo ensino-aprendizagem se realiza com a participação efetiva do aluno e professor. Cabe aos professores criar situações de aprendizagem, estimular os alunos a participarem da construção do saber.

RESUMO

O livro didático cumpre o papel, que é também da escola, de manutenção da situação vigente. Esse motivo explica a série de leis que apontam a Educação como um bem para todos. A análise dos livros possibilitou ver como os conteúdos, as ilustrações e os exercícios cumprem esse objetivo. Essa situação não sofre mudanças porque as pessoas  que poderiam fazer essa transformação não se interessam em fazê-la, por incapacidade ou omissão. Existem falhas na divulgação dos conteúdos, as ilustrações muitas vezes são decorativas, e os exercícios repetem o que foi apresentado no texto. Os livros não desenvolvem habilidades e capacidades.


AULA 15 - A CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO ESPACIAL

PROPOSTAS E SUGESTÕES DE ATIVIDADES COM O ESPAÇO

As atividades que vamos sugerir são para utilizar como modelo, mas você deve procurar outras e criar as suas próprias. Vamos embasar cada “brincadeira” ou “exercício” com uma explicação teórica. Como você sabe, ao se falar “brincadeira” estamos na verdade fazendo referência ao lúdico, que é a forma de a criança se relacionar com a realidade e construir seu conhecimento. Primeiramente vamos trabalhar com a idéia de que ocupamos um lugar no espaço. Pede-se à criança que toque em seu corpo, sinta-o e depois deite-se no chão. Outra criança, com um giz ou Pilot, faz o contorno do seu corpo. Ela está mapeando o seu eu.

Este trabalho permite:
• perceber a forma do corpo;
• nomear partes do corpo;
• perceber que este espaço é delimitado;
• reconhecer que ocupa um determinado espaço.

RESUMO

O espaço é fruto da construção do homem e a aparência dessa construção é a paisagem. As relações que ocorrem entre o espaço e o homem são recíprocas. Assim, o homem constrói o espaço e o espaço constrói o homem, ao longo   do tempo. Para a criança adquirir a noção de espaço, ela deve ser estimulada desde o nascimento, para que ela possa vencer as diversas etapas da construção desse conhecimento. A melhor forma de desenvolver as habilidades espaciais com as crianças é através de jogos e brincadeiras. Você conhece vários jogos que podem trabalhar as habilidades espaciais.


AULA 16 - CONSTRUINDO AS RELAÇÕES ESPACIAIS

RELAÇÕES ESPACIAIS

Na aula anterior (Aula 15), foi dito que a noção de espaço é construída pela criança desde o nascimento e que, ao longo dos anos, vai avançando e ampliando sua visão espacial e seu relacionamento com esse espaço que, nesse estágio, pode ser chamado “seu mundo”. Sabe-se que o espaço geográfico é uma noção mais complexa do que essa.

RELAÇÕES PROJETIVAS

A conquista das relações projetivas também se dá por etapas, e elas vão sendo construídas dos 7 aos 12 anos, aproximadamente. Quando a criança começa a perceber que pode utilizar outros referenciais sem ser ela própria e que nem por isso os objetos alteram sua posição, está passando por um processo de descentração e deixando de ser egocêntrica. Ao analisar determinado objeto, pode localizá-lo em relação a outro objeto observado.

RELAÇÕES EUCLIDIANAS

Você deve ter ouvido falar ou, até mesmo, já deve ter brincado de batalha naval. O jogo tem por base uma folha ou tabuleiro quadriculado, em que as linhas verticais e horizontais são identificadas por letras ou números. Na interseção dessas linhas, as  pessoas desenham objetos ou embarcações. Outra pessoa tenta descobrir esses objetos lançando “tiros”, utilizando-se da identificação das linhas verticais e horizontais.






RESUMO

O relacionamento do homem com o espaço inicia-se com o nascimento. É a partir daí que se constroem as relações espaciais, em etapas. De início, todo o relacionamento se dá a partir da própria criança, que não consegue se ver fora do espaço onde vive e com ele estabelece as primeiras relações, considerando-se como ponto de referência. São as relações topológicas. Mais tarde, diminuído seu egocentrismo, já é capaz de considerar outros pontos como referenciais. São as relações projetivas. As relações euclidianas representam o estágio mais elevado, em que a criança é capaz de localizar um ponto considerando um referencial fixo, o ponto de cruzamento entre duas medidas. Todas essas relações são úteis para o trabalho em Geografia.


AULA 17 - ORIENTANDO-SE NO ESPAÇO

A palavra ORIENTAR pode ser utilizada com dois sentidos: um seria a “orientação geográfica”, assunto de que vamos tratar, e outro seria a “orientação da nossa vida”.

ORIENTAR

Determinar a posição de um lugar em relação aos pontos cardeais; dirigir; guiar; reconhecer o examinar a “situação ou lugar” em que se ache para guiar-se.

O homem sempre sentiu necessidade de traçar seus caminhos. Orientar é o mesmo que guiar. Para a orientação é preciso considerar um ponto de referência fixo, que nos direcione para o objetivo que queremos alcançar. Na orientação espacial considera-se como referencial o Sol. A partir dele, descobre-se a direção leste e depois é possível traçar o oeste, o norte e o sul. Com estes pontos cardeais pode-se montar a rosa-dos-ventos, que é utilizada para a orientação. A agulha imantada da bússola também é utilizada para a orientação. É preciso desfazer idéias erradas sobre orientação. Somente o Sol e algumas estrelas servem de orientação para a Terra. As crianças conseguem trabalhar com a orientação espacial a partir do lúdico.


AULA 18 - A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO NA MENTE HUMANA

OS MAPAS MENTAIS

Uma das principais preocupações da Geografia é explicar o mundo em que se vive. Nenhuma outra ciência incorpora tanto essa necessidade como essa disciplina. A curiosidade geográfica chega a indagar sobre tudo o que diz respeito aos homens e ao meio ambiente. Conforme diz Lowenthal (1985, p. 105), "qualquer pessoa que examine o mundo ao redor de si é, de algum modo, um geógrafo". Como esse conhecimento faz parte de todos e todos têm sempre uma explicação para dar, a Geografia está sempre presente. Mas a visão desse mundo não é compartilhada por todos.

Posso não conhecer a Austrália, mas sei dizer que é a terra dos cangurus. Um estudioso ou um australiano, provavelmente, pensarão diferente. Essa é a evidência de que nossos mundos particulares não são idênticos à visão de mundo real.

FATORES QUE INFLUENCIAM A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM MENTAL

A visão espacial no homem varia por diversos fatores. Dentre eles, temos:
• a diferença entre gerações;
• os estereótipos;
• as culturas diferentes;
• o fim e as circunstâncias da observação;
• e outros.

A diferença entre gerações

Deve-se considerar que a percepção de determinado espaço feita por uma geração é diferente da percepção da outra geração. Até a Idade Média, imaginava-se uma Terra plana, sustentada por elefantes, como queriam os chineses, ou sustentada por anjos, como queria a Igreja. Posteriormente, foram feitos estudos para provar que ela é redonda e "flutua" sozinha no Universo.

Os estereótipos

Um outro fator que influi na imagem mental são os estereótipos que construímos ao longo da vida. Algumas visões estabelecidas pelos homens acabam se generalizando e passam a ser aceitas por todos. Uma cadeia de montanhas é sempre algo muito alto, o brilho do Sol dá sempre a idéia de alguma coisa muito forte; a idéia do céu como o lugar do bem e que está sempre acima, contrastando com a idéia do inferno, o mal, que sempre está embaixo.


As diferentes culturas dos povos

A cultura dos povos também pode influenciar a maneira de ver o mundo. Pessoas com culturas diferentes constroem mundos diferentes, particulares, porque a percepção do espaço é diferente. Vamos mostrar um exemplo disso no território brasileiro. A ocupação do Nordeste do Brasil foi feita pelos portugueses, utilizando como base econômica o cultivo da cana-de-açúcar. A ocupação do Sul do Brasil foi feita por imigrantes alemães e italianos, utilizando a cultura de subsistência como base da economia.

O fim e as circunstâncias da observação

Quando se faz a observação de determinado espaço tem-se sempre um objetivo para se ver ou uma informação que se quer buscar. Uma observação deve ser orientada porque, caso contrário, os interesses pessoais vão direcioná-la para objetivos pessoais, pois na construção da visão particular de mundo, até mesmo os sentimentos influenciam. Essa situação aconteceu com um grupo de alunos que foi convidado a observar uma praça em frente ao colégio onde estudava. As crianças viram os ônibus, o pipoqueiro, a pessoa que passava, alguns carros, mas ninguém observou o coreto no centro da praça

Outros fatores

As cores, as formas, a noção de tempo, a noção de território, os efeitos da claridade, os valores econômicos, estéticos etc. são outros fatores que influenciam na percepção do espaço. Heráclito observou que não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois as águas novas estão sempre escoando sobre a pessoa. Isso significa que até mesmo você pode fazer uma observação de um mesmo espaço de forma diferente, dependendo do momento. A língua falada e/ou escrita também pode influenciar no modo de o homem construir a imagem do espaço.

O MUNDO PARTICULAR NA ESCOLA

O conhecimento desse assunto permite ao professor compreender que cada um tem sua própria percepção de espaço e que fica difícil pensar que todos os alunos estão “vendo” a mesma coisa. Por isso, é importante, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o professor estimular o desenho como forma de favorecer o desenvolvimento de referenciais e orientação espacial. Como diz Rosângela Almeida, "ao desenhar, a criança e o jovem representam seu modo de pensar o espaço" (1989, p. 15).

RESUMO

O ser humano tem a capacidade de representar mentalmente os espaços onde vive ou que, ao menos, conhece. Chamamos a essas representações mapas mentais, que pertencem à Geografia das Representações. Vários fatores interferem na concepção de espaço que ele elabora na mente: o modo como observa; a influência da sua cultura ou dos estereótipos que possui; a capacidade da palavra escrita ou falada; os modos como cada geração vê esse espaço; ou ainda, os valores sociais, econômicos e religiosos que possui. Na escola, a criança deve ser estimulada a desenhar o espaço conforme sua percepção porque, dessa maneira, estará criando símbolos, e utilizando-se de habilidades como localização, orientação e proporcionalidade, noções que o professor precisa que ela conheça para o trabalho com os mapas. Se o aluno for inicialmente mapeador, conseguirá, certamente, ser um leitor, no sentido de saber interpretar e ver o que os mapas estão querendo mostrar.


AULA 19 - A CARTOGRAFIA

...o conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseadas nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, visando à elaboração e a preparação de cartas, projetos e outras formas de expressão bem como a sua utilização (OLIVEIRA apud SANTOS, 1995, p. 324).

AS ORIGENS DA CARTOGRAFIA

Pelos estudos que se possui hoje, sabe-se que os homens primitivos, antes mesmo de desenvolverem a escrita, já sabiam confeccionar seus caminhos e itinerários, utilizando-se dos materiais encontrados na Natureza. Veja, é interessante observar que o desenho desses mapas é anterior à própria escrita. Isso pode ser explicado porque o   homem primitivo, guerreiro e caçador, necessitava mover-se continuamente e precisava conhecer as direções, as distâncias e a orientação. Esses conhecimentos eram vitais para ele. Com os materiais disponíveis, como conchas, seixos ou pequenos ramos, marcavam os locais e, com uma varinha, desenhavam o caminho. Faziam isso no solo, em pele de animais ou em cascas de árvores. Observe que esse homem já utilizava um sistema de símbolos para representar aquilo que era real. Seria a forma anterior da legenda que aparece nos mapas atuais.

A Cartografia desenvolvia-se apoiada nas observações e informações novas que surgiam, bem como nos cálculos e estudos feitos na Antigüidade que, algumas vezes, precisavam ser refeitos. Os holandeses, os franceses, os italianos e os ingleses também construíram seus mapas.
É claro que existiam diferenças entre os mapas confeccionados por esses povos.

O século XX foi marcado pelo desenvolvimento da aviação, do rádio, das viagens e do comércio internacional em longas distâncias, que ultrapassaram as fronteiras nacionais. A Cartografia acompanha essa evolução e se aprimora. As duas Guerras Mundiais, as viagens espaciais, o lançamento de foguetes e satélites no espaço, tudo contribuiu para a modernização da Cartografia. Atualmente, para melhorar a qualidade dos mapas e alcançar a representação ideal da Terra, utilizam-se fotografias aéreas, fotografias de radar, imagens de satélites, sensoriamento remoto e computadores.

RESUMO

A Cartografia é a ciência e a arte de fazer mapas, utilizando de observações e estudos sobre a Terra. Essa ciência vem evoluindo ao longo dos tempos. É muito antiga, tendo surgido antes mesmo de o homem conhecer a escrita. Na Antigüidade, gregos, romanos, chineses e outros povos traçavam mapas que serviam para descrever a Terra, a fim de navegar ou mostrar a localização das riquezas. A Idade Média foi a época do domínio da religião cristã, o que resultou em mapas mais artísticos que científicos, utilizando símbolos religiosos. O Renascimento foi o momento em que a Humanidade, recuperando os conhecimentos acumulados na Antigüidade e esquecidos na Idade Média, desenvolveu vários instrumentos que favoreceram as grandes navegações e descobertas. O século XVIII, marcado pela transformação dos meios de produção, trouxe novos conhecimentos e técnicas que resultaram em mapas mais precisos e de acordo com as necessidades dos europeus. Finalmente, a Cartografia atual por ser, marcada pela tecnologia, é cada vez mais precisa, utilizando sensoriamento remoto e imagens de satélites, a fim de representar a Terra da forma mais próxima do real.


AULA 20 - UMA REFL EXÃO SOBRE A LEITURA DOS MAPAS

Alguns objetivos dos PCN no Ensino Fundamental reforçam essa idéia. Por exemplo:

• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
• questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação (PCN, 1997, vol 1, pp. 107-108).

A LEITURA DOS MAPAS

Reveja a Aula 19. Ela será necessária para complementar nossas explicações. Os primeiros mapas de que se tem notícia foram feitos pelo homem primitivo. Faziam os traçados dos caminhos para marcar o local onde encontrar caça ou comida. Eram, portanto, mapas muito práticos e simples, que mostravam, de imediato, o objetivo de quem os desenhava. Sabemos que a Cartografia é a representação da Terra, mas estamos querendo mostrar que os mapas sempre foram feitos com outros interesses. Serviam para indicar caminhos, ou para facilitar a cobrança de impostos ou para reconhecer as riquezas dos domínios. São motivos que existiam e existem até hoje para a construção dos mapas.

GEOPOLÍTICA

Segundo o Dicionário  Aurélio, seria a Geografia Política, mas os geógrafos dão um outro sentido à palavra. Para o historiador Arnold Toynbee, os estudos de Geopolítica consistiriam na forma como os grupos sociais se integram com o meio físico, resultando daí uma sociedade avançada e estrategicamente posicionada em relação ao mundo, isto é, à política de ocupação do território.

RESUMO

Um dos objetivos da escola é ensinar o aluno a pensar. Esse é o tipo de cidadão que a sociedade quer para os dias de hoje. Para ensinar a pensar é preciso antes ensinar a observar. A Cartografia é um instrumento para atingir esse objetivo, já que os mapas não são somente a representação da Terra. Eles ocultam em si algumas mensagens que precisam ser decodificadas. Esses códigos são do conhecimento dos dirigentes e dos governantes, mas a população necessita se apropriar deles. Em muitos momentos da História pode-se ver como os conhecimentos de cartografia serviram aos interesses das classes dirigentes. A formação do professor de 1a a 4ª série não é específica para a Geografia e a maioria não domina seus conceitos. É por isso que os conhecimentos cartográficos na escola se limitam a descrever e a copiar os mapas, sem efetivamente poder lê-los.








AULA 21 - A LINGUAGEM CARTOGRÁFICA (PARTE 1)

Um mapa consiste na representação simbólica de um espaço real e utiliza-se de um sistema de símbolos que compõem a linguagem cartográfi ca. O trabalho com símbolos faz parte do desenvolvimento mental do indivíduo. A criança brinca de faz-de-conta, imaginando que determinado objeto representa outro. Assim, construindo símbolos que só ela sabe o que signifi ca, constrói seu conhecimento. Recorde os estudos de Piaget. Falamos sobre ele na Aula 15. Vygotsky diz:
Essa capacidade de lidar com representações que substituem o próprio real é que possibilita ao homem libertar-se do espaço e do tempo presentes (OLIVEIRA, 1997, p. 35).

LINGUAGEM CARTOGRÁFICA

Escalas

Na Aula 16, explicamos como as crianças, desde cedo, vêm construindo na mente a noção de espaço. A fase de representação do espaço ocorre por volta dos quatro  ou cinco anos, segundo Piaget. Nesse ponto, a criança, naturalmente, começa a reduzir a imagem que quer representar para o tamanho do papel. Inicia-se aí o conhecimento das escalas. Coimbra apresenta a seguinte definição de escala. Para o professor, escala é "uma relação entre as dimensões apresentadas em um mapa e seus valores correspondentes no terreno" (1992, p. 267). Inicialmente, a criança faz a redução sem respeitar a proporção entre o tamanho dos objetos.

Fundamentando o conhecimento das escalas

A escala é uma redução proporcional entre a Terra e seu mapa. A escala é, geralmente, indicada no canto inferior do mapa. Deve ser sempre motivo de observação, pois indica quantas vezes aquela imagem foi reduzida. Pode ser apresentada de várias formas:

1 – Escala numérica - É representada por uma fração na qual o numerador corresponde ao mapa e o denominador ao terreno: 1/250.000 ou 1: 250.000 ou 1 250.000. A leitura é feita dessa forma: 1 centímetro no mapa corresponde a 250.000 centímetros no terreno representado.

2 – Escala gráfica - É representada por uma régua em que são marcadas as distâncias no mapa e sua equivalência no terreno: 0 50 100 150 km Lê-se assim: 1centímetro no papel equivale a 50 quilômetros no terreno.

3 – Escala de equivalência Essa é a mais clara, porque corresponde à relação mapaterreno: 1cm = 5km

Retornando ao trabalho com crianças

A escala pode ser ensinada a partir das medições de mesas, da sala, do pátio e outros lugares. Essas medidas devem combinar o sistema métrico com outras formas de mensuração de fácil manuseio pelos alunos. Pode-se utilizar o pé, as mãos, palitos de fósforo e outros recursos mais. Se a medida da sala é de três metros, pode-se combinar previamente  com os alunos que um palito de fósforo equivale a um metro; logo, a sala precisará de três palitos para ser representada. Isso pode ser feito com os elementos que compõem a sala: porta, janelas ou mobiliário. Esse trabalho permite que se conclua que a representação do espaço deve considerar a redução mantendo a proporção.

RESUMO

O estudo da Cartografia é de grande importância nos dias atuais. Quem domina esse conhecimento domina também  informações privilegiadas sobre o espaço. A Cartografia é utilizada por todos aqueles que utilizam o espaço para administrar, organizar e fazer negócios. Algumas pessoas são capazes de perceber a mensagem contida nos mapas, por isso cabe à escola a instrumentalização desse recurso junto aos alunos. O conhecimento cartográfico contribui para a formação do cidadão consciente da sua responsabilidade com o espaço onde vive. A escala representa a proporção em que o terreno foi reduzido. Pode ser representada de várias formas, e a sua escolha depende da finalidade a que se
destina o mapa. O estudo das escalas implica conhecimento da Matemática e é assunto trabalhado nas séries mais avançadas do Ensino Fundamental. Aos alunos menores basta conhecer o significado da escala no mapa.


AULA 22 - A LINGUAGEM CARTOGRÁFICA (PARTE 2)

Conhecimento pleno do espaço

Esse esquema pode ser explicado assim:
• Representar – fazer o desenho, o esquema.
• Decompor – identifi car e nomear os elementos que compõem a representação.
• Analisar – reconhecer as características desses elementos.
• Recompor – identifi car o papel de cada elemento e sua inter-relação.


PROJEÇÃO

Em linguagem cartográfica, essas diferentes formas de se observar o espaço são chamadas projeções. Nas séries iniciais, esse trabalho deve começar pela observação da sala de aula, nomeando os objetos que estão em seu interior e localizando-os em função de pontos de referência (porta, janela, mesa). Os alunos irão perceber que esses objetos, apesar de manterem uma posição fi xa, foram “vistos” de várias formas. Dependendo da posição de cada um, a visão do espaço foi diferente, apesar de o espaço ser o mesmo. Signifi ca que a mudança foi de referencial. Uma atividade que ajuda a compreender essa noção de referencial é a construção de uma maquete da sala. Depois de concluída, a  maquete permite que o professor explore a localização dos objetos por meio de deslocamentos na própria maquete ou projetando a visão dos alunos sobre ela. Cada aluno, em posição diferente, terá uma visão diferente da maquete. O aluno é o ponto de referência, e a forma como vê é a projeção daquela imagem.

Projeção cilíndrica – Os paralelos e meridianos foram traçados a partir do centro, onde o equador é a única linha de dimensões reais e os pólos não podem ser projetados. Os países situados ao longo da linha equatorial apresentam pequenas distorções, e os localizados próximo aos pólos estão bastante ampliados. Esse assunto já foi visto na Aula
20. Esses mapas são muito usados pelos navegantes e são comuns no nosso dia-a-dia. A projeção cilíndrica resulta em um mapa retangular, como se uma luz brilhasse através de um globo para um tubo de papel colocado em volta dele.

Projeção cônica – Nessa projeção, só pode ser representado um hemisfério de cada vez, porque os paralelos e meridianos são projetados a partir do equador. A deformação maior está justamente na faixa equatorial, diminuindo nas zonas temperadas. A projeção cônica resulta em um mapa de forma especial, como se uma luz brilhasse através de um globo para um cone de papel colocado ao seu redor.

Projeção azimutal ou polar ou plana – O pólo é projetado no centro do plano e dele partem os meridianos, como retas. Os paralelos apresentam-se como círculos concêntricos. As áreas vizinhas aos pólos sofrem pequenas distorções. Uma projeção plana resulta em um mapa circular representando metade do mundo. Nele, somente um ponto do globo encontra-se com a superfície plana, e a luz brilha no centro do globo.

LEGENDA

A legenda é um conjunto de símbolos que foram convencionados para representar os elementos de um espaço. Em Cartografia, a convenção é mundial. Dessa forma, um risco azul é um rio, um ponto é uma cidade, uma linha tracejada representa os limites e fronteiras de um lugar etc. Essa legenda aparece sempre no canto do mapa. Você se recorda de que, em aulas passadas, sempre enfatizamos a necessidade de o aluno ser inicialmente um mapeador? Assim, cabe a
ele criar a sua legenda. Isso não é difícil, porque a criança se utiliza de símbolos para representar a realidade.

RESUMO

A Geografia, assim como a Cartografia, auxilia o indivíduo a compreender o espaço onde vive, ensinando-o a representá-lo. A criança e todos nós vivemos em diferentes meios que ocupam determinado espaço. Esses meios estão repletos de experiências individuais. Na representação, consideram-se as várias formas de ver o espaço. Segundo os diferentes referenciais da visão, a representação muda. As projeções cartográficas representam as diferentes formas de representar a Terra a partir de diferentes pontos de vista. As principais projeções são: a cilíndrica, a cônica e a plana, mas, em todas, a representação fica deformada.


AULA 23 - LOCALIZAÇÃO ESPACIAL – COORDENADAS GEOGRÁFICAS

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

A Terra tem a forma de um geóide. Ela é arredondada e ligeiramente achatada nos pólos. Isso significa que qualquer representação em um plano é difícil de se fazer. Em aula anterior, mostramos essa dificuldade na figura da laranja que seria descascada. Para facilitar a representação e a localização, utiliza-se um sistema de linhas paralelas formando uma quadrícula. Essas linhas servem de base ao sistema das coordenadas geográficas. Todas elas são linhas imaginárias, que existem somente para orientar nossa localização e facilitar a representação.

O sistema de coordenadas da Terra baseia-se na rede de coordenadas cartesianas. Este sistema foi traçado considerando a Terra como uma esfera perfeita. Assim, os pólos foram definidos como pontos de interseção do eixo de rotação da Terra com a sua superfície (...) (COIMBRA, 1992, p. 250).

O que o autor quer dizer é que é possível traçar linhas ao redor da Terra que se entrecruzam nos pólos. Essas linhas são os meridianos e vão de um pólo ao outro. No outro sentido também traçamos linhas, considerando que a Terra é uma esfera que mede 360º, como toda circunferência. À linha traçada na metade da esfera, convencionamos chamar linha do equador. Ela divide a Terra em dois hemisférios: HEMISFÉRIO norte ou setentrional e hemisfério sul ou meridional. A partir da linha do equador podemos traçar outras linhas, paralelas a ela, até atingirmos os pólos. Essas linhas são chamadas paralelos; pela própria forma da esfera, elas não têm o mesmo tamanho. Vão diminuindo em extensão e nunca se encontram.
Além da linha do equador, somente outros quatro paralelos recebem nomes especiais: o trópico de Câncer, o trópico de  Capricórnio, o círculo polar ártico e o círculo polar antártico.

RESUMO

A localização espacial é possível utilizando-se um sistema formado por linhas imaginárias horizontais, os paralelos, e por linhas verticais, os meridianos. É preciso que a criança esteja na fase da descentração espacial, para compreender o referencial a partir de dois eixos. Os paralelos e os meridianos permitem conhecer as medidas de latitude e longitude. Essas medidas são consideradas a partir do paralelo 0°, a linha do equador e do meridiano inicial 0°, o meridiano de Greenwich. As medidas de latitude e longitude permitem localizar um ponto no mapa. São as coordenadas geográficas.
A linha do equador divide a Terra em dois hemisférios – Norte e Sul. O meridiano de Greenwich também divide em dois hemisférios – ocidental e oriental.

AULA 24 - MARCANDO AS HORAS NA TERRA

MARCANDO O TEMPO

Observando o caminho que o Sol traça no céu (já sabemos que é um caminho aparente), foi possível marcar os diferentes momentos do dia. O homem também se impressionou pela sombra projetada pela luz solar e por sua mudança ao longo do dia. Surgiu então uma idéia simples, a de utilizar uma vareta fincada verticalmente no solo, sob a luz solar, para observar a sombra projetada por ela no chão. Essa sombra varia e muda de posição ao longo do dia. Estava criado o que ficou conhecido como “relógio de sol”. O Brasil possui 4 fusos (-2h; -3h; -4h; -5h) a esquerda de Greenwich (0º)

AULA 25 - A GEOGRAFIA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Esses conceitos precisam ser explicados e entendidos para não se cair no erro de decorá-los. São eles:  

RELEVO TERRESTRE – são todas as deformações da crosta terrestre.

FORMAÇÃO DO RELEVO – a Terra ainda é um planeta muito jovem (aproximadamente 4 bilhões de anos) e por isso está sujeito a pressões provenientes de sua parte central, ainda com temperaturas muito elevadas. Isso provoca os abalos sísmicos (terremotos e maremotos), vulcões e enrugamentos (dobramentos e falhamentos) encontrados na superfície da Terra.

MONTANHAS – são dobramentos da crosta, podendo chegar a grandes altitudes, geralmente de formação recente. Como estão dispostas em grandes extensões, podem formar cadeias, onde se encontram picos, serras e maciços.   Alguns exemplos de montanhas: a cadeia dos Andes, na América do Sul; a cadeia dos Alpes, na Europa; a cadeia do Himalaia, na Ásia. Esse tipo de formação (cadeia) não é encontrado no Brasil.

PLANALTO – área em processo de erosão; são terrenos antigos que estão sendo desgastados, não importando sua altitude.

PLANÍCIE – área em processo de formação; geralmente são terrenos novos, em sedimentação (deposição de material), sem que importe a altitude.

RIO – uma corrente de água.

AFLUENTE – uma corrente de água que termina em um rio ou lago.

FOZ – local onde o rio despeja suas águas.

NASCENTE – local de surgimento da corrente de água.

RESUMO

Nos primeiros séculos da História do Brasil, a Educação não privilegiou a formação de cidadãos. Por isso, a leitura era vista como um simples mecanismo. Foram necessários muitos anos para que essa mentalidade mudasse e se passasse a investir mais na leitura crítica e consciente. A Literatura pode e deve ser aproveitada para estudo de todas as disciplinas, inclusive a Geografia. No livro escolhido pôde-se estudar: relações espaciais, movimentos da Terra, orientação, acidentes geográficos, espaço urbano e rural, êxodo rural (com causas e conseqüências), meios de transporte, clima e solo, além de valores éticos e morais. Essa metodologia permite fazer um estudo de Geografia mais agradável, prático e sem necessidade de decorar.





AULA 26 - DESENVOLVENDO PROJETOS EM SALA DE AULA A PARTIR DOS TEMAS TRANSVERSAIS DOS PCN

OS PCN E OS TEMAS TRANSVERSAIS

A perspectiva adotada pelos PCN na proposição dos temas transversais é a da valorização da democracia e a construção da cidadania. Isso se traduz, nos termos colocados pelos PCN, da seguinte forma:

Eleger a cidadania como eixo vertebrador da educação escolar implica colocar-se explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, comprometendo-se com as perspectivas e decisões que os favoreçam. Isso refere-se a valores, mas também a conhecimentos que permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva. De acordo com os PCN, os princípios de cidadania que devem ser valorizados como norteadores da educação escolar são:

– Dignidade da pessoa humana
– Igualdade de direitos
– Participação
– Co-responsabilidade pela vida social

Os temas transversais, propriamente ditos, sugeridos pelos PCN são:

– Ética
– Pluralidade cultural
– Meio ambiente
– Orientação sexual
– Saúde
– Temas locais

 A seleção destes temas orientou-se nos princípios norteadores da democracia e da construção da cidadania. Tal escolha pautou-se nos seguintes aspectos:

• Urgência social
• Abrangência nacional
• Possibilidade de ensino e aprendizagem no Ensino Fundamental
• Favorecimento à compreensão da realidade e a participação Social

OS TEMAS TRANSVERSAIS

Ética

Ética, como bem colocam os PCN, diz respeito à conduta humana, à maneira com que um sujeito age perante o outro –  o que remete à questão dos valores que cada sujeito possui e à manifestação desses valores na relação com o outro. A justiça é a questão fundamental da ética e deve estar baseada em relações de igualdade entre os homens. Os PCN afirmam que, no ambiente escolar, o tema da ética encontra-se, em primeiro lugar, nas relações entre pais, alunos, professores e funcionários – agentes que constituem a instituição escolar – estando presente, também, em cada disciplina, uma vez que o saber não é neutro, mas permeado de valores. A questão ética encontra-se ainda nos outros temas transversais, já que esses, a exemplo das disciplinas, também são atravessados por valores e normas. A proposta básica do tema é o desenvolvimento de uma autonomia moral no aluno – condição necessária para uma refl exão ética. O tema da ética liga-se profundamente aos três aspectos que estamos buscando valorizar em nosso curso: a consciência do mundo, a consciência de si e a consciência do outro. Os princípios éticos passam tanto pela relação do homem com o meio em que vive como também com as pessoas de seu convívio social e, por conseguinte, com sua própria pessoa, conquanto o ato de agir perante o outro requer uma reflexão acerca de si mesmo.

Pluralidade cultural

O respeito à diferença é premissa da sociedade democrática. O tema pluralidade cultural visa a tratar exatamente esse aspecto. O ângulo central a ser explorado é a valorização da diferença e, completamos, do direito de ser diferente, assim como o respeito à diferença.

Meio ambiente

O pressuposto dos PCN quanto à questão do meio ambiente é de que a vida na Terra ocorre de forma entrelaçada, em que cada ser possui um ponto de ligação com o outro. Partindo dessa premissa, podemos afirmar, em primeiro lugar, que a questão do meio ambiente permite uma reflexão global sobre o Homem, a Natureza e os desdobramentos dessa relação. Com o tema do meio ambiente pode-se trabalhar a idéia de consciência do mundo. O ponto inicial é que nós somos parte do mundo. Infelizmente, por conta dos valores e princípios da sociedade moderna, há uma tendência a ver o Homem como algo à parte da Natureza. O Homem, na sociedade moderna, é, ele próprio, senhor da Natureza, e almeja, em seus atos, dominá-la. Ele a conquista à medida que se apropria fisicamente de uma área ou elemento natural. Mas o domínio da Natureza tem seus limites.

Saúde

A saúde é um aspecto fundamental da existência humana. Viver em plena saúde não é apenas um direito fundamental de todo e qualquer ser humano, mas um indispensável indicador das condições gerais de vida de um dado grupo social. Se a saúde de uma população não vai bem, é porque algum problema gerou isso. Daí o tema saúde ligar-se tão intimamente com questões como o meio ambiente, condições socioeconômicas e até mesmo características culturais, visto que determinados hábitos culturais podem interferir nas condições de saúde.

Temas locais

Os temas locais são sugeridos como uma maneira de aproximar a realidade vivida pelo aluno das questões tratadas em sala de aula. O termo local, no entanto, pode assumir não apenas a dimensão espacial propriamente dita, ou seja, da localidade onde a escola está, mas também a dimensão de familiaridade com o cotidiano dos alunos, como, por exemplo, o serviço de transporte na cidade, a economia local, o trabalho dos pais etc. O mais importante é que tais temas possuam relevância no contexto sociocultural dos alunos.

CONCLUSÃO

Em que medida e de que maneira os temas transversais possuem ligação com a Geografia que se ensina em sala de aula? Essa é uma pergunta fundamental, em se tratando de nosso curso. Como havíamos mencionado logo no começo desta aula, a proposta aqui é identificar traços que possuem alguma correspondência com a Geografia. Em certo sentido, buscamos fazer isso já na apresentação dos temas transversais.

RESUMO

Nesta aula, tomamos contato com os temas transversais sugeridos pelos PCN. Vimos que o tema ética liga-se à relação com o outro e à nossa conduta. O tema pluralidade cultural, por sua vez, diz respeito à necessidade de se valorizar as diferenças, particularmente em função de uma diversidade cultural tão vasta como a do Brasil, que sofreu variadas influências em seu processo de formação sócio-histórica. Outro tema é o meio ambiente, que trata de questões ligadas às relações que o Homem estabelece com a Natureza, e seus desdobramentos. O tema saúde também foi apresentado. Ele permite uma correlação entre a busca por uma vida saudável e a relação que o Homem vem tendo com a própria Natureza. Assim, nesse tema discutimos como saúde e meio ambiente estão próximos. Por fim, apresentamos os temas locais. Buscamos mostrar a necessidade de se articular o cotidiano do aluno com o ensino em sala de aula.


AULA 27 – ENCAMINHAMENTOS INTERDISCIPLINARES A PARTIR DOS PCN – 1º CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

EIXOS TEMÁTICOS

Os temas transversais são aqueles que, dada a sua amplitude, não se encaixam em apenas uma área do conhecimento, devendo sua discussão envolver a contribuição de diferentes áreas. Mas, como sugerem os PCN, a maneira com que cada temática será abordada dependerá da abrangência de cada disciplina. Assim sendo, (...) É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção dos Temas Transversais nas diferentes áreas (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física) não é uniforme, uma vez que é preciso respeitar as singularidades tanto dos diferentes temas quanto das áreas. Existem afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas, como é o caso de Ciências Naturais e Saúde ou entre História, Geografia e Pluralidade Cultural, em que a transversalidade é fácil e claramente identificável. Não considerar essas especificidades seria cair num formalismo mecânico (BRASIL. MEC, 1997 (c), p. 38).

O primeiro desses eixos é o tema ética e pluralidade cultural. O elemento norteador deste eixo é a questão do outro. O outro, como apontamos na Aula 9, é uma das bases do tripé consciência do mundo, consciência de si e consciência do outro. Outro eixo diz respeito aos temas locais. Por fim, apresentamos o eixo meio ambiente e saúde.

OS EIXOS TEMÁTICOS SUGERIDOS

Ética e pluralidade cultural: o reconhecimento do outro

A idéia do reconhecimento do outro, apontada na Aula 9 – e que será trabalhada também na Aula 28 –, se coloca como uma questão chave a ser desenvolvida a partir das temáticas da ética e da pluralidade cultural. Ambas têm em comum a idéia do respeito ao outro na sua integridade, diversidade e singularidade. Ética: a ética diz respeito a como proceder diante do outro. Questões como o respeito à diferença e à valorização do direito de ser diferente são permeadas por elementos da Geografia. Conhecer diferentes culturas, seus hábitos e modos de vida, por exemplo, são questões trazidas pela Geografia que contribuirão para uma melhor compreensão de outras culturas por parte dos alunos.
Pluralidade cultural: de acordo com os PCN, o exercício da vida democrática em uma sociedade plural, como a brasileira, depende do respeito à diversidade.

Temas locais: a realidade concreta do aluno em sala de aula

A proposta de se trabalhar temas locais como tema transversal surge da necessidade em se dar resposta prática, em sala de aula, considerando a formação do aluno, a questões sociais que vêm se colocando na pauta do dia no Brasil e que ganham significados distintos e valorização diferenciada em cada localidade. Assim, por exemplo, o tema da fome, que recentemente ganhou um tratamento especial por meio de um programa governamental – o “Fome Zero” –, pode ser
percebido e vivido pelos alunos, levando em conta sua realidade, de maneira diferenciada daquela que é veiculada nos grandes meios de comunicação.

Meio ambiente e saúde

O eixo temático meio ambiente e saúde é um desdobramento possível da relação entre dois eixos propostos pelos PCN. A questão do meio ambiente coloca-se como uma necessidade de primeira ordem no que concerne à formação de cidadania do aluno, a correspondência com a saúde e, logo, com o seu próprio corpo, podendo possibilitar uma reflexão HOLÍSTICA sobre a Natureza e a necessidade de uma simbiose cada vez maior entre homem e meio ambiente.

TRABALHANDO OS EIXOS TEMÁTICOS EM SALA DE AULA

Ética e pluralidade cultural

Conforme é proposto nos PCN, o tema da ética diz respeito à maneira de proceder diante do outro. As orientações para o aluno devem se dar em torno do estabelecimento de princípios de conduta, segundo os quais a criança/cidadão deve nortear seu relacionamento com o outro. Pensar eticamente, neste sentido, diz respeito ao relacionamento com o outro, cuja questão central reside nos limites da ação de um em respeito aos desejos do outro e vice-versa. Com relação aos conteúdos a serem trabalhados, os PCN sugerem os seguintes:

• Respeito mútuo;
• Justiça;
• Diálogo;
• Solidariedade.

Quanto aos resultados esperados, os PCN sugerem que o aluno seja capaz de:

• Perceber e respeitar diferentes pontos de vista nas situações de convívio;
• Usar o diálogo como instrumento de comunicação na produção coletiva de idéias e na busca de solução de problemas;
• Buscar a justiça no enfrentamento das situações de conflito;
• Atuar de forma colaborativa nas relações pessoais, bem como sensibilizar-se por questões sociais que demandem
solidariedade;
• Conhecer os limites colocados pela escola e participar da construção coletiva de regras que organizem a vida do grupo;
• Participar de atividades em grupo com responsabilidade e colaboração;
• Reconhecer diferentes formas de discriminação e injustiça.

Esses temas e os resultados esperados ligam-se, em certa medida, a questões diretamente associadas ao respeito e à valorização da pluralidade cultural.

Temas locais

Os temas locais devem ser trabalhados a partir de questões que estejam ligadas ao dia-a-dia dos alunos ou que, pelo menos, estejam inseridas em sua realidade. Tais propostas são decorrentes da necessidade de aproximação da realidade local ao que é ensinado em sala de aula, visando a estimular o aluno a pensar sua realidade, tendo por base as referências teóricas e instrumentais aprendidas em sala de aula.

Meio ambiente e saúde

Meio ambiente e saúde, como falamos anteriormente, são temas que se articulam diretamente. Não se pode pensar em uma sociedade saudável sem que seu espaço seja igualmente saudável. Em outras palavras: não é possível haver uma sociedade plenamente salutar em um ambiente degradado e poluído. Cabe ressaltar que a questão do meio ambiente não se liga apenas à Natureza propriamente dita. Liga-se, como estamos buscando demonstrar, à forma pela qual a Natureza é vista. Conceber novas formas de olhar a Natureza é fundamental.






RESUMO

Nesta aula, abordamos os temas transversais apresentados na Aula 28 sob a forma de eixos temáticos. Nossa proposta foi facilitar a compreensão dos temas transversais a partir de sua abordagem prática em sala de aula. Os eixos temáticos
apresentados foram: ética e pluralidade cultural, temas locais e meio ambiente e saúde.

O eixo ética e pluralidade cultural se aproxima de uma discussão sobre o respeito ao outro, que, no limite, refere-se ao direito, respeito e valorização da diferença. O eixo temas locais indica a necessidade de se trabalhar tais temas pela articulação com o que há para além da localidade. Já o eixo meio ambiente e saúde apresenta-se como aquele que se propõe a discutir a relação entre a preservação da Natureza e a nossa saúde.


Aula 28 - O ensino e a aprendizagem em Geografia. Mais algumas palavras sobre o papel da Geografia na ampliação do espaço-tempo dos alunos

GEOGRAFIA – QUANDO NOSSO COTIDIANO GANHA UM NOVO OLHAR

A leitura geográfica do mundo nos permite vê-lo com outros olhos. Ao tomarmos contato com os instrumentos analíticos da Geografia, podemos perceber elementos e interligações que, a princípio, não se mostravam de forma clara na paisagem. Ela se apresenta aos olhos do observador, munido de elementos analíticos da Geografia, perceptíveis, primeiramente, através de outros sentidos e referências, como o movimento das pessoas, as manifestações socioculturais que lhe dão sentido etc.


AFINAL, DE QUE SE TRATA E QUAL A IMPORTÂNCIA DA AMPLIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE ESPAÇO-TEMPO
DO SUJEITO?

Quando nos referimos ao espaço-tempo social, estamos tratando especificamente das condições que permeiam as práticas sociais e vivências de um determinado grupo social. As condições de vida e as possibilidades de acesso a bens culturais, informação, novos lugares etc. são aspectos que devem ser avaliados entre os alunos de uma turma.

UTILIZANDO A GEOGRAFIA EM SALA DE AULA COMO INSTRUMENTO DE AMPLIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE ESPAÇO-TEMPO

No nosso entender, a Geografia em sala de aula, para as séries iniciais do Ensino Fundamental, pode cumprir os seguintes papéis, no que se refere à ampliação do espaço-tempo da criança:
– permitir o conhecimento ampliado da cidade em que vive e, com isso, a apropriação de seus espaços;
– estabelecer relações entre os lugares e, assim, ampliar o campo de percepção quanto ao papel que cada lugar possui e, ao mesmo tempo, reconhecer as singularidades de sua cidade, valorizando-a;
– permitir o reconhecimento do outro como sujeito singular, para poder valorizar e exercitar o direito à diferença;
– inserir as crianças em novos universos culturais e novas redes sociais, a partir de atividades que estimulem o contato com a comunidade do entorno e outras distantes.

CIRCULAÇÃO E APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS DA CIDADE

Um dos aspectos mais importantes, no que se refere à ampliação do espaço-tempo, é a percepção do grau de apropriação da cidade pelas crianças. Verificar os espaços que elas freqüentam e circulam é o primeiro passo.
Essas referências são importantes para:

– identificar os espaços de circulação de cada aluno ao longo da semana;
– qualificar esses espaços de circulação, ou seja, verificar o tipo de espaço freqüentado pela criança (espaços de comércio, espaços familiares, espaços culturais etc.);
– comparar os diferentes graus de circulação e apropriação dos espaços da cidade por cada criança;
– verificar, por meio da quantidade e tipo de lugares freqüentados, o grau de percepção do espaço da cidade (se limitado, ou seja, restrito a uma área específica da cidade; se amplo, ou seja, que possa, inclusive, extrapolar o próprio espaço).

A partir do que foi colocado até então, apresentamos uma proposta de como realizar uma atividade em sala de aula:

– reproduza, em larga escala e de maneira simples (com os principais locais e bairros, de modo a contemplar todos
os alunos), um mapa da cidade;
– peça às crianças que desenhem casas e recortem-nas, de modo que possam ser coladas no mapa em suas respectivas localidades;
– solicite que cada aluno, com um traço diferente (marcação com hidrocor em diversos formatos), marque no mapa o
caminho de casa à escola;
– em seguida, peça aos alunos que assinalem, de forma personalizada (com letras ou nomes), os lugares que freqüentaram naquela semana.

RESUMO

A ampliação do espaço-tempo é de fundamental importância para que o indivíduo conquiste autonomia. A Geografia pode ser um importante instrumento para isso, na medida em que seus temas são valorizados e direcionados para uma compreensão do mundo em que se vive e de como isso pode se materializar na nossa vida cotidiana. O reconhecimento da Geografia como instrumento possível de ampliação da experiência de espaço-tempo dos alunos é um passo importante para que o professor, ciente dessa questão, possa, gradativamente, ir convencendo a escola de seu papel perante a formação de muitos e muitos alunos.


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